domingo, 4 de dezembro de 2016

Rússia foge do Tribunal Penal Internacional
e reforça pesadas suspeitas

Tropas georgianas deixam Gorid diante de esmagadora superioridade do agressor russo
Tropas georgianas deixam Gorid diante de esmagadora superioridade do agressor russo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Vladimir Putin assinou decreto pelo qual a Rússia deixa de fazer parte do Tribunal Penal Internacional (TPI), noticiou “El Mundo” de Madri.

O TPI é responsável por julgar acusações graves como genocídio e crimes contra a humanidade. Putin sente sobre seu governo e o país que tiraniza pesarem graves culpas e foge da Justiça internacional desconhecendo seus tribunais.

O diktat de Putin saiu logo após a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Geral da ONU aprovar resolução condenando a “ocupação temporária da Crimeia” pela Rússia e condenando a Rússia por abusos de direitos como a discriminação contra alguns criminosos.

domingo, 20 de novembro de 2016

Putin nacionalista
chora a velha URSS internacionalista

Putin, Lenin, Engels, Marx: a continuidade em metamorfose
Putin, Lenin, Engels, Marx: a continuidade em metamorfose
Luis Dufaur
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O presidente russo Vladimir Putin deplorou mais uma vez a desintegração da União Soviética, segundo informou sua agência Sputnik.

Para ele o fim da URSS não era necessário e censurou que no Partido Comunista da época tivessem sido promovidas “ideias destruidoras para o país”.

De fato, o secretário-geral do Partido Comunista da URSS, Mikhail Gorbachev, promoveu uma política que ele condensou na palavra “perestroika” (literalmente “reconstrução” ou “reestruturação”) que deveria ser aplicada por uma política denominada “glasnost” (literalmente “transparência”).

Segundo essa política a velha União Soviética de Lenine e Stalin deveria dar lugar a mais um passo na avançada rumo à utopia comunista total sonhada por Marx.

Porém, os comunistas que queriam preservar o antigo regime staliniano acastelados nas Forças Armadas e na KGB opuseram ferrenha resistência à nova versão do comunismo.

O resultado foi que a União Soviética colapsou e que o “comunismo novo” autogestionário de Gorbachev não chegou a ser instaurado.

“Sabem que atitude tenho em relação ao colapso da União Soviética”, explicou o senhor todo-poderoso do Kremlin. “Ele não era necessário. Era possível ter realizado reformas, inclusive democráticas, sem isso [o colapso]”, disse Putin no encontro com os líderes dos principais partidos políticos.

domingo, 13 de novembro de 2016

Rússia age como “país fora da lei”
e preocupa mais que a URSS

Fumegando para valer, com atraso inexplicado, o geriátrico porta-aviões único russo Almirante Kuznetsov chegou perto da Síria. Seus armamentos e tecnologia não preocupam. Mas sim o perigo de uma guerra nuclear-chantagem para obter concessões assustadoras.
Fumegando para valer, com atraso inexplicado,
o geriátrico porta-aviões único russo Almirante Kuznetsov chegou perto da Síria.
Seus armamentos e tecnologia não preocupam.
Mas sim o perigo de uma guerra nuclear-chantagem para obter concessões assustadoras.
Luis Dufaur
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A Rússia de Vladimir Putin é mais preocupante que a antiga União Soviética em temas como o emprego de armas nucleares, declarou o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, segundo noticiou a UOL.

A preocupação foi externada durante uma visita à base de mísseis nucleares intercontinentais de Minot, em Dakota do Sul (centro-norte dos EUA).

O chefe do Pentágono criticou a “gesticulação nuclear” da Rússia de hoje e seus investimentos em “novas armas” atômicas.

E aumentou a apreensão existente diante do aparente descontrole verbal em que caem com relativa frequência os líderes do Kremlin:

“Pode-se perguntar se os dirigentes russos da atualidade conservam aquela grande capacidade de contenção que tinham na época da Guerra Fria na hora de exibir suas armas nucleares”, afirmou.

Hoje, “a utilização mais provável da arma nuclear já não é a guerra total”, como se pretendia naqueles anos, explicou Carter.

Mas “um ataque terrível e sem precedentes, lançado por exemplo pela Rússia e pela Coreia do Norte para tentar forçar a um adversário mais poderoso em matéria de armamento convencional a abandonar um de seus aliados durante uma crise”, explicou Carter.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Fraude arrasa na Rússia mas macrocapitalismo midiático ocidental acaba aceitando – 2

A área vermelha do gráfico representa o tamanho estatístico da fraude em favor da Yedinaya Rossiya (Rússia Unida) o partido de Putin
A área vermelha do gráfico representa o tamanho estatístico da fraude
em favor da Yedinaya Rossiya (Rússia Unida) o partido de Putin
Luis Dufaur
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Continuação do post anterior: Tal como na velha URSS, a fraude eleitoral na “nova Rússia” – 1




A agência ucraniana Euromaidanpress foi estudar os resultados oficiais publicados na Internet pelo Comitê Eleitoral Central da Rússia.

E com simples métodos estatísticos aplicados pelo matemático russo Sergei Shpilkin logo constatou tratar-se de mais uma fraude eleitoral maciça.

Nem o Kremlin se preocupou em maquiar os resultados com números matematicamente congruentes.

