domingo, 12 de novembro de 2017

Católicos russos gemem
sob a nova aliança Moscou-Vaticano

Amizades na Rússia valeram ao Cardeal Parolin a condição de 'papabile'. Católicos russos e ucranianos gemem vendo o pastor estreitando a mão do lobo.
Amizades na Rússia valeram ao Cardeal Parolin a condição de 'papabile'.
Católicos russos e ucranianos gemem vendo o pastor estreitando a mão do lobo.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Os católicos russos acenam de sua sofrida e heroica situação e exortam Ocidente a não esquecer a tragédia das vítimas do comunismo, noticiou “Religião Digital”.

A ocasião é apropriada: o centenário da Revolução Bolchevista, acontecida em 7 de novembro de 1917.

O secretário-geral da Conferência dos Bispos Católicos da Federação Russa, monsenhor Igor Kovalevsky, fez um apelo aos cristãos ocidentais para manterem viva a lembrança dos russos que deram sua vida sob a perseguição do regime comunista da União Soviética.

Os cruéis expurgos anticristãos e o envio dos fiéis aos campos de trabalhos forçados – sinônimos muitas vezes de morte lenta em condições miseráveis – visavam oficialmente a uma “reeducação” para o materialismo.

Eles constituíram um dos piores e maiores sistemas de perseguição e extermínio da História.

“Os sofrimentos nas prisões soviéticas e nos campos de trabalho continuam sendo um problema para toda a sociedade”, afirmou Mons. Kovalevsky ao jornal católico inglês “The Tablet”.

“Foram construídos templos em memória dos que morreram pela fé, que merecem ser comparados aos mártires dos primeiros séculos do Cristianismo”.

Segundo Mons. Kovalevsky, as histórias do martírio dos cristãos sob a ditadura soviética são universalmente conhecidas.

Mas, acrescentamos nós, se elas tivessem sido mais difundidas no Ocidente a opinião pública católica teria sido alertada, e muitas aventuras inspiradas no ideário comunista, como as do PT, talvez nunca tivessem acontecido.



Mons. Kovalevsky comentou que durante o “Grande Expurgo” da era de Stalin, modelo preferido de Vladimir Putin, 442 sacerdotes católicos foram martirizados, e mais de 100.000 representantes religiosos cismáticos ditos “ortodoxos” assassinados.

Dignitários da Igreja Católica russa processados pelo Tribunal Revolucionário de Moscou. Fonte: L'Illustration
Dignitários da Igreja Católica russa processados pelo Tribunal Revolucionário de Moscou.
Fonte: L'Illustration
Além desses martírios, os militantes comunistas destruíram e/ou profanaram mais de mil igrejas e capelas católicas, empregando-as depois sacrilegamente para os usos mais indignos e insultantes ao seu caráter sagrado.

Mais de 900 religiosos, freiras e leigos sacrificaram suas vidas para não apostatarem da fé em Jesus Cristo e na Igreja Católica.

Os extermínios provocados pela Revolução Comunista de 1917 provocaram a morte de aproximadamente 21 milhões de seres humanos, entre crimes sanguinários e “fomes do terror”, como o Holodomor na Ucrânia.

Por volta de 1930, mais de 200 mil pessoas achavam-se recluídas em campos de concentração, verdadeiros campos de extermínio.

A cifra aumentou para um milhão antes da II Guerra Mundial e para perto de dois milhões e meio no inicio dos anos cinquenta.

Os documentos da burocracia comunista dos campos de trabalho forçado registram oficialmente mais de um milhão de vidas extintas pela ideologia igualitária.

O apelo alcançou ressonâncias patéticas no Ocidente, onde a diplomacia vaticana se volta cada vez mais simpaticamente para o regime de Vladimir Putin, herdeiro atualizado do criminoso regime soviético.

E, num contexto mundial alarmante, a política vaticana vai rompendo o bom relacionamento com os EUA, a única superpotência capaz de bloquear qualquer uma das desordens subversivas favorecidas por Putin no mundo.

O mesmo Vaticano reconhece que a sombra ameaçadora de uma “terceira guerra mundial parcelada” paira sobre a humanidade.

A mudança de 180º nos rumos da diplomacia vaticana foi detalhada também em “La Nación” de Buenos Aires pela jornalista Elisabetta Piqué, biógrafa e ativa participante do seleto núcleo de “amigos argentinos” do pontífice Francisco I.

