domingo, 12 de janeiro de 2014

Jovens católicos ucranianos na linha de frente contra a “nova-URSS” de Putin

George Weigel
O historiador católico George Weigel dispensa apresentação tal é a notoriedade de seu nome nos EUA e na Europa Central.

Reproduzimos a continuação alguns excertos de seu artigo “O drama da Ucrânia” publicado no site Aleteia de candente atualidade.


O drama da Ucrânia

Uma Ucrânia integrada à Europa limita o revanchismo russo, alivia a pressão russa sobre a Polônia e os países bálticos e garante a não reconstituição “de facto” da União Soviética

Em 1984, a Igreja Greco-Católica Ucraniana (IGCU) [N.R.: fiel a Roma] era não apenas a maior das Igrejas orientais católicas, mas também o maior corpo religioso do mundo a viver sob um regime de proscrição e perseguição.

Proibida na União Soviética pelo infame acordo de Lviv de 1946 [N.R.: imposição soviética que confirmou a anexao da Ucrânia pela URSS], uma farsa orquestrada pela polícia secreta soviética, a IGCU tinha conseguido manter a sua vida eclesial apesar das circunstâncias draconianas.


A maioria dos seus bispos e do clero foi deportada para gulags; os seminários e a vida litúrgica da Igreja continuaram clandestinamente, muitas vezes escondidos em florestas.

Entretanto, o líder da IGCU, cardeal Josyf Slipyj, nunca abandonou a esperança em um futuro diferente.

O Cardeal Slipyj durante historica visita ao Brasil.
A seu lado o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na sede da TFP
Durante o exílio romano, Slipyj lançou as bases para a Universidade Católica Ucraniana (UCU), em Lviv, a única instituição católica de ensino superior na ex-URSS.

Nos últimos quinze anos, eu dei aulas para estudantes e pós-graduandos da UCU na série de conferências Tertio Millennio.

Eu vi, ao longo desse tempo, a autoconfiança, a maturidade intelectual e o compromisso deles com a construção de um futuro decente para o seu país.

Em julho passado, tive a honra de fazer o discurso de formatura na UCU, onde falei dos mártires da Ucrânia do século XX como a base sobre a qual uma Ucrânia livre e virtuosa poderia ser construída no século XXI.

Menos de cinco meses depois, alguns dos graduandos para quem eu tinha discursado, e alguns dos alunos com quem eu tinha discutido as bases morais e culturais da democracia durante um seminário de filosofia na véspera do discurso, estavam na linha de frente de uma onda massiva de protestos públicos na Ucrânia.

Os protestos foram iniciados quando o governo corrupto do presidente Viktor Yanukovich interrompeu abruptamente as negociações com a União Europeia sobre a eventual entrada da Ucrânia no bloco.

A sociedade civil ucraniana foi praticamente destruída pelo comunismo.

Os protestos ucranianos dos últimos dois meses testemunham o renascimento espontâneo da sociedade civil, liderado em grande parte por jovens sem memória do comunismo, que sabem que as atuais condições morais e culturais do seu país são intoleráveis – sem falar da economia em frangalhos e da política abominável.

Entre os líderes desses jovens que lutam por democracia e desses ativistas dos direitos humanos há graduados e estudantes da UCU, que aprenderam sobre a sua própria dignidade como homens, mulheres e cidadãos em uma universidade que leva a formação do caráter tão a sério quanto a formação intelectual.

Putin, o ambíguo: diz defender valores cristãos
mas manda reprimir aos católicos ucranianos
Vladimir Putin entende muito bem a grande importância estratégica do futuro da Ucrânia, mas muitos norte-americanos, incluindo o governo, não.

Uma Ucrânia integrada à Europa limita o revanchismo russo, alivia a pressão russa sobre a Polônia e os países bálticos e garante a não reconstituição “de facto” da União Soviética.

Uma futura liderança russa, percebendo que o jogo revanchista de Putin não vingou, poderia parar de dar de ombros ao mundo e voltar-se aos grandes problemas internos da Rússia.

Há muita coisa em jogo na Ucrânia, geopoliticamente.

E há muita coisa em jogo também moralmente.

O levantamento popular ucraniano do final de 2013 não foi motivado por uma sede insaciável da decadência ocidental.

Foi motivada por um profundo anseio de verdade, justiça e decência elementar na vida pública.

A Igreja Greco-Católica Ucraniana está totalmente envolvida na briga pelo futuro moral da Ucrânia.

Essa brava Igreja merece a solidariedade dos católicos do mundo inteiro.

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2 comentários:

  1. Que o povo ucraniano foi perseguido, torturado e massacrado pelo comunismo, não resta dúvida. Que o cristianismo foi tremendamente caçado neste país, também não há equívoco. Contudo, é nosso dever separar as épocas. Nos tempos de Stalin, não existia a famigerada União Europeia, uma espécie reedição da antiga URSS, desta vez com forte acento gramscista e da Escola de Frankfurt. De democrática essa União Europeia não tem nada.
    Sejamos claros: a massa ucraniana está nas ruas protestando para trocar de ditadura. Saturados dos mandos e desmandos dos mafiocratas de Moscou, agora querem se submeter aos ateus, abortistas e gayzistas de Bruxelas, Berlin, Paris e Londres. Creio firmemente que estamos testemunhando uma luta entre duas forças globalistas que lutam para tomar a Ucrânia: os socialistas fabianos da Europa e EUA x eurasianos da tal “Nova Rússia”.
    Sinceramente, fico surpreso como ainda existem pessoas que acreditam que os EUA e Europa são democráticos. Em verdade são oclocracias, as quais através de um indiferentismo cínico patrocinam o programa anticristão do globalismo. Tanto o governo dos EUA como a União Europeia almejam a unidade universal do gênero humano, um ideal típico e histórico das sociedades secreto/discretas que verdadeiramente mandam nestas regiões.
    Ou seja, tanto para Moscou como para Washington, ou melhor para quem os controla, o cristianismo necessariamente precisa perecer.

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  2. Concordo em partes com o Cássio,

    Porque muito embora a UE tenha sido projetada para servir aos interesses de certa esquerda fabiana globalista, o que se vê agora é o feitiço virando contra o feiticeiro. Os conservadores são hoje a maioria no parlamento europeu e conseguiram, por exemplo, derrotar o Relatório Estrela, que pretendia impor a ideologia de gênero em todo o continente. E o povo do leste europeu é muito mais conservador e cristão ainda, então, quanto mais países do leste de juntarem à UE, mais à direita estará o parlamento.

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