Sem falsificações maciças, analisou Shpilkin, os partidos de oposição poderiam ter tirado 49,47% contra 40% da Rússia Unida de Putin. Porém, os resultados oficiais invertem os números e reduzem o conjunto da oposição a 37,09% contra 54,17% do partido do chefe do Kremlin.

domingo, 16 de outubro de 2016

Tal como na velha URSS:
a fraude eleitoral na “nova Rússia” – 1

Fraude estava arrumada há tempo
Fraude estava arrumada há tempo
Luis Dufaur
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Nunca as eleições para a Duma (Câmara baixa) da Rússia prometeram ser tão tediosas quanto as que acabaram se realizando no dia 18 de setembro, observou “El País” de Madri, jornal afim ao ideário socialista.

O resultado estava anunciado há tempos e foi atingido ao pé da letra: vitória arrasadora de Vladimir Putin.

As instituições do Estado estão tão debilitadas que já não dizem mais nada para os cidadãos. O sistema político evoca uma arcaica monocracia baseada na vontade discricionária do chefe absoluto, prosseguiu o jornal.

A população está achincalhada pela deterioração do nível de vida, da alta de preços de medicamentos, alimentos e tarifas dos serviços públicos, assim como dos abusos das autoridades locais.

O presidente-árbitro é o déspota que pode tudo. Exemplo patético disso foi dado pelo oligarca Vladimir Evtuchenkov, de quem foi tirada a florescente empresa petrolífera Bashneft devido às ambições de seus concorrentes, todos eles vassalos do chefe único.

Embora humilhado e despossuído, Evtuchenkov voltou para dar graças a Putin por livrá-lo do confinamento a que tinha sido submetido pelos órgãos de segurança dependentes do próprio Putin!

“Antes se dirigiam ao imperador (em busca de justiça), e agora nos dirigimos ao presidente”, explicou Evtuchenkov no canal de televisão Dozhd, citado pelo jornal espanhol.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Entramos em período mais perigoso que a Guerra Fria, diz ministro alemão

Airbus parado no terminal de Roissy Charles de Gaulle
Airbus parado no terminal de Roissy Charles de Gaulle
Luis Dufaur
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Há muitos anos fui dar num produtor caipira de mel. Ele tinha um gavião preso e como alimento lhe passava uns pardais vivos. Esses ficavam silenciosos e enregelados até o gavião acabar com eles.

Não gostei da cena e esqueci. Mas ela ressurgiu da minha memória quando li que o imenso aeroporto parisiense de Roissy-Charles-de-Gaulle ficou absolutamente paralisado durante uma hora no meio-dia da quinta-feira 6 de outubro enquanto um avião vindo da Rússia em missão de reconhecimento voava no espaço aéreo próximo. Nenhum avião civil decolou ou posou.

O avião russo fez um voo raríssimo, mas não ilegal, explicou o especialista francês Gérard Feldzer, segundo a TV francesa BFM.

Estava autorizado dentro dos termos do tratado “Open Skies” assinado em Helsinque em 1992 visando favorecer um clima de confiança recíproca na era de distensão inaugurada bastante ingenuamente após a queda da URSS.

domingo, 9 de outubro de 2016

“Nem a propaganda soviética era tão descarada
como a de agora”

Svetlana Aleksiévich recebendo o Premio Nobel.
Svetlana Aleksiévich recebendo o Premio Nobel.
Luis Dufaur
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A obra de Svetlana Alexievich, escritora bielorrussa de 68 anos que ganhou o Nobel de Literatura 2015, é considerada uma das chaves para entender a nova Rússia. Inclui livros como O Fim do Homem Soviético – Um Tempo de Desencanto e Vozes De Tchernóbil – A História Oral Do Desastre Nuclear.

Em Madri, ela concedeu uma entrevista ao jornal “El País”, respondendo com as perspectivas de futuro da nova Rússia.

Para ela, “é impossível prever. Não sabemos o que o caldeirão russo está cozinhando. Na Rússia, estamos revivendo a filosofia de uma fortaleza ameaçada, rodeada de inimigos e tomada pela histeria militarista de tempos passados.

“Todos os dias nos mostram na televisão o material militar adquirido: um novo navio de guerra, um novo avião, um novo tanque…

Existe uma propaganda muito agressiva contra Estados Unidos, Europa e Ucrânia. Há uma espiomania que está ressurgindo. É uma loucura.

“Nem a propaganda soviética era tão descarada como a de agora.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Bombardeiros russos dançam com a morte
nos céus da Europa

Um Tupolev Tu 160 escoltado por um jato francês.
Um Tupolev Tu 160 escoltado por um jato francês. Foto de arquivo.
Luis Dufaur
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O fato foi revelado posteriormente visando amortecer seu impacto previsível.

Em 22 de setembro, dos bombardeiros nucleares russos Tupolev TU-16 ingressaram no espaço aéreo europeu pelo norte da Noruega e chegaram até o largo de Bilbao, Espanha, antes de retornar a suas bases, noticiou “Le Figaro” de Paris.

A incursão teve um caráter provocatório e relembrou os piores momentos de tensão da Guerra Fria. Os bombardeiros foram sendo acompanhados por dez aviões de quatro países europeus: Noruega, Grã-Bretanha, França e Espanha.

Os intrusos não aceitavam comunicações nem contato algum. Os dois foram interceptados a uma centena de quilômetros da costa da Bretanha por caças Rafale franceses, segundo o site do ministério da Defesa em Paris.

