quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Guerra Mundial: “sim, pode acontecer de novo”,
diz editorialista

Coluna de blindados russos rumo à Ucrânia
Coluna de tanques russos rumo à Ucrânia
Roger Cohen, editorialista do influente “The New York Times” abordou um problema de tirar o sono dos observadores mais atentos e influentes.

Pode estar acontecendo o início da Terceira Guerra Mundial?

Cohen é cauteloso. Ele observa a deformação psicológica inoculada nos ocidentais pelo excesso de otimismo das últimas décadas.

Ele compara e constata que antes da I Guerra Mundial a Europa e o mundo civilizado nadavam em análogo otimismo.

Nunca a Europa tinha vivido um tempo tão longo e tão pacífico como o da Belle Époque que culminou no malfadado 1914.


Acreditava-se que o enriquecimento dos países e a multiplicação dos intercâmbios comerciais afastavam a hipótese de um conflito geral. Afinal, a guerra destruiria a prosperidade de todos, e portanto ninguém a quereria.

Pregava-se que a humanidade caminhava para uma reconciliação universal, que eventuais atritos ficariam restringidos no espaço e se resolveriam com tratados diplomáticos e/ou comerciais.

Mas, diz Cohen pensando naquele ano, “o inimaginável pode acontecer”. E acrescenta que quase aconteceu por ocasião da anexação da Crimeia pela Rússia.

Também pareceu que o inimaginável nunca aconteceria quando o jovem nacionalista servo Gavrilo Princip, em 28 de junho de 1914, assassinou o herdeiro da Coroa Austro-Húngara em Sarajevo.

Cruzes de túmulos de soldados alemães no Cemitério Militar de Hooglede
Cruzes de túmulos de soldados alemães no Cemitério Militar de Hooglede
Tudo fazia crer que o crime se resolveria em nível local. Mas os eventos se sucederam em cascata.

Em quatro anos, os grandes impérios centrais tinham ruído, milhões de homens perecido nas trincheiras, e a Europa jazia em meio a destroços fumegantes.

Hoje Vladimir Putin encarna o fervor nacionalista que serviu de faísca em 1914. E a violência do separatismo ucraniano alimentado por Moscou mostra a periculosidade do independentismo nacionalista ateado pelo chefe do Kremlin.

Cohen não é católico ou se é não o diz, mas a I Guerra Mundial inaugurou o ciclo de catástrofes para o qual Nossa Senhora veio advertir o mundo caso este não fizesse penitência e renunciasse aos maus costumes.

A Santíssima Virgem não foi ouvida. Como consequência, a Rússia espalhou seus erros por todo o mundo, desencadeou a II Guerra Mundial aliada à Alemanha nacionalista de Hitler, e agora parece estar soprando um incêndio universal a partir da Ucrânia.

Cohen, porém, acha possível que a agressão russa à Ucrânia se estenda a nações vizinhas como a Polônia e os Países Bálticos. A NATO teria que despachar tropas e jatos de guerra, cuja contrapartida seria um acirramento da belicosidade russa.

A Polônia se prepara para o pior. Parada militar em Varsovia, agosto 2014.
A Polônia prepara-se para o pior. Parada militar em Varsóvia, agosto 2014.
As peças do dominó estão dispostas para irem derrubando umas às outras em série e nem os EUA ficariam imunes.

E Cohen sublinha: “o inimaginável pode acontecer. Aliás, quase aconteceu agora na Criméia”.

No Pacífico os atritos entre a China e o Japão raspam no conflito. Um ultimato pode acontecer. Na fronteira da Estônia a Rússia concentra quantidades anormais de tropa.

Uma faísca, uma advertência mal ouvida por alguma das partes e a Terceira Guerra Mundial começa, observa Cohen.

Certamente pode não acontecer. Mas paz não é igual a pacifismo. Se os campos europeus estão semeados de caveiras é porque o continente olhou para a guerra com repulsa e achou que ela nunca aconteceria.

O sistema internacional não só parece especialmente estável como menos previsível que em 1914.

Paraquedistas poloneses, americanos e canadenses treinam na Polônia com os olhos postos na Ucrânia
Paraquedistas poloneses, americanos e canadenses treinam na Polônia com os olhos postos na Ucrânia
O pacifismo europeu não tem contrapartida em Moscou ou Pequim. Menos ainda nas potências islâmicas.

Obama exibe preocupante fraqueza. Os EUA acreditam, em sua enorme superioridade material militar, mas não exibem a determinação de usá-la que tinham outrora.

A Rússia viola os tratados e Obama fica em lamentações verbais. Seu otimismo parece invencível, como invencível parecia o otimismo de 1914 que precedeu a I Guerra Mundial e a seu desdobramento posterior que foi a II Guerra Mundial que acabou s na carnificina de Stalingrado e as explosões nucleares de Hiroshima e Nagasaki.

Um realismo bem colado na realidade, que alguns podem confundir com pessimismo, talvez teria sido melhor para a paz e a sobrevivência de milhões de homens.


2 comentários:

  1. Este artigo está cheio de erros, a começar pela foto dos tanques, onde se diz "Coluna de tanques russos rumo à Ucrânia". As explosões de Hiroshima e Nagasaki não foram em 1914 e nem tampouco a Batalha de Stalingrado. Favor corrigir os dados.

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    1. Acreditamos que o autor pode ter julgado que todos os leitores conhecem bem a história e a continuidade entre as guerras mundiais. Agradecemos a observação e acrescentamos uma correção para dissipar o malentendido.
      Quanto à foto dos tanques, ela teve larga difusão com a explicação reproduzida. Se a informação original estiver errada não haverá dificuldade em substituí-la posta a exuberância da documentação gráfica da invasão russa.

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