domingo, 8 de abril de 2018

“Narcomalas” na embaixada russa
e a psy war de Putin no Mundial

Quase 400 quilos de cocaína pura em malas diplomáticas na embaixada russa de Buenos Aires.jpg
Quase 400 quilos de cocaína pura em malas diplomáticas
na embaixada russa de Buenos Aires.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na embaixada russa de Buenos Aires foram sequestrados 389 quilos de cocaína ocultos em 12 malas diplomáticas. O caso vinha sendo acompanhado a nível internacional.

Ficando impossível ocultar o fato a embaixada decidiu colaborar com a polícia argentina, noticiou o diário portenho “La Nación”.

Andrey Kovalchuk, funcionário russo conhecido como “senhor K”, representante de uma empresa de charutos, assaz conhecido por seus generosos presentes, deixou as malas em dependências da embaixada onde tinha amigos.

A polícia argentina trocou a droga por farinha e agiu de modo a que o “empresário” patenteasse o percurso da droga até ser preso pela policia em Berlim, etapa com destino a Moscou.

Em Buenos Aires, foram detidos cúmplices que trabalhavam na embaixada e na própria polícia portenha.

O caso não foi o primeiro. Na Espanha e em Portugal uma operação policial conjunta permitiu sequestrar mais de uma tonelada de cocaína pura estocada para ser enviada à Rússia para vender no Mundial.


A rede vinha sendo rastreada pela polícia argentina há tempos
A rede vinha sendo rastreada pela polícia argentina há tempos
Essas ocorrências estavam previstas pelas polícias, pois há estreita conexão entre os mundiais de futebol e a droga.

Milhares de torcedores frenéticos são consumidores potenciais de drogas euforizantes, escreveu o quotidiano “Clarín” de Buenos Aires.

Isso se verificou por ocasião dos Mundiais de 2014 e da África do Sul. Em 2016 se repetiu nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, confirmando a tendência.

Em 2008, a polícia sul-africana detectou depósitos de droga enterrados à espera do Mundial. Os tóxicos provinham da América do Sul eram levados por nigerianos desde Buenos Aires onde as redes narcotraficantes mantinham boas relações com membros do governo populista kirchnerista.

No Mundial no Brasil e nos Jogos Olímpicos do Rio a droga fluiu de modo direto e prioritário da Bolívia, embora milhares de quilos fossem sequestrados pelas autoridades peruanas e uruguaias.

O “senhor K”, dono das 12 “narcomalas” agora apreendidas em Buenos Aires estava nas listas da Interpol com ordem de prisão.

O 'senhor K' russo montou o esquema se apresentando como generoso empresário,.
O 'senhor K' russo montou o esquema se apresentando como generoso empresário,.
Mas nos tempos kirchneristas viajava a vontade à Argentina, onde mantinha relações estreitas com o administrador econômico da embaixada russa, segundo “La Nación”.

A Rússia é dos maiores consumidores de drogas pesadas, responsáveis de um tão grande número de óbitos no país que é fator de diminuição da idade média dos adultos homens.

A abundância da droga é um dos “condimentos” necessários para o sucesso do Mundial de Putin.

Segundo o chanceler britânico, Boris Johnson, o presidente russo tenta recuperar a imagem cada vez mais negativa da Rússia com uma organização propagandística da Copa do Mundo.

Para isso, age de modo análogo ao Ministro da Propaganda alemão Joseph Goebbels.

Esse montou uma operação de “guerra psicológica” para promover seu patrão Adolf Hitler, por ocasião dos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim, observou “La Nacíón”.

“Sim, acredito que a comparação com 1936 é certamente correta”, respondeu Johnson a uma comissão de legisladores britânicos quando indagado sobre o tema.

Johnson manifestou sentir “náuseas” pensando nos benefícios políticos que pode trazer o megaevento esportivo ao sistema putinista. Mas, não se associou aos parlamentares que pediam que a seleção da Inglaterra não participasse nessa Copa.

Operativo internacional acompanhou os contatos do agente russo 'Senhor K'.
Operativo internacional acompanhou os contatos do agente russo 'Senhor K'.
A porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, obviamente recusou qualquer comparação entre os ditadores. Mas o desmentido soou oco e meramente formal.

O atrito se deu em plena crise entre a Rússia e os países ocidentais, notadamente a Grã Bretanha pelo envenenamento do ex-agente russo Sergueï Skripal e de sua filha Julia – além de mais 60 pessoas indiretamente atingidas – com um poderoso agente neurotóxico, propriedade exclusiva dos serviços secretos russos.

A chancelaria britânica elaborou uma lista de advertências para os torcedores ingleses que pretendem ir aos jogos na Rússia.

Johnson também considerou que o atentado com o veneno não pode ter sido cometido sem uma aprovação formal do presidente Vladimir Putin e de agentes submetidos diretamente a ele numa “corrente de responsabilidades que conduz inexoravelmente até a cúpula do Estado russo”.

A “guerra psicológica” travada pela Rússia contra Ocidente torna as fontes de entretenimento em cenários de propaganda de fundo ideológico associada ao crime.


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