Então, desviaram para a Espanha onde foram interceptados por caças bombardeiros F18. A dança da morte durou quatro horas.

domingo, 2 de outubro de 2016

Moscou finge eficácia, ajuda o Estado Islâmico
e tapeia com propaganda

Mohammed al-Adnani foi o principal porta-voz do Estado Islâmico
Mohammed al-Adnani foi o principal porta-voz do Estado Islâmico.
EUA silenciou, mas Rússia diz que feito foi dela.
Luis Dufaur
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Mohammed al-Adnani, o estrategista e segundo homem do Estado Islâmico, foi atingido por “um ataque de alta precisão” dos EUA.

Tratou-se de uma das maiores perdas sofridas até o presente pelo grupo, que reivindica a fidelidade ao pé da letra aos ensinamentos do Islã.

O próprio Estado Islâmico reconheceu a perda, também confirmada pelo porta-voz do Pentágono, Peter Cook, segundo noticiou “Le Nouvel Observateur” de Paris.

Porém, no dia seguinte, chegou uma declaração que seria histriônica se não fosse a tensão instalada entre Washington e Moscou: o Ministério de Defesa russo afirmou que a façanha devia ser atribuída a um de seus aviões.

Um porta-voz do Pentágono respondeu: “É uma piada. Seria risível, se nós esquecêssemos o tipo de campanha que os russos estão fazendo na Síria”.

domingo, 25 de setembro de 2016

A capitulacionista política vaticana de aproximação com o comunismo vista por um historiador

Prof. George Weigel: Ostpolitik de João XXIII, Paulo VI e do Cardeal Casaroli foi um fracasso
Prof. George Weigel: Ostpolitik de João XXIII, Paulo VI
e do Cardeal Casaroli foi um fracasso
Luis Dufaur
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A política de aproximação do Vaticano com o comunismo ou Ostpolitik, iniciada na década de 1960 sob o bafejo de João XXIII e Paulo VI, não só não deu os resultados esperados, mas se revelou desastrosa para os católicos sob a tirania marxista, escreveu George Weigel, pesquisador do Centro de Ética e Política Pública, de Washington. Seu artigo foi reproduzido no site da insuspeita Unisinos.

Segundo Weigel, a Ostpolitik chegou perto de destruir o catolicismo na Hungria, onde em meados da década de 1970 a chefia da Igreja estava sob as ordens do Partido Comunista. Este também estava no controle de fato do Colégio Húngaro, na própria Roma!

Na Tchecoslováquia, a Ostpolitik sacrificou ativistas católicos dos direitos humanos, nada fez por aquelas bravas almas católicas que resistiram ao regime, e fortaleceu um grupo de colaboradores clericais que serviam de fachada para o Partido Comunista e suas repressões.

Na Polônia, os diplomatas vaticanos tentaram continuamente deslocar os bispos que resistiam às propostas de colaboração com o marxismo.

Em Roma, a Ostpolitik favoreceu uma forte penetração das agências de inteligência secreta comunistas no Vaticano, incluindo a KGB, a Stasi (da Alemanha Oriental), a StB (da Checoslováquia), a SB (agência polonesa) e a AVH (húngara).

Observadores do Patriarcado de Moscou,
disfarçados agentes da KGB, chegam para vigiar
que o Vaticano II cumpra a promessa de não condenar o comunismo.
Durante o Concílio Vaticano II, Moscou obteve que aquela magna assembleia não proferisse condenação alguma dos erros comunistas, favorecendo a repressão dos católicos resistentes anticomunistas e a consolidação das ditaduras marxistas nos países oprimidos pelos seguidores de Lênin, Stalin e Mao Tsé-Tung.

Nos anos seguintes ao Concílio, agentes do bloco comunista operavam em instituições e na imprensa vaticanos, comprometendo as negociações tão valorizadas pelo Cardeal Casaroli e seus apoiadores. Homem-símbolo e grande artífice dessa funesta política, o cardeal chegou a ser nomeado Secretário de Estado.

Weigel considera que tudo isso está bem documentado, graças a materiais hoje disponíveis nos arquivos dos órgãos de segurança estatais geridos pelos regimes comunistas.

Congressos promovidos por pesquisadores acadêmicos vêm peneirando as provas e analisando os métodos empregados; livros foram publicados explorando esta história fascinante – para não dizer de sinistro mau gosto.

Não obstante, importantes diplomatas do Vaticano continuam a insistir, ainda hoje, que a Ostpolitik foi um sucesso – escreve Weigel. E um sucesso tão grande, que atualmente está servindo de modelo para a diplomacia vaticana do século XXI ao redor do mundo, especialmente com a “nova Rússia” de Vladimir Putin e a ditadura maoísta, que continua impertérrita em Pequim!

Hoje – segundo Weigel –, nenhum estudante sério que se debruce sobre este tema julga que a Ostpolitik foi um sucesso. Os que afirmam que ela foi um vento bem-sucedido são, ou deliberadamente ignorantes, ou obtusos e indispostos a aprender com o passado.

Quanto à “nova Ostpolitik”, onde estarão os seus exemplos de sucesso?

Na Síria, onde dezenas de milhares de pessoas morreram e uma crise de refugiados maciça emergiu desde que a Santa Sé montou uma campanha contra a intervenção militar ocidental para lidar com o ditador assassino Bashar al-Assad?

Weigel: reconfiguração sincera da Cúria Romana pede que a diplomacia vaticana comece reconhecendo que a Ostpolitik foi um fracasso
Weigel: reconfiguração sincera da Cúria Romana pede que a diplomacia vaticana
comece reconhecendo que a Ostpolitik foi um fracasso
Na Ucrânia, onde a Santa Sé ainda tem que descrever falsamente como “guerra civil” uma invasão russa brutal e cada vez mais letal, à parte oriental do país?

