terça-feira, 29 de julho de 2014

Máquina de desinformação de Putin trabalha a toda

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Putin pôs em movimento sua máquina de desinformação. Através da agência Interfax de Moscou, espalhou o bluff de que o míssil assassino fora apontado contra seu avião que voava pela região e só atingiu o da Malaysia Airlines por erro.

“Accuracy in Media”, organização independente que investiga a veracidade das declarações espalhadas pelo macrocapitalismo publicitário, verificou que o avião do presidente russo não sobrevoa território ucraniano há uns bons anos.

A jornalista britânica Sara Firth deixou o canal Russia Today, uma mídia criada por Putin para disseminar sua imagem “cristã” e “conservadora” no Ocidente.

Sara saiu no dia seguinte à tragédia do voo MH17, acusando seus ex-chefes da TV russa de “ter organizado fatos para construir uma fantasia”.

“O que eles fazem, de forma bastante inteligente e habilidosa, é manipular a realidade”, afirmou, em uma entrevista à revista americana “Time”. “Nós mentimos todos os dias no Russia Today. Há milhões de formas de mentir, e foi lá onde eu as aprendi de verdade”, acrescentou, segundo a “Folha de S.Paulo”.

Em março, a americana Liz Wahl, correspondente em Washington, deixou o Russia Today enquanto transmitia ao vivo, poucos dias após a anexação da Crimeia e por causa da cobertura enganosa do Russia Today aos fatos na Ucrânia.

“Eu sou uma só em uma longa fila de pessoas que deixaram a empresa pelo mesmo motivo. Todos aguentam até um certo ponto”, concluiu Sara.

O jornal “Le Monde”, que não esconde sua consanguinidade ideológica com Vladimir Putin, deplorou que ele tenha ficado “prisioneiro de suas próprias mentiras”.

E acrescentou: “Ele mantém a ficção de uma não-ingerência de Moscou na rebelião separatista no leste da Ucrânia. Ele não engana ninguém. Se as milícias são comandadas em grande medida pelos russos que têm entradas no Kremlin junto aos amigos de Putin, é porque a guerra contra o governo de Kiev foi decidida em Moscou.

“O presidente também é prisioneiro da opinião pública, aquecida ao máximo pela mídia sob a bota do Estado e dia a dia objeto de uma campanha de desinformação continuada”.

O jornal exemplificou essa desinformação com o viés dado pela imprensa russa à tragédia do voo MH17: “Foi um erro de um jato ucraniano que sem dúvida queria derrubar o avião de Putin, que voltava da América Latina via Varsóvia!” (por volta de 1.500 kms de distância do local do atentado).
“Vladimir Putin está se fechando numa situação que acabará fazendo dele um pária da cena internacional”, concluiu.

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