Promessas de vacinação recorde foram blefe de sabor comunista |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A vacina Sputnik V teria colocado a Argentina no topo dos países centrais segundo o governo populista, em verdade dissimuladamente pro-russo e pro-comunista, de Buenos Aires.
A imunização da população com o Sputnik-V devia começar em dezembro de 2020. Putin anunciava que a medicina russa estava na dianteira do combate mundial ao vírus.
Mas, a pólvora russa molhou-se mais cedo do desejado, observou o “Clarín” de Buenos Aires. Em apenas dois meses a bolha da mentirada estava perfurada.
No Kremlin os trompetes soaram forte e frente à Casa Rosada o vulgar bombo peronista bateu feio, porém poucos dos 20 milhões de doses anunciados para janeiro e fevereiro de 2021 acabaram descendo em aeroportos argentinos.
A grande mídia bajulava o governo exibindo as fotos dos Airbus 330 preparados na pista para ir à Rússia trazer os milhões de doses.
Porém, não decolavam nos horários nem nas datas. Começou o mal humor e choveram os pretextos: fazia muito frio na capital russa, como se isso fosse novidade.
Embaixador russo em Buenos Aires reconheceu que seu país não pode cumprir acordos pela vacina nos prazos |
Depois ficou se sabendo que nem havia Sputnik-V suficiente para a população russa e nem Putin queria se vacinar alegando que era perigoso para idosos com 68 como ele.
Ficou aguardando o que acontecia com as cobaias humanas.
Por fim, disse se ter vacinado, mas não se sabe com qual vacina, nem onde foi. O secretismo encheu as redes russas de ironias. O jornalista Andrei Zakharov ironizou em Twitter que “na seringa havia açúcar”.
O opositor Alexei Navalny ri na prisão garantindo que Putin fica na pandemia “escondido num bunker como um vovozinho”; Dimitri Gudkov escreve em Facebook que se diz “que no bunker alguém foi vacinado” mas “não se sabe com qual vacina”, escreveu “The Washington Post”, em artigo reproduzido por “La Nación”.
Na Rússia foram registradas mais duas vacinas: uma do laboratório Vector, na Sibéria, e outra do Centro Chumakov de Moscou, mas há poucos dados publicados sobre sua eficácia.
Da única algo conhecida, a Sputnik-V, a população russa desconfia, além de desafiar todas as normas preventivas porque vem de um governo em cujos ditos não acredita, acrescentou “La Nación”.
Um dia aterrissou na Argentina um dos aviões que poderia trazer milhões e mais milhões de vacinas em suas adegas, e desembarcou oficialmente algumas centenas de milhares de unidades. Viajaram outros gigantes do ar e mesmo fiasco de carga ridícula.
Outro avião argentino para centenas de passageiros desceu na Bolívia aclamado pelo novo presidente, pelo presidente argentino Fernández, Evo Morales, fanfarra, guarda militar de honra e propagandistas do chavismo boliviano redivivo.
Desceram 10.000 doses para um país de mais de onze milhões de habitantes !!!!! Pura guerra da informação...
Carla Vizzotti, nova ministra da Saúde sobreviveu ao escândalo da vacinação aos amigos do governo é assídua porta-voz da guerra da informação de Moscou |
É 0,59% da população, de acordo com dados da Universidade John Hopkins fornecidos por fontes oficiais.
O Brasil está melhor. Aliás, todos os países que começaram a vacinar têm uma porcentagem maior de cidadãos do que a Argentina com a segunda dose aplicada, acrescentou “Clarín”.
Em números absolutos, 265.000 argentinos ou o equivalente a quatro estádios de futebol, em verdade, muito pouco. Mas os milagres da guerra propagandística russa anunciavam outras coisas.
Logo estourou o escândalo do “vacunatório clandestino” do qual só tinham conhecimento, acesso e eram vacinados os membros do governo não qualificados, políticos, sindicalistas, parentes, amigos ideológicos, militantes de esquerda, etc.
Na confabulação foi pego até o ministro da Saúde, responsável por fazer passar a lei de aborto.
Acabou renunciando como bode expiatório, mas a máquina de militantes esquerdistas em seus postos e galga outros.
Oficialmente chegaram ao país 1,2 milhão de doses do Sputnik-V e 580 mil de Covishield, e o governo anuncia lotes semelhantes de Sputnik num novo voo com números desconhecidos.
Sistema de saúde russo se encontra em estado lastimável e não pode ser visto por estrangeiros |
A esperança é que a Índia, maior fabricante mundial do Sputnik-V para a Rússia, saia dos atrasos burocráticos em que está envolvida em benefício de sua guerra da informação.
Parece filme dos três patetas mas a empresa MabXience, que trabalha na cidade de Garín, Buenos Aires, produziu lotes de 6 milhões de vacinas da AstraZeneca que enviou para o México e os EUA, e se preparava para entregar o ingrediente ativo da vacina Oxford equivalente a 18 milhões de doses. E já falava de mais lotes de 6 milhões.
De lá, a AstraZeneca distribuiria para toda a América Latina, exceto Brasil.
Os escândalos desvalorizaram a bolha das promessas e sobretudo a respeitabilidade do governo esquerdista a propósito de respeito dos critérios de prioridade e de equidade.
O governo tampa a realidade com cortinas verbais e anuncia milhões de doses que estariam vindo da China para vacinar todos os professores.
Nesse conjunto infeliz de ações do socialismo peronista nem mesmo os profissionais de saúde receberam a primeira dose.
Por sua vez, o embaixador russo em Buenos Aires, Dmitry Feoktistov, confessou que seu país não está em condições de cumprir com os prazos acordados.
Direto: não haverá vacina nas quantidades prometidas, malgrado o governo esquerdista argentino continue trombeteando voos a Moscou que voltam com quantidades diminutas de doses, noticiou “Clarín”.
Promover confusão com improvisadas marchas e contramarchas sobre decisões tão delicadas não é a melhor maneira de tocar a campanha de vacinação.
Isso traz grave prejuízo para a população, tem péssimo efeito no combate à pandemia.
Mas, serve a guerra da informação do Kremlin e de seus amigos na Casa Rosada que pouco se importam pelo bem da população.
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