Em Cuba, onde a situação só piorou para os ativistas católicos dos direitos humanos após as visitas dos papas Bento XVI e Francisco?

Nos países bálticos, onde a intimidação russa, a desinformação e as provocações estão deixando os católicos lituanos bastante nervosos, vendo que a Santa Sé mantém-se em silêncio?

Na Venezuela, país católico a desmoronar sob o regime maluco de Nicolas Maduro, sucessor do ainda mais odioso Hugo Chávez?

Uma reconfiguração sincera das posturas da Cúria Romana que vem sendo anunciada pelo Papa Francisco pede que a diplomacia vaticana comece reconhecendo francamente que a Ostpolitik de João XXIII, Paulo VI e Agostino Casaroli foi um fracasso, conclui o renomado historiador.

Um elementar senso de justiça – acrescentamos nós – também exigiria atender ao filial e comovedor apelo feito por um grande líder anticomunista brasileiro aos eclesiásticos promotores dessa desastrada Ostpolitik: Plinio Corrêa de Oliveira.

Em manifesto publicado em 1990 em grandes órgãos de imprensa das Américas e da Europa, ele lhes implorou: (Confira: Comunismo e anticomunismo no III milênio – Uma análise da situação no mundo e no Brasil)

Comunismo e anticomunismo no III milênio



"Minha Vida Pública": uma prodigiosa fonte de informação exclusiva  para compreender a história da RCR no Brasil e no mundo.  828 páginas inéditas disponível na Livraria Petrus
"Minha Vida Pública": uma prodigiosa fonte de informação exclusiva
para compreender a história da RCR no Brasil e no mundo.
828 páginas inéditas disponível na Livraria Petrus
Sob a presidência de João XXIII e depois de Paulo VI, reuniu-se o Concílio Ecumênico mais numeroso da História da Igreja. Nele estava assente que iriam ser tratados todos os mais importantes assuntos da atualidade, referentes à causa católica.

Entre esses assuntos não poderia deixar de figurar – absolutamente não poderia! – a atitude da Igreja face ao seu maior adversário naqueles dias. Adversário tão poderoso, tão brutal, tão ardiloso como outro igual a Igreja não encontrara na sua História então já quase bimilenar.

Tratar dos problemas contemporâneos da religião sem tratar do comunismo, seria algo de tão falho quanto reunir hoje em dia um congresso mundial de médicos para estudar as principais doenças da época, e omitir do programa qualquer referência à AIDS...

Pois foi o que a Ostpolitik vaticana aceitou da parte do Kremlin. Esse declarou que se, nas sessões do Concílio, se debatesse o problema comunista, os observadores eclesiásticos da igreja greco-cismática russa se retirariam definitivamente da magna assembleia.

Estrepitosa ruptura de relações que fazia estremecer de compaixão muitas almas sensíveis, pois tudo fazia temer, a partir daí, um recrudescimento das bárbaras perseguições religiosas para além da cortina de ferro. E, em atenção a esta possível ruptura, o Concílio não tratou da AIDS comunista!

A mão estendida era coberta por uma bela luva: a luva aveludada da cordialidade. Mas, por dentro da luva, a mão era de ferro. Sentiam-no as mais altas autoridades da Igreja.

Mas isto não impediu que prosseguissem na Ostpolitik. O que foi levando crescente número de católicos a tomar em relação ao comunismo uma atitude interior equivalente a uma verdadeira “queda de barreiras ideológicas”.

E, no terreno da ação concreta, a colaborar cada vez mais com as esquerdas na ofensiva contra o capitalismo privado, e em favor do capitalismo de Estado, na ilusão de que o primeiro era oposto à “opção preferencial pelos pobres”, ao passo que o segundo tinha várias afinidades (ou até mais do que só isto) com tal opção tão preconizada pelo atual Pontífice.

Oh que cruel desmentido lhes infligiu o capitalismo de Estado!

– A TFP na tormenta

Todo esse suceder de fatos verdadeiramente dramáticos não podia deixar de sobressaltar a fundo (não fosse a confiança na Santíssima Virgem, melhor seria dizer “angustiar de modo atroz”) os componentes da TFP brasileira.

Por isso, logo na poluída e sombria “madrugada” desta crise, o pugilo de católicos do qual nasceria de futuro nossa entidade, deu a voz de alerta (cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Em defesa da Ação Católica, 1943, prefácio do Cardeal Bento Aloisi Masella, então Núncio Apostólico no Brasil.

A obra foi objeto de expressiva carta de louvor, escrita em nome do Papa Pio XII, pelo Substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Mons. J. B. Montini, mais tarde Paulo VI).

Incontinenti partiu daí uma geral saraivada de contra-ataques, que iam desfechando em que grande número de meios católicos – pepineira de futuros comunistas nas agitações dos anos 1963-1964 – se cerrassem à nossa ação. Assim, ecumênicos com tudo e com todos, e notadamente com os esquerdistas, os católicos de esquerda se manifestavam desde então inquisitoriais em relação a nós!

