Punhos em alto como outrora |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
As violências nos EUA entre cidadãos negros e policiais qualificados generalizadamente de “brancos” enchem os espaços da mídia. O assassinato de cinco policiais e o ferimento de nove, mirados por um franco-atirador durante uma passeata pacífica em Dallas, foi um dos mais explorados.
Tratou-se do mais elevado número de baixas policiais desde o atentado de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas de Nova Iorque pelos terroristas islâmicos de Bin Laden.
A barulheira midiática logo interpretou o fato como a profecia de luta racial no continente americano, que pode dar em guerra civil. Porém, os fatos não resistiram à enviesada interpretação.
O impacto sensacionalista deixa, porém, nos leitores desavisados, uma impressão que pode ser duradoura. Por isso, abaixando a poeira, é recomendável analisar com cautela os fatos, e ver se esses são suscetíveis de uma explicação mais verdadeira e profunda.
Aconteceu assim com a correspondente nos EUA do jornal “La Nación” de Buenos Aires, a propósito do crime coletivo de Dallas.
Ela observou, em meio às primeiras informações enviesadas: “de uma coisa há certeza: o acontecido é diverso de todos os protestos contra a violência policial e acumula provas inquietantes de coordenação, treino e poder de fogo dos matadores”.
“Isso, sublinhou, foi diverso de todo o visto nos últimos anos. Foi um ataque coordenado, com enorme capacidade de fogo e levado a cabo por franco-atiradores treinados que escolheram policiais como alvo”.
Segundo uma testemunha, o franco-atirador abatido pela polícia “tinha tanta munição que literalmente lhe caía dos bolsos”.
Partidos das Panteras Negras de ontem e de hoje: afinidade de métodos para a luta de classes racial. |
Então, que organização é essa, referida pela jornalista, tão bem armada, treinada, coordenada e determinada a incendiar um conflito racial a que serviu o franco-atirador?
Na moradia do assassino foi encontrado um diário sobre táticas de combate e “seu perfil no Facebook mostrava que ele tinha simpatia pelo Black Power — movimento pelos direitos civis dos negros que marcou os Estados Unidos nos anos 60”, noticiou “O Estado de S. Paulo”, 9.7.2016.
Uma semana depois, o jornal “Le Monde”, de Paris, publicou reportagem sobre a reconstituição do velho movimento subversivo das Panteras Negras nos EUA, e em especial nos estados do sul desse país.
Acrescentou que o “New Black Panther Party” anunciou a reunião da ‘Convenção nacional dos oprimidos’ em Cleveland, Ohio, que concluiria na véspera do início da Convenção nacional republicana que investiu Donald D. Trump como candidato presidencial.
A ocasião não podia ser mais propícia para voltar à cena. A ideia central é a do velho marxismo: a aliança dos oprimidos da Terra contra as classes ricas, brancas e opressoras.
O upgrade da imagem do velho movimento incluiu a classificação do “New Black Panther Party” de ‘partido nacionalista’, um rótulo hoje ambíguo, mas muito na moda na “URSS 2.0” de Vladimir Putin.
O presidente das novas Panteras Negras, Hashim Nzinga, convidou centenas de participantes, previstos para comparecerem armados, a fim de se defender dos apoiadores republicanos e de “outros partidários da superioridade da raça branca”. Demagogia e guerra de classes marxista típica.
E o comunismo não tinha morrido?
Morreu como a taturana que se metamorfoseia e se transforma numa mariposa repugnante com as cores e os sinais do velho monstro.
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