'Nova aliança Vaticano-Moscou' preanuncia dias difíceis para os fiéis católicos
'Nova aliança Vaticano-Moscou' preanuncia dias difíceis para os fiéis católicos
As simpatias do pontificado do Papa Francisco se voltam também para a ditadura da China comunista de Xi Jinping, engajada em pérfida e ativa perseguição aos católicos não comunistas daquele grande país.

A nova inclinação diplomática do Vaticano mostra afinidades com a política de acolhida aos invasores islâmicos estimulada pela chanceler alemã Angela Merkel, que ameaça extinguir pela raiz a substância cristã da Europa.

Angela Merkel é o chefe de governo que mais visitou o Papa, mais até que Vladimir Putin.

A nova diplomacia vaticana pró-Kremlin ficou chancelada com a visita de quatro dias do Cardeal Pietro Parolin à Rússia. Ele é o Secretário de Estado da Santa Sé e o mais importante colaborador do Papa Francisco.

Na Rússia, o Cardeal Parolin se reuniu não apenas com o patriarca Kirill – líder do Patriarcado cismático de Moscou formado na polícia política soviética KGB –, mas também com o próprio presidente Vladimir Putin e seu chanceler, Serguei Lavrov.

De retorno a Roma após três dias de diversos acordos em Moscou, o Cardeal elogiou a Rússia na Rádio Vaticana.

Na mesma ocasião, aproveitou para manifestar o afastamento dos EUA presidido por Donald Trump e lamentar que o país já não seguisse as linhas – fortemente denunciadas pelos meios conservadores e religiosos americanos – do esquerdista Barack Obama.

Segundo Luigi Accattoli, veterano vaticanista do “Corriere della Sera”, o objetivo da missão de Parolin no Kremlin foi “tecer uma meia aliança com a Rússia de Putin num momento em que o tabuleiro mundial aparece convulsionado”, acrescentou Piqué.

A efetivação dessa aliança teria valido ao Cardeal a condição de “papabile” – em termos mais modernos, ele teria sido pago com a “pole position” na corrida pela sucessão de Francisco I.

Os católicos russos assistiram com angustia aos abraços do representante vaticano com os perseguidores instalados no Kremlin e no Patriarcado de Moscou.

“Houve claramente um aquecimento nas relações, mas não há uma mudança na política interna e externa russa”, disse Marcin Przeciszewski, diretor da Agencia Informativa Católica na vizinha Polônia, citado pelo National Catholic Reporter.

Cardeal Parolin com bispo cismático Hilarion em Moscou. Presentes e sorrisos para uma peça-chave da farisaica perseguição.
Cardeal Parolin com bispo cismático Hilarion em Moscou.
Presentes e sorrisos para uma peça-chave da farisaica perseguição anticatólica.
Também os greco-católicos da Ucrânia foram atacados pelos cismáticos russos enquanto o Patriarca de Moscou trocava sorrisos com o Cardeal Parolin.

O Patriarcado de Moscou reclama que esses católicos devem ser entregues à jurisdição russa cismática, perspectiva iníqua que o Vaticano não afasta.

Segundo o “Annuario Pontificio” do Vaticano, os católicos russos somam 773.000 fiéis – aproximadamente 0,5% da população russa – e estão muito dispersos no território. Há apenas uma arquidiocese em Moscou e dioceses em Saratov, Irkutsk e Novosibirsk.

Mons. Igor Kovalevsky, secretário-geral da Conferência Episcopal Russa, lembrou que com essa visita não houve progressos reais, que os hierarcas católicos continuam negando licença para se visitar o clero, e que as propriedades da Igreja sequestradas pelos soviéticos não estão sendo restituídas.

Mons. Kovalevsky também alertou que os católicos estão sofrendo ameaças de “novas limitações de sua liberdade religiosa” por parte do governo.

Em comunicado, o Vaticano mostrou-se sensibilizado com o clima de cordialidade no encontro com Putin.

Parolin admitiu que a restituição das propriedades católicas é “um problema muito sério e urgente”. Mas a Igreja ainda está aguardando passos concretos. As promessas de devolução não estão sendo cumpridas.

O Secretário de Estado dedicou apenas um encontro aos católicos que padecem essa penosa situação, na catedral de Moscou dedicada à Imaculada Conceição.

Segundo Mons. Kovalevsky, não se trata de uma “disputa trivial por propriedades”, mas de uma “planificada política das autoridades de Moscou para desrespeitar os direitos do fiéis católicos”.



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