O Cardeal de Santiago do Chile, Mons. Silva Henríquez artífice de uma das mais escandalosas colaborações com o comunismo. Na foto, abraça presidente marxista Salvador Allende na catedral chilena, 18.09.1971.
O Cardeal de Santiago do Chile, Mons. Silva Henríquez
artífice de escandalosa colaboração com o comunismo.
Na foto, abraça o presidente marxista Salvador Allende
na catedral chilena, 18.09.1971.
Engajou-se assim a parte mais dolorida de nossa luta. Esta luta, antigamente a traváramos contra o lobo devorador. Agora, nossa própria fidelidade à Igreja levava-nos a travá-la contra ovelhas do mesmo rebanho. E, oh dor das dores! até com pastores deste ou daquele rebanho bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Toda essa luta, tão longa e gotejante de lágrimas, de suor e do sangue das decepções, a TFP a historiou em dois livros, um deles recente (Meio século de epopeia anticomunista, 1980; Um homem, uma obra, uma gesta, 1989).

Estão eles ao alcance de qualquer interessado, no endereço abaixo. Desnecessário é resumi-los aqui.

Diga-se simplesmente que, com o apoio das valentes e brilhantes TFPs então existentes, respectivamente na Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, foi lançado o documento intitulado A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas – Para a TFP: omitir-se? ou resistir?, em que todas as nossas entidades coirmãs e autônomas se declaravam em estado de respeitosa resistência à Ostpolitik vaticana.

O espírito que as levou a isso – e que hoje anima igualmente as TFPs e Bureaux depois constituídos em 22 países – se pode resumir nesta apóstrofe da mesma declaração:

“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe”.

– Interpelação? – Não: apelo fraterno

A vós, diletos irmãos na Fé, a cuja vigilância a falácia comunista transviou ou está em vias de transviar, não faremos uma só interpelação.

De nosso coração sempre sereno parte, rumo a vós, um apelo repassado de ardoroso afeto in Christo Domino: diante do quadro terrível que nestes dias se esboça a vossos olhos, reconhecei, pelo menos hoje, que fostes ludibriados. Queimai o que ajudáveis a vencer. E combatei ao lado daqueles que ainda hoje ajudais a “queimar”.

Nossa Senhora de Fátima chorando em Nova Orleans, EUA
Nossa Senhora de Fátima chorando em Nova Orleans, EUA
Sinceramente, categoricamente, sem ambiguidades tendenciosas, mas com a franqueza tão enormemente respeitável que é inerente à contrição humilde, voltai vossas costas para os que cruelmente vos têm enganado. E ponde em nós vosso olhar, serenado e fraterno, de irmãos na Fé.

Este é o apelo que vos fazemos hoje. Ele exprime nossas disposições de sempre, as de ontem como as de amanhã.

Nas palavras finais deste documento, nossa voz se carrega de emoção, a veneração as embarga, nossos olhos filiais e reverentes se levantam agora a Vós, ó pastores veneráveis que dissentistes de nós.

Onde encontrar as palavras de afeto e de respeito próprias a depositar em vossas mãos – em vossos corações – em um momento como este?

Melhores não as podemos encontrar senão, mutatis mutandis, nas próprias palavras que, em 1974, dirigimos ao hoje falecido Paulo VI.

Pronunciamo-las genuflexos, pedindo vossas bênçãos e vossas orações.


domingo, 18 de setembro de 2016

O cristianismo e a família esmagados na Rússia

O cristianismo é promovido enquanto instrumento de domínio político
O cristianismo é promovido enquanto instrumento de domínio político
Luis Dufaur
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O historiador francês Philippe Fabry registrou em seu blog uma estranha contradição em seu país. Políticos e jornalistas que oscilam entre os partidos de direita passaram repentinamente a ecoar uma imagem que parece ter sido mandada fazer pelo Kremlin.

Entre eles, cita o político e ensaísta Yvan Blot, que passou a defender que o regime de Putin é o guardião dos valores tradicionais do cristianismo e da família, e que a “nova Rússia” seria uma espécie de baluarte no qual o Ocidente deve se apoiar para não afundar na decadência.

Fabry relembra então alguns dados de conhecimento geral que são omitidos por essa visualização:

a “nova Rússia” pseudo-cristã, cuja população é mais do que o dobro da francesa, aborta proporcionalmente duas vezes mais crianças (800.000 por ano) do que a França laicista (200.000).

a “nova Rússia” é o primeiro consumidor mundial de heroína. Embora esse extenso país represente apenas 2% da população mundial, consome 21% da produção planetária dessa droga pesada. Trata-se de uma herança recebida por Putin, mas não se tem notícia de que ele aja eficazmente para extirpar o vício que devora a nação.

o desfazimento da família está provocando uma catástrofe demográfica: a população russa – mais de 140 milhões – ruma para 80 milhões de habitantes por volta de 2050, segundo as projeções.

domingo, 11 de setembro de 2016

Alemanha prepara população para catástrofe
com dimensão de guerra mundial

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Ao lado: lista de conselhos básicos divulgada pela Deustche Welle.
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O governo alemão recomendou a seus cidadãos a armazenagem de alimentos e água em casa na previsão de um ataque terrorista ou uma catástrofe, preanunciou o sisudo e acatado jornal ‘Frankfurter Allgemeine Zeitung’ numa edição dominical referida pela agência EuropaPress. 

O plano é de uma gravidade sem igual desde o fim da II Guerra Mundial e da Guerra Fria.

A Alemanha se encontra em estado de alerta após os mais recentes atentados islâmicos. Berlim havia anunciado uma série de medidas que incluem verbas extras para as forças de segurança e a criação de uma unidade especial contra o crime informático e o terrorismo.

Agora o Conselho dos Ministros aprovou no dia 24 de agosto uma ação de envergadura nacional. Trata-se do “Conceito para a Defesa Civil” pelo qual a população será instada a “acumular comida e água para sobreviver durante dez dias”, naquilo que a Deustche Welle apresenta como “Preparando-se para o pior”.

