domingo, 5 de julho de 2015

Delírio putinista de grandeza
não tem base na realidade




Moscou não consegue manter um exército de grandes dimensões como o antepassado soviético, escreveu o jornal The New York Times.

A propaganda do presidente Vladimir Putin acena com acentos épicos para a grandeza oca da era soviética, e assim os sofridos cidadãos russos não olhem a catástrofe interna que padecem no dia-a-dia .

Assim tenta distrair a atenção popular do funesto estado econômico e político do país.


Simultaneamente Putin é levado a contragosto a suspender elementos essenciais para a vida dos cidadãoes.

Na saúde pública o quadro geral continua desolador. Moscou incentiva o fechamento de hospitais e centros de saúde ineficientes, redundantes e em más condições.

Em teoria vai trocá-los por outros mais modernos e pagar melhor os funcionários da saúde. Mas, aplicando um critério de qualidade, terá que fechar um número espantoso de hospitais.


Mais de 17 mil cidades e vilarejos que antes tinham pequenas clínicas agora não possuem nem um posto de saúde. Entre 2005 e 2013, o número dos postos de saúde foi reduzido de 8.249 para 2.085, e o número de hospitais rurais caiu de 2.631 para 124, de acordo com relatórios do governo.

E não se sabe onde estão os hospitais modernos que deviam substituir os velhos monstros soviéticos fechados. Não há sequer uma indicação clara do que o Kremlin vai fazer.
Ex-igreja transformada em quartel de bombeiros.
Krapivna, região de Tula, a 220 km de Moscou.
A Rússia manteve o socialismo e não progrediu.

A Rússia continua como na era de Stálin: nunca nada pode ser discutido publicamente, escreve o jornal.

“Eles querem evitar uma comoção pública. Tudo está sendo feito para que, no caso de as coisas darem errado, a culpa não recair sobre o Kremlin”, disse Maria Gaidar, chefe do grupo de defesa de direitos Demanda Social.

A educação começou a sair do nada nos anos posteriores à queda da URSS: as melhores escolas da Rússia entraram nos rankings internacionais, o sistema de ensino superior foi alinhado ao da Europa, apareceram novas instituições de pesquisa e universidades regionais.

Lança-mísseis pega fogo na parada do 70º Dia da Vitória, Moscou.
Putin prometeu salários mais altos aos professores, mas hoje verificou que não tem orçamento e anunciou cortes profundos que afetarão dezenas de milhares de funcionários públicos, de professores a guardas de museu e lanterninhas de teatro.

Os esforços do Kremlin estão concentrados em renovar o Exército, investindo em armamento moderno. Segundo Michael Kofman, estudioso do Instituto Kennan, o sonho é imitar os exércitos ocidentais.

Os gastos militares atingiram níveis jamais alcançados, diz Kofman. O último orçamento de defesa de Moscou totaliza 4,2% do PIB para 2015, acima dos 2,6% do PIB de quando Putin assumiu o cargo.

Quando Mikhail Gorbachev anunciou a política da perestroika, antigas repúblicas soviéticas se separaram da Rússia. Estônia, Letônia e Lituânia se reformaram rapidamente, porque viram claramente a direção certa: rumo à Europa e às instituições do Ocidente.

O Cazaquistão explora seus ricos recursos naturais e desenvolve sua economia.

Mas o Kremlin iniciou uma longa e árdua jornada para um destino deprimente: a remodelação dos velhos “valores” soviéticos com o mesmo objetivo que fracassou na época anterior.

Bairro em Norilsk, região de Krasnoiarsk
Bairro em Norilsk, região de Krasnoiarsk
2014 foi o ano da agressão e prepotência de Putin, e a Rússia fez uma transição de pior para muito pior.

A economia entrou em colapso, os empréstimos externos e o acesso a novas tecnologias foram restringidos severamente.

Putin parece obcecado pela hegemonia mundial como nos tempos de Lenise e Stálin, mas fez tanta coisa errada que suas tentativas podem ter chegado tarde demais, conclui o jornal.

Tentará então uma aventura ditada pelo desespero?


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