domingo, 27 de abril de 2025

UE instrui cidadãos para sobreviver a uma invasão russa

Europa começou a se rearmar para se defender da Rússia, mas talvez seja tarde demais
Europa começou a se rearmar para se defender da Rússia,
mas talvez seja tarde demais
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A Comissão Europeia, cúpula da UE, lançou o “Livro Branco sobre a Defesa Europeia e plano ReArm Europe/Prontidão 2030” para os cidadãos se munir de um kit de emergência e sobreviver 72 horas em caso de guerra com a Rússia ou outra tragedia.

A UE avisa que a Europa “está enfrentando uma nova realidade” desde a invasão russa da Ucrânia.

“Devemos nos preparar para a possibilidade de agressão armada” afirma o plano para as famílias suportar os três primeiros dias armazenando água, alimentos, medicamentos, dinheiro vivo, uma rádio, óculos, fósforos, canivetes, lanternas até que chegue a ajuda externa.

Os estados-membros estão aumentando drasticamente os gastos militares.

O comunicado que anuncia oficialmente o “Livro Branco sobre a Defesa Europeia e plano ReArm Europe/Prontidão 2030” acrescenta “Citações” dos líderes europeus para os cidadãos refletir sobre os novos horizontes.

Eis eles:

A Europa precisa se preparar para a guerra
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia:


A era do «dividendo da paz» acabou há muito.

“A arquitetura de segurança que utilizámos já não pode ser considerada como um dado adquirido.

“A Europa está pronta para assumir as suas responsabilidades. Importa investirmos na defesa, reforçarmos as nossas capacidades e adotarmos uma abordagem proativa em matéria de segurança. Estamos a tomar medidas decisivas.

“Apresentámos um roteiro «Prontidão 2030» que prevê um aumento dos gastos em defesa e investimentos importantes nas capacidades industriais de defesa europeias.

“Temos de comprar mais na Europa porque isso significa reforçar a base tecnológica e industrial da defesa europeia e significa estimular a inovação, criando um mercado à escala da UE para equipamentos de defesa”. 



Kaja Kallas Rússia é ameaça de guerra para Europa
Kaja Kallas: Rússia é ameaça de guerra para Europa
Kaja Kallas, alta representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão:


“O nosso investimento na defesa demonstra a forma como valorizamos a nossa defesa.

“E, nas últimas décadas, não lhe atribuímos um valor suficientemente elevado. Temos de gastar mais.

“Ao mesmo tempo, o valor acrescentado da nossa cooperação é inestimável.

“Dá-nos uma vantagem competitiva que não tem comparação em nenhuma parte do mundo.

“No nosso Livro Branco sobre a Defesa Europeia — Prontidão 2030 definimos formas concretas de alcançar esse objetivo.

“Quer se trate de dar apoio à Ucrânia, de colmatar as nossas próprias lacunas em termos de capacidades ou de defender um mundo que não se deve reger pela lei do mais forte, teremos sempre mais força em conjunto”. 



Andrius Kubilius a Europa precisa se armar
Andrius Kubilius, comissário da Defesa e Espaço da UE:


“Este pacote «Defesa», que inclui o Livro Branco sobre a Defesa Europeia e o plano ReArm Europe/Prontidão 2030, constitui um momento decisivo para a nossa União.

A Europa já não se pode dar ao luxo de ser um mero espetador quando se trata da sua própria segurança.

Devemos ocupar-nos da nossa própria defesa, reforçando os nossos compromissos em matéria de segurança coletiva e mantendo-nos firmes contra aqueles que procuram questionar a nossa soberania.

“Não se trata apenas do reforço militar, mas da nossa prontidão, da nossa autonomia estratégica e do futuro da Europa enquanto protagonista mundial”. 



Valdis Dombrovskis agora é hora de se re-armar.
Valdis Dombrovskis, comissário da Economia e Produtividade, Simplificação e Execução da UE:


“O mundo mudou e a Europa tem de mudar com ele.

A nossa segurança e a nossa prosperidade estão interligadas e ReArm Europe/Prontidão 2030 é o nosso plano para reforçar ambas.

“Propomos hoje ativar a cláusula de derrogação de âmbito nacional como medida temporária, coordenada e direcionada para impulsionar os investimentos na defesa a nível nacional e da UE.

“Serão concedidas facilidades aos países da UE para realizar os investimentos necessários nas nossas capacidades de defesa e na nossa indústria, gastando cada vez mais e melhor, em conjunto.

“Tal reforçará igualmente o crescimento econômico, impulsionará a inovação e criará emprego, assegurando simultaneamente a sustentabilidade orçamental.

“A Europa estará à altura deste desafio”.

domingo, 20 de abril de 2025

Putin volta ao racionamento alimentar soviético

Cartão de racionamento alimentar russo
Cartão de racionamento alimentar russo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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diversos blogs






As imensas despesas e perdas causadas pela invasão da Ucrânia desviaram a produção de alimentos na Rússia.

Para aplacar a fome – e o descontentamento – a Rússia criou nas 100 regiões da Federação Russa vários tipos de cartões de débito eletrônicos, talões de cheque e “cupons” que evocam os piores anos do comunismo.