Assim diz o plano do Ministério do Interior resumido pelo jornal de Frankfurt e pela rádio oficial “Deustche Welle”. O relatório se inspirou numa ideia elaborada por um comitê parlamentar há quatro anos.

“Pedir-se-á ao povo que se prepare apropriadamente para qualquer evento que possa ameaçar nossa existência e que não se possa descartar categoricamente no futuro”, diz o relatório.

O documento também recomenda pôr em andamento um “sistema de alarma fiável” e reforçar as estruturas dos prédios em função de uma possível tragédia.

Por sua vez, a agência oficial Deutsche Press Agentur (DPA) citou que o de acordo com o projeto confidencial o governo pensa “restaurar o sistema de alistamento militar em todo o país em tempos de crise” como poderiam ser as situações nas quais a Alemanha precise de tropas para “defender as fronteiras exteriores da OTAN”.

O povo alemão já passou por grandes calamidades nas guerras mundiais e nos tempos em que era possível uma invasão russa. Tratou-se de conflitos imensos que justificaram medidas do gênero.

Malgrado a gravidade dos atentados islâmicos – o de Colônia e outras grandes cidades no Ano Novo, por exemplo – nenhum deles teve dimensão para uma preparação nacional na perspectiva de um evento capaz de “ameaçar nossa existência”, como declarou o porta-voz do Ministério do Interior.

O povo alemão habita sua terra há quase dois milênios e sabe em linhas gerais quais catástrofes naturais podem lhe acontecer.

A preparação que o governo alemão está montando dificilmente se entende em função apenas de atentados islâmicos ainda que maiores, ou uma catástrofe natural ainda que historicamente nunca havida.

Essa preparação se entendeu em períodos de guerras mundiais, e no presente faria sentido em face de uma eventual guerra mundial ou ataque atômico.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Irã está provocando no Golfo Pérsico
adverte comandante militar dos EUA

EUA reage contra provocação no Golfo. A foto foi distribuída pelo Irã
EUA reage contra provocação no Golfo. A foto foi distribuída pelo Irã
Luis Dufaur
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No Golfo Pérsico, passagem vital do petróleo do qual depende Ocidente lanchas iranianas agiram de maneira provocativa contra naus de guerra americanos.

O general Joe Votel, chefe do Comando Central americano na região acusou Teerã de agir de forma pouco segura e “provocadora” realizando manobras arriscadas perto de navios dos Estados Unidos, informou UOL Notícias.


Um desses abriu fogo de advertência, mirando o mar nas proximidades de uma das lanchas.

Na semana anterior, o Pentágono denunciou uma série de encontros “pouco profissionais” no Golfo gerados pelo Corpo de Guarda Revolucionária do Irã.

“Em dias recentes, temos sido testemunhas de mais atividades provocadoras da Guarda Revolucionária e navios da Marinha”, afirmou o general Votel.

“Este tipo de comportamento é muito preocupante e esperamos ver as forças navais do Irã agir de um modo mais profissional”, acrescentou.

domingo, 4 de setembro de 2016

General americano na Síria adverte Rússia:
da próxima EUA revida na hora

General Stephen Townsend, comandante das tropas EUA na Síria e no Iraque.
General Stephen Townsend, comandante das tropas EUA na Síria e no Iraque.
Luis Dufaur
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O tenente general Stephen Townsend, novo comandante em chefe das tropas americanas no Iraque e na Síria, fez a mais direta advertência pública verificada até o presente. Ele ameaçou Moscou e seu satélite de Damasco com uma resposta militar imediata caso continuem seus ataques contra alvos ocidentais.

Numa entrevista à CNN, o general Townsend visou proteger as tropas americanas que agem no norte da Síria da repetição de ataques de aviões de guerra e artilharia russos ou filo-russos.

“Fomos informados de que os russos estão envolvidos... (eles) disseram que tinham informado aos sírios e eu apenas respondi que nós nos defenderemos se nos sentirmos ameaçados”, disse o general numa entrevista telefónica desde seu quartel em Bagdá.

Townsend foi o primeiro comandante que falou da hipótese dos EUA responder com fogo às provocações bélicas da aliança sírio-russa. Até o presente, as altas patentes procuravam fazer silêncio sobre esses ataques que indignavam os americanos.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Putin tenta manipular as eleições presidenciais americanas!

“A posição mais favorável à Rússia na história moderna dos EUA”, escreveu Foreign Policy
“A posição mais favorável à Rússia na história moderna dos EUA” diz Foreign Policy
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Putin mostra sua preferência por Donald Trump, mas na reta final da campanha eleitoral, o candidato republicano defendeu posições mais alinhadas aos interesses de Moscou do que aos de Washington, registrou o jornal “O Estado de S. Paulo”.

Favorecimentos na política externa

Segundo David Rothkopf, editor-chefe da revista Foreign Policy, as posições de Trump representam um “distanciamento gigantesco” em relação a visões defendidas historicamente por líderes de ambos os partidos.

“Essa é a posição mais favorável à Rússia por parte de autoridades americanas na história moderna dos EUA”, acrescentou.

domingo, 28 de agosto de 2016

Ingerência de Putin nas eleições dos EUA
pegou americanos adormecidos

Relatório ucraniano revelou que Paul Manafort, “homem forte” da campanha republicana, agia a serviço do “mundo russo”. Manafort renunciou e Trump prometeu moderação de discurso.
A Ucrânia revelou que Paul Manafort, “homem forte” da campanha republicana,
agia a serviço do “mundo russo”. Manafort renunciou e Trump prometeu moderação.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Adormecidos pela ilusão da “morte do comunismo”, muitos americanos acordaram surpresos descobrindo até que ponto as antigas redes de influência soviética estavam agindo na eleição presidencial de seu país.

