domingo, 5 de junho de 2016

Baikonur: cosmódromo é amostra
da decadência russa

Monumentos às glórias espaciais soviéticas caem aos pedaços
Monumentos às glórias espaciais soviéticas caem aos pedaços
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



A Rússia está fechando o famoso ‘cosmódromo’ de Baikonur.

Na realidade, a base continua sendo usada para os grandes lançamentos, que ocorrem entre sucata, lixo e velhos prédios.

Os turistas saem com a impressão de voltar meio século no tempo vendo vetustos equipamentos, escreveu reportagem do jornal espanhol “El Mundo”.

Construída pela URSS nos anos 50 e agora no Cazaquistão, a base obriga Moscou a pagar um aluguel que não consegue cobrir.

O Kremlin ordenou a construção de outros ‘cosmódromos’ em território russo.

Porém os locais são menos favoráveis, os custos não param de crescer e os prazos estão sendo continuamente adiados.

Em Baikonur, prédios, monumentos, ruas, mobília dos hotéis, tudo cheira a mofo acumulado desde os anos 60.



O Buran nunca chegou a voar
O Buran nunca chegou a voar
Na cidade domina a cor cinza, apenas interrompida por estátuas de Lenine e obsoletos aviões e foguetes em desuso exibidos como relíquias.

De vez em quando alguns cavalos ou vacas atravessam o horizonte.

Baikonur está encravado num local de difícil acesso para garantir o segredo das atividades.

Galina Milkhova, subdiretora do museu da cidade, conta que os primeiros militares que chegaram nos anos 50 falavam que iam construir “o maior estádio do mundo”.

Os novos cosmódromos de Amur, perto da fronteira com a China, e o de Vostochny, deveriam reduzir a dependência de Baikonur, segundo o desígnio de Putin, mas estão custando mais do que o esperado e sofrem atrasos.

O Kremlin teve de recortar 35% do orçamento para o espaço devido à crise econômica.

Um dos recentes foguetes vai para o lançamento no meio do lixo
Um dos recentes foguetes vai para o lançamento no meio do lixo
Desde Baikonur (antes batizada de Leninsk) foi lançado o primeiro artefato humano que chegou ao espaço: o satélite Sputnik.

E também dezenas de “cosmonautas caninos” que, após morrerem um depois do outro, alguns voltaram com vida e foram transformados em heróis soviéticos.

Foi de Baikonur que em 12.04.1961 partiu Yuri Gagarin, o primeiro homem que voltou vivo do espaço e que foi transformado num grande herói das realizações materialistas da URSS.

A figura de Gagarin é onipresente na envelhecida Baikonur. Os locais que ele frequentou e as velhas plataformas de lançamento estão ali mofadas e enferrujadas.

As visitas de turistas e jornalistas são estritamente controladas e restringidas pelo governo russo.

Nos últimos cinco anos Baikonur teve vários lançamentos fracassados, perdeu múltiplos satélites, dois cargueiros não tripulados destinados à Estação Espacial Internacional e a nave robótica Fobos-Grunt, que iria trazer amostras dessa lua de Marte.

Projetos faraônicos abandonados como o do cargueiro pesado VM-T 'Atlant' feito para levar peças para Baikonur ainda estão espalhados pela Rússia toda
Projetos faraônicos abandonados ainda estão espalhados pela Rússia toda.
Na foto: cargueiro pesado VM-T 'Atlant' feito para levar peças até Baikonur
Baikonur é um grande museu de um passado tragicamente voltado contra Deus que acaba como não podia ser de outro modo.

O próprio Yuri Gagarin, garoto-propaganda do regime soviético, escravizou-se ao álcool e faleceu aos 34 anos num acidente de avião não explicado.

As vítimas de outros terríveis acidentes são comemoradas no Parque dos Soldados. Os familiares dos 72 falecidos no desastre de Nedelin, em 1960, só souberam a verdade em 1989, quase três décadas depois!

Em 24 de outubro de 1963 morreram mais oito cosmonautas num acidente com um míssil R-9. Desde então não se realizam mais lançamentos nesse dia. A superstição sempre vigorou muito nos países ateus ou pagãos.


O Photon M colecionou a mais recente nutrida série de fracassos.
Vídeo publicado em julho de 2013






Um comentário:

  1. O primeiro astronauta brasileiro partiu de Baikonur para o espaço. Marcos Pontes.

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