domingo, 24 de maio de 2015

O SIM ao passado soviético
no cerne do pesadelo russo

Kharkiv: derrubada da estátua de Lenin,
uma das maiores do mundo.



A Ucrânia rompeu oficialmente com seu passado soviético adotando leis históricas para “des-sovietizar” o país.

A decisão foi saudada na ex-república da falida URSS, mas exacerbou as tensões com os separatistas pró-russos e encolerizou o Kremlin, informou El País, de Madri.

Os deputados ucranianos aprovaram, sem necessidade de grande debate, o conjunto de medidas legais visando apagar os estigmas de uma era de opróbrio e opressão.

As novas leis põem em pé de igualdade os regimes soviético e nazista. Também proíbem qualquer “negação pública” de seu “caráter criminoso”, bem como a “produção” e “utilização pública” de seus símbolos.

Notadamente o hino soviético, as bandeiras e os escudos da União Soviética e da República Socialista Soviética da Ucrânia, além do execrado símbolo da foice e martelo.

Para muitos, a proibição dos símbolos soviéticos deveria ter sido adotada há 25 anos, logo após a independência da URSS em 1991, como fizeram os países bálticos e a Polônia.

Deverão ser removidos na Ucrânia incontáveis monumentos erigidos à glória dos responsáveis soviéticos e numerosas estátuas de Lênin que o povo ainda não derrubou. Localidades, ruas ou empresas cujos nomes evocam o comunismo receberão outro nome.



Em caso de desrespeito a essas leis, organizações, partidos ou órgãos da mídia ficarão proibidos e os responsáveis poderão ganhar até 10 anos de prisão.

O Estado “realizará investigações e publicará informação sobre os delitos cometidos pelos representantes desses regimes totalitários, diz a nota explicativa da lei, reproduzida pelo serviço ZN.ua.

Símbolos da opressão soviética serão suprimidos
nos locais públicos da Ucrânia
Para Vadim Karassiov, diretor do Instituto de Estratégias Globais de Kiev, as leis visam responder “à campanha de propaganda do Kremlin”, que rotula as autoridades ucranianas de “fascistas”.

Em sentido contrário, o analista político Volodymyr Fessenko diz que a lei “é radical demais. (...) Contém muitos excessos” que podem exacerbar as tensões nas áreas ocupadas pelos pró-russos, que têm forte nostalgia da URSS.

As leis também concedem estatuto de “combatentes pela independência da Ucrânia” aos ucranianos que lutaram contra a URSS.

O caso mais polêmico é o do Exército Insurrecto Ucraniano (UPA), que enfrentou o Exército Vermelho. Ele é muito considerado na Ucrânia ocidental, mas detestado pelos saudosistas da ditadura stalinista.

A Rússia reagiu como se tivessem tocado numa chaga que ainda sangra.

“Kiev está a utilizar métodos verdadeiramente totalitários que atentam contra a liberdade de pensamento, de opinião e de consciência”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, segundo Diário Digital.

Tendência oposta na Rússia de Putin: Restaurar o culto de Lenin e Stalin. 145º aniversário de nascimento de Lenin comemorado perto de São Petersburgo.
Tendência oposta na Rússia de Putin:
Restaurar o culto de Lenine e Stalin.
145º aniversário de nascimento de Lenin
comemorado perto de São Petersburgo.
“Ao colocar ao mesmo nível os agressores fascistas e os soldados que lutaram contra o fascismo (...), as autoridades ucranianas traem milhões de veteranos” e “tentam apagar da memória coletiva milhões de ucranianos”. O ministério moscovita age como se a Ucrânia ainda fosse uma província e não um país independente.

Segundo Moscou, as leis adotadas pelo Parlamento ucraniano ameaçam “o próprio desenvolvimento da Ucrânia como Estado”, repisando a velha teoria de que a Ucrânia não está em condições de ser um Estado livre, e que portanto a invasão russa seria “natural”.

A reação zangada do governo de Putin patenteou o problema que está no cerne da questão do Kremlin e que é a causa de suas agressões aos vizinhos ex-escravos: restaurar o regime soviético, sim ou não?

O presidente Putin escolheu fórmulas astuciosas para defender sua opção radical: SIM ao sistema dos bolcheviques, porém com alguma maquiagem para não assustar os ingênuos do Ocidente, seus futuros escravos.


Populares não aguardam a aplicação da lei, e em Kharkiv, perto da fronteira russa, já vão derrubando os odiados símbolos da tirania russo soviética,





A Ucrânia repudia os símbolos de um passado sinistro. Mas na região ocupada pela Rússia erguem-se de novo esses símbolos:






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