Uma catarata de denúncias, confissões e interferências russas irrompeu na campanha eleitoral para escolher o próximo presidente na votação de 8 de novembro.

Selecionada uma equipe pró-russa

O caso mais clamoroso foi protagonizado por Paul Manafort, o “homem forte” da campanha do candidato republicano Trump.

Manafort acabou renunciando após vir à luz inquérito publicado na Ucrânia dando conta de que ele recebeu muitos milhões de dólares do então presidente ucraniano pró-russo Yanukovitch para obter apoios de políticos em Washington e para que grandes meios de imprensa americanos divulgassem notícias contrárias aos ucranianos anti-russos, informou o jornal “Clarín”, de Buenos Aires.

domingo, 21 de agosto de 2016

Concílio cismático “ortodoxo” não pôde se reunir
e frustrou plano de Putin

É do interesse da 'nova Rússia' que o Patriarca de Moscou seja tido como chefe máximo dos cismáticos 'ortodoxos'
É do interesse da 'nova Rússia' que o Patriarca de Moscou
seja tido como chefe máximo dos cismáticos 'ortodoxos'
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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Na história da Igreja já houve muitos cismas, ou seja, setores da Igreja presididos por Bispos e até por Patriarcas que se separaram da Santa Sé, desconhecendo sua autoridade, jurisdição e obediência.

O maior deles foi o do Oriente, operado em 1054 e encabeçado por Miguel Cerulário, então Patriarca de Constantinopla (hoje Istambul). Ele arrastou consigo muitos bispos do Oriente, que costumam ser chamados de “ortodoxos”.

Houve então pretextos teológicos relacionados com a doutrina da Santíssima Trindade. Com o tempo, a divergência inicial foi se agigantando e abrindo um abismo com novos erros, heresias e desordens canônicas insondáveis.

Tendo recusado a autoridade suprema do Papado, os cismáticos “ortodoxos” não demoraram em recusar a autoridade uns dos outros. Assim geraram eles igrejas horrivelmente brigadas entre si, por vezes presididas por patriarcas fraudulentos. Essas “igrejas ortodoxas” hoje são quase mil!

O Patriarcado de Moscou resulta de uma dessas rachaduras indisciplinadas e heréticas. Foi criado em 1589 pelo czar Teodoro I da Rússia, que queria um apoio religioso para expandir seu império até o Mediterrâneo.

Dito Patriarcado foi suprimido pelo czar Pedro o Grande em 1721. Foi reconstituído na sua forma atual em 1917 no ambiente da Revolução Comunista de Lênin.

Desde então ele foi servindo ao ditador marxista de turno que o fechou em 1925 porque o Patriarca Tikhon manifestou desacordo com o massacre de religiosos e até teria se mostrado favorável aos "russos brancos" contrários aos "vermelhos" socialistas.

A igreja ortodoxa russa é uma das pontas do tridente político de Putin.
A igreja ortodoxa russa é uma das pontas do tridente político de Putin.
Voltou a ser restaurado por Stalin em 1943, após os líderes “ortodoxos” jurarem fidelidade absoluta ao regime e aos interesses soviéticos. Stalin precisava deles para mobilizar o povo no esforço de guerra contra o invasor nazista.

Incapazes de reconhecer qualquer autoridade ou doutrina unificadora, as igrejas “ortodoxas” sempre foram dependentes do poder temporal da região ou do momento.

Vladimir Putin achou conveniente tirar o Patriarcado de Moscou da vergonhosa situação em que jazia, por ser do interesse da “nova URSS”. Mais ainda, quer constituí-lo líder de todas as igrejas “ortodoxas” do mundo.

O Patriarca Kirill, colega de Putin na (ex-)KGB, ficaria encarregado de colocar a canga moscovita sobre as “igrejas ortodoxas” que até agora estão desorganizadas constituindo um pântano em contínuo conflito.

Reunir esse amálgama de entes caóticos interessa também ao “progressismo católico” com vistas a tocar adiante o “ecumenismo”. Porque a desordem em que afundou torna impossível todo esforço de convergência religiosa relativista.

Com vantagem para uns e para outros, ficou marcada para 2016 a realização na ilha de Creta do primeiro Concílio “ortodoxo” da História. Nele se veriam as caras patriarcas, metropolitas e outros líderes cismáticos, ora amigos, ora inimigos.

Eles tentariam se por de acordo em algo, ainda que confuso e imperfeito, seja doutrinário ou disciplinar.

Mas, previamente à reunião, a delegação do Patriarcado de Moscou, obediente a Putin, apresentou condições que acabaram inviabilizando-a, como comentou o vaticanista Sandro Magister.

Também renunciaram a comparecer os patriarcados de Antioquia, da Bulgária e da Geórgia, envolvidos em desacordos irremediáveis.

Putin precisa bancar de 'ungido' pela religião cismática, que ele segura com punho de ferro!
Putin precisa bancar de 'ungido' pela religião cismática,
que ele segura com punho de ferro!
Moscou exigiu oficialmente que os Greco-católicos ucranianos e da chamada “igreja ortodoxa autocéfala” – muito presentes na América do Norte e na Ucrânia – fossem submetidos à sua autoridade.

