quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Luta racial? Ressurgência da luta de classes bafejada pelo comunismo?

Punhos em alto como outrora
Punhos em alto como outrora
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




As violências nos EUA entre cidadãos negros e policiais qualificados generalizadamente de “brancos” enchem os espaços da mídia. O assassinato de cinco policiais e o ferimento de nove, mirados por um franco-atirador durante uma passeata pacífica em Dallas, foi um dos mais explorados.

Tratou-se do mais elevado número de baixas policiais desde o atentado de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas de Nova Iorque pelos terroristas islâmicos de Bin Laden.

A barulheira midiática logo interpretou o fato como a profecia de luta racial no continente americano, que pode dar em guerra civil. Porém, os fatos não resistiram à enviesada interpretação.

O impacto sensacionalista deixa, porém, nos leitores desavisados, uma impressão que pode ser duradoura. Por isso, abaixando a poeira, é recomendável analisar com cautela os fatos, e ver se esses são suscetíveis de uma explicação mais verdadeira e profunda.



Aconteceu assim com a correspondente nos EUA do jornal “La Nación” de Buenos Aires, a propósito do crime coletivo de Dallas.

Ela observou, em meio às primeiras informações enviesadas: “de uma coisa há certeza: o acontecido é diverso de todos os protestos contra a violência policial e acumula provas inquietantes de coordenação, treino e poder de fogo dos matadores”.

“Isso, sublinhou, foi diverso de todo o visto nos últimos anos. Foi um ataque coordenado, com enorme capacidade de fogo e levado a cabo por franco-atiradores treinados que escolheram policiais como alvo”.

Segundo uma testemunha, o franco-atirador abatido pela polícia “tinha tanta munição que literalmente lhe caía dos bolsos”.

Partidos das Panteras Negras de ontem e de hoje: afinidade de métodos e propaganda para a luta de classes racial.
Partidos das Panteras Negras de ontem e de hoje:
afinidade de métodos para a luta de classes racial.
Não foi um honesto cidadão negro irado pelos crimes racistas atribuídos a uma polícia que, na verdade, é um modelo de integração racial.

Então, que organização é essa, referida pela jornalista, tão bem armada, treinada, coordenada e determinada a incendiar um conflito racial a que serviu o franco-atirador?

Na moradia do assassino foi encontrado um diário sobre táticas de combate e “seu perfil no Facebook mostrava que ele tinha simpatia pelo Black Power — movimento pelos direitos civis dos negros que marcou os Estados Unidos nos anos 60”, noticiou “O Estado de S. Paulo”, 9.7.2016.

Uma semana depois, o jornal “Le Monde”, de Paris, publicou reportagem sobre a reconstituição do velho movimento subversivo das Panteras Negras nos EUA, e em especial nos estados do sul desse país.

Acrescentou que o “New Black Panther Party” anunciou a reunião da ‘Convenção nacional dos oprimidos’ em Cleveland, Ohio, que concluiria na véspera do início da Convenção nacional republicana que investiu Donald D. Trump como candidato presidencial.

A ocasião não podia ser mais propícia para voltar à cena. A ideia central é a do velho marxismo: a aliança dos oprimidos da Terra contra as classes ricas, brancas e opressoras.

O upgrade da imagem do velho movimento incluiu a classificação do “New Black Panther Party” de ‘partido nacionalista’, um rótulo hoje ambíguo, mas muito na moda na “URSS 2.0” de Vladimir Putin.

O presidente das novas Panteras Negras, Hashim Nzinga, convidou centenas de participantes, previstos para comparecerem armados, a fim de se defender dos apoiadores republicanos e de “outros partidários da superioridade da raça branca”. Demagogia e guerra de classes marxista típica.

E o comunismo não tinha morrido?

Morreu como a taturana que se metamorfoseia e se transforma numa mariposa repugnante com as cores e os sinais do velho monstro.


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