domingo, 15 de junho de 2014

Viagem enigmática:
tentáculos russos na América Latina

Serguei Lavrov: mistério envolve viagem enigmática
O ministro de Relações Exteriores da Federação Russa, Sergei Lavrov, realizou uma misteriosa visita relâmpago à América Latina, encontrando, em apenas três dias, os presidentes e chanceleres do Chile, do Peru, de Nicarágua e de Cuba.

A viagem aconteceu num momento de máxima tensão com a Ucrânia.

O governo russo explicou oficialmente que a viagem visou aprofundar os vínculos de cooperação já existentes.

Em Nicarágua e Cuba ele agradeceu pessoalmente os votos contra a resolução da ONU que visava desconhecer a anexação da Criméia, subtraída artificiosamente à Ucrânia e transformada em província russa, observou o jornal espanhol “El País”.

O relacionamento com Cuba, Venezuela e Nicarágua é bem conhecido. Porém, no Chile a viagem causou consternação. E no Peru não foi menos.


Em Lima, Lavrov e o presidente Ollanta Humala teriam falado de um possível Tratado de Livre Comércio. A Rússia estaria procurando cooperação militar e venda de armas, algo difícil de imaginar considerando que o Chile está equipado com material bélico de qualidade superior à russa fornecido pelos EUA.

Especulou-se também sobre as tentativas de a Rússia estabelecer, em diversos pontos da região, bases militares em países latino-americanos amigos, como seria o caso do Chile.

O Peru e o Chile votaram na ONU pela ilegalidade da anexação da Criméia.

Segundo o jornal “La Tercera”, de Santiago de Chile, Lavrov entrou com cara de poucos amigos e apressado no palácio presidencial chileno, para o encontro com a presidente Michelle Bachelet que recebia sua primeira visita oficial.

Chanceler russo Serguei Lavrov com presidente Michelle Bachelet:
Rússia estende tentáculos em plena crise militar da Ucrânia
A presidente chilena disse que queria convidar cientistas russos para trabalhar na Antártica. Houve também algumas declarações sobre multilateralismo e fortalecimento da ONU, que na opinião de “El País” foram “comentários diplomáticos que carecem de substancia”.

O hermetismo oficial que cercou a visita permitiu que somente jornalistas russos trazidos por Lavrov pudessem acompanhar as reuniões das comitivas.

Porém, a tensão subiu quando um jornalista chileno acenou que a viagem de Lavrov visava atingir o relacionamento dos Estados Unidos com a região.

O novo ministro chileno de Relações Exteriores alçou a voz para defender que a “política exterior de Chile é independente”.

A suspeita cresceu ainda mais quando o ministro do Kremlin declarou: “Nossas relações com Chile têm valor próprio demonstrado com Bachelet, baseando-se no convênio de associação que entrou em vigor”. Mas, como observou o site “Acción Família”, no Chile ninguém sabe no que consiste esse acordo.

Lavrov interveio em dueto atacando a Casa branca e a Ucrânia. Alegou que a culpada pela violência era a extrema direita que se manifestou na Praça Maidan. “Também deplorou que há no mundo países que seguem as versões dos EUA”, os quais querem “provar que tudo deve funcionar como eles dizem”.

Um dueto entoando a música ameaçadora e enigmática de Putin.


Desejaria receber atualizações gratis e instantâneas do blog 'Flagelo russo' no meu E-mail

Um comentário:

  1. Estas relações entre os dirigentes soviéticos e a esquerda chilena são tradicionalmente antigas. Alias, como agora a Federação Russa novamente é toda virada para o soviétismo as figuras políticas do passado, sem dúvida, têm laços familiares entre governantes de dois estados. Basta lembrar, por exemplo, o caso de Luís Corvalan....
    Claro que, em dia de hoje, há muita gente que está a trabalhar a favor de Moscovo. Porque são descendentes do "Terceiro Internacional" e NKVD....

    ResponderExcluir