Tal submissão teria sido um grande triunfo de Putin e uma inacreditável capitulação do Vaticano, que favorecia esse concílio pan-ortodoxo.

O vaticanista Sandro Magister reproduziu o artigo “As verdadeiras razões do naufrágio”, de autoria de Alexei Tchoukhlov, constatando o fracasso da assembleia, a única que poderia ter-se realizado em mil anos de cismas e disputas.

Segundo Tchoukhlov, os documentos pré-confeccionados estavam prenhes de lugares comuns típicos da deplorável qualidade teológica e religiosa do mundo “ortodoxo”.

No fim, em Creta foi o fiasco. Os que acabaram comparecendo representavam uma fração fracativa das quase mil “igrejas ortodoxas” no mundo.

Tchoukhlov definiu o encontro de “espetáculo tristemente ridículo”.

Mas tanto em Moscou e quanto nas dependências vaticanas o mesmo foi pranteado como um fracasso da política de convergência com o comunismo metamorfoseado instalado na Rússia.



quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Luta racial? Ressurgência da luta de classes bafejada pelo comunismo?

Punhos em alto como outrora
Punhos em alto como outrora
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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As violências nos EUA entre cidadãos negros e policiais qualificados generalizadamente de “brancos” enchem os espaços da mídia. O assassinato de cinco policiais e o ferimento de nove, mirados por um franco-atirador durante uma passeata pacífica em Dallas, foi um dos mais explorados.

Tratou-se do mais elevado número de baixas policiais desde o atentado de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas de Nova Iorque pelos terroristas islâmicos de Bin Laden.

A barulheira midiática logo interpretou o fato como a profecia de luta racial no continente americano, que pode dar em guerra civil. Porém, os fatos não resistiram à enviesada interpretação.

O impacto sensacionalista deixa, porém, nos leitores desavisados, uma impressão que pode ser duradoura. Por isso, abaixando a poeira, é recomendável analisar com cautela os fatos, e ver se esses são suscetíveis de uma explicação mais verdadeira e profunda.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Esquema estatal russo de doping
gera tensões nas Olimpíadas

Esquema de doping montado pelo Estado russo perturba as Olimpíadas
Esquema de doping montado pelo Estado russo perturba as Olimpíadas
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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A Agência Mundial Antidoping, WADA, concluiu relatório segundo o qual está “além de qualquer dúvida” de que o Ministério do Esporte da Rússia, juntamente com agências e entidades locais, alimentaram um esquema para que atletas não sejam pegos em exames antidoping.

Uma equipe independente, chefiada pelo professor de direito da Western University do Canadá, Richard McLaren, contratada pela WADA, elaborou o documento.

O relatório contém “a revelação do tamanho do controle estatal russo e do laboratório antidoping de Moscou em processar e encobrir amostras de urina de atletas russos de virtualmente todos os esportes antes e depois dos Jogos [Olímpicos de Inverno] de Sochi”, escreveu a “Folha de S.Paulo”.

O documento afirma que “há mais dados a serem analisados futuramente, mas isso não afeta as conclusões do relatório”.

“O autor independente coletou e revisou a maior quantidade de evidência possível em um prazo de 57 dias, estabelecido para este relatório ser concluído”, acrescenta o documento.
O relatório de McLaren lista três descobertas principais:

“Que o laboratório de Moscou, para proteger atletas russos, operou com um sistema à prova de falhas, ditado pelo Estado”;

“Que o laboratório de Sochi operou uma metodologia ímpar de troca de amostras para permitir que atletas russos pudessem competir nos Jogos”;

“Que o Ministério do Esporte dirigiu, controlou e supervisionou a manipulação de resultados analíticos de atletas ou a troca de amostras, com ativa participação e ajuda da FSB (agência de segurança nacional russa, continuadora da KGB), CSP (Centro de Preparação Esportiva) e dos laboratórios de Moscou e Sochi.”

domingo, 17 de julho de 2016

A enigmática simpatia pela 'nova-Rússia'
e o silêncio sobre as vítimas do comunismo

Putin recebido pelo presidente Hollande no palácio do Elysée, Paris. Tudo se passa como se não tivesse acontecido nada.
Putin recebido pelo presidente Hollande no palácio Elysée, Paris.
Tudo se passa como se não tivesse acontecido nada.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Por que no Ocidente livre e democrático há tantas manifestações de benevolência com a Rússia soviética, seus líderes históricos e seus sucedâneos hodiernos?

É a pergunta de Paul Goble, especialista em questões étnicas e religiosas da Eurásia, num estudo para Euromaidanpress.

Ele observa que até em pensadores e figuras políticas e religiosas há uma amnésia difícil de explicar, pois eles parecem ignorar a lembrança dos crimes do comunismo e procuram abafá-la.

Paul Goble pôs em relevo um artigo do especialista italiano Fabio Belafatti, que estuda a Ásia Central e ensina na Universidade de Vilnius, Lituânia. Ele também registrou essa anômala conduta ocidental durante as invasões da Crimeia e do leste ucraniano.

Ele identificou, e em vários países, comentadores pró-russos ocidentais descrevendo os eventos ucranianos deste milênio com estereótipos da retórica que acompanhou a ascensão das piores ditaduras do século XX.

Mais ainda, essas figuras, de larga entrada na mídia e nas cátedras eclesiásticas, revelaram uma mal dissimulada tendência a atribuir a causa de todos os males ao regime político-econômico dos países de raízes cristãs.