Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
“Ontem eram os tanques. Hoje, o petróleo”, assim Zbigniew Siemiatkowski, ex-chefe do serviço de segurança polonês, definiu a atual política russa que manipula imensos fornecimentos de gás e petróleo para Europa objetivando conquistá-la, informou o “The New York Times”.
Agora, a gigante russa Gazprom está construindo um gasoduto no leito do Mar Báltico.
Na aparência o gasoduto beneficia Europa toda. Na realidade, é um golpe duro em primeiro lugar para os países da Europa Central e Oriental, escravizadas outroura na base de tanques soviéticos.
Eles temem que a Rússia de Putin, saudosista da URSS de Stalin, com o novo gasoduto inaugure uma nova ofensiva para restaurar o nefando bloco soviético.
A Rússia vem explorando a dependência da Europa Central e da União Européia do gás siberiano. Verdadeiras chantagens vem sendo encenadas ano após ano.
E agora se aproxima o inverno no Hemisfério Norte, estação por excelência para Putin aplicar suas extorsões imperialistas.
Porém, no sistema atual fechar a torneira do gás para um país como a Ucrânia que Putin quer engolir, significa cortar o gás para o resto da Europa. O gasoduto é o mesmo.
Resultado: todos os enforcados pela corda de aço do gasoduto uniam-se em coro contra Moscou.
Se a Rússia conseguisse enforcar um por um, a tarefa de reconstituição da ex-URSS poderia correr bem mais fácil.
O novo gasoduto no Mar Báltico, batizado de Nord Stream, é uma das armas sonhadas pela equipe da (ex-)KGB. Percorre mais de 1.200 quilômetros, da Rússia até a Alemanha, sem passar por antigos satélites soviéticos.
Estes, uma vez concluído, ficarão sozinhos diante das tentativas de enforcamento do coronel da KGB.
Zbigniew Brzezinski, ex-conselheiro de segurança nacional americano, chamou os gasodutos de “grande iniciativa russa para separar a Europa Central da Ocidental”.
As peças do gasoduto estão sendo construídas na Alemanha. Mas depois que a Europa Central seja submetida de novo ao despotismo russo, os novos “tanques” vão apontar seus tubos contra os fornecedores da “corda com que nós os enforcaremos”, segundo a estrategia leninista.