Eles concedem mil rublos por mês por volta de R$ 68,17, muito pouco para lidar com as necessidades.

Vozes saudosistas pedem que se retorne ao controle total central do regime soviético.

Putin comemora, porém, o “rápido crescimento da prosperidade” nacional, noticiou “AsiaNews”.

O governador da região de Ulyanov, Aleksej Russkikh, criou “certificados eletrônicos” para o segmento da população que vive em “condições de vida difíceis” para fazer compras em grandes shoppings, e obter descontos em leite, carne, frutas e vegetais.

O benefício é muito relativo e os apenas 1.000 rublos do cartão por mês é encarado com o espírito irônico.

Voltaram as filas, nesta foto para obter divisas
Voltaram as filas, nesta foto para obter divisas
Em Kaliningrado, estão sendo distribuídos os “cartões de alimentação social” do governador Aleksej Bezprozvannikh para pessoas de baixa renda, principalmente idosos com pensões mínimas.

Soluções semelhantes já estão em andamento nas regiões da Sibéria e do Extremo Oriente, como Amur e Kamchatka.

Essas medidas fantasiosas estão ligadas à crise econômica na qual a Rússia está cada vez mais afundando, após a loucura da guerra que levou a converter cada vez mais as fábricas de produtos básicos para a atendimento industrial das necessidades militares.

As soluções parecem improvisadas e apressadas, e não podem mais ser adiadas, porém dificilmente resolverão o problema para um grande segmento da população russa.

Índices financeiros apontam para o precipício
Índices financeiros apontam para o precipício
Alguns deputados propõem controlar os preços da carne, peixe, leite, ovos, farinha, pão e outros alimentos básicos de cima para baixo, no estilo tipicamente soviético.

O partido “Rússia Justa - Pela Verdade” postula um “corredor de preços” em que as autoridades centrais interviriam os preços de “alimentos socialmente importantes” em todos os pontos de venda.

Alguns, no entanto, estão criticando abertamente, como o “crematístico” Pavel Moskovsky que denuncia o atual sistema como “extremamente corrupto e ineficiente”.

Ele diz que Putin continua “não dando dinheiro às pessoas, apenas cinco rublos antes das eleições”.

domingo, 6 de abril de 2025

Confissões de soldados norte-coreanos escravizados

Primeiro soldado norte-coreano feito prisioneiro
Primeiro soldado norte-coreano feito prisioneiro
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Milhares de soldados norte-coreanos voltaram a seu país deixando os corpos de muitas centenas, ou milhares, de colegas abandonados nos campos da Rússia.

Muitos deles se suicidaram temendo que suas famílias fossem punidas com campos de concentração caso se soube que foram feitos prisioneiros, mostrou uma reportagem do “The New York Times International Weekly”.

As tropas norte-coreanas estavam sofrendo pesadas baixas em uma guerra estrangeira travada em território desconhecido, enquanto seu governo mantinha seu povo na ignorância da tragédia.

Memorandos encontrados no corpo de soldados norte-coreanos mortos indicaram que o governo tinha instado tropas muito doutrinadas a acabar com suas vidas antes de serem capturad0s.

Um soldado norte-coreano ia se explodir com uma granada, gritando o nome do ditador norte-coreano Kim Jong Un, quando tropas ucranianas atiraram nele, disseram testemunhas.

Prisioneiros norte-coreanos não querem voltar. Se feridos, russos e colegas os assassinam
Prisioneiros norte-coreanos não querem voltar.
Se feridos, russos e colegas os assassinam
Deitado numa cama com ambas as mãos envoltas em bandagens, um dos dois prisioneiros de guerra norte-coreanos contou que foi enviado para a frente e lhe disseram apenas que iriam “treinar”.

Quando perguntado se queria voltar para casa, respondeu: “Eu quero viver aqui” (Ucrânia)

O outro balançou a cabeça quando perguntaram se sabiam onde estava.

O vídeo “mostrou que as tropas norte-coreanas estão sendo desperdiçadas como bucha de canhão” disse Kang Dong-wan, especialista em Coreia do Norte na Universidade Dong-A, na Coreia do Sul.

Os dois prisioneiros pertenciam ao braço de inteligência do exército norte-coreano o governo prometeu tratá-los como “heróis”, disseram legisladores sul-coreanos.

Os soldados estavam fazendo ataques imprudentes sem apoio de artilharia.

O ditador comunista teria recebido bilhões de dólares em petróleo e armas em troca de tropas para a Rússia, de acordo com analistas e autoridades sul-coreanas.

Intervenção de tropas norte-coreanas foi catastrófica
Intervenção de tropas norte-coreanas foi catastrófica
Mas a mobilização foi tão apressada que os soldados norte-coreanos entraram na guerra mal preparados especialmente para ataques de drones.

Ao expor o rosto de um soldado norte-coreano e seu desejo de permanecer na Ucrânia, sua segurança ficou em risco, caso seja devolvido à Coreia do Norte, onde seria visto como um traidor.