Alexander Dvorkin, funcionário da Igreja Ortodoxa Russa, é o encarregado de indiciar as vítimas religiosas |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Hoje soaria demencial um relato fictício de hierarcas nazistas como Himmler e Goebbels fazendo palestra em Paris para se apresentar vitimados pela perseguição dos judeus, dos americanos e dos estudiosos contrários ao nazismo.
Porém, se tivesse ocorrido durante a ascensão do nazismo, as “vítimas” teriam sido ovacionadas e os “judeus, americanos, etc.” execrados.
Hoje, o artista contemporâneo que montasse uma peça, show satírico ou obra de arte com esse horrível tema sucumbiria sob uma catarata de condenações.
No entanto, aconteceu em fevereiro de 2021 em Paris, segundo denunciou Massimo Introvigne, representante da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) para o Combate ao racismo e xenofobia com particular atenção para a discriminação contra os cristãos.
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Os congregados pintaram a Rússia e a seu chefe supremo vítimas da perseguição ocidental.
Alexander Dvorkin é cidadão americano de origem russa e aderiu ao cisma ortodoxo em Moscou.
Ele teria sido contratado como funcionário da Igreja Ortodoxa Russa dizem estudiosos ocidentais e russos dos EUA.
E ganhou a função de coordenar a supressão dos grupos religiosos que agiram com liberdade após a queda da tirania soviética.
De fato, na era Putin, o Kremlin aprovou leis que permitem aos tribunais proibir grupos religiosos rotulados, com frequência de modo maldoso, de “extremistas”.
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Dvorkin tentou exportar o modelo russo de repressão religiosa para o exterior. Visitou a China e Hong Kong para apoiar a repressão dos grupos rotulados xie jiao (“seitas danosas”).
Virou o vice-presidente do Federação europeia anti-seitas FECRIS, originalmente criada na França no mesmo endereço da organização francesa anti-seitas UNADFI.
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Em 25 de fevereiro de 2021, Dvorkin apareceu em uma conferência organizada em Paris sob o título ambíguo e pouco expressivo “Estado Nação e as Novas Formas Transnacionais de Consciência Religiosa”, patrocinada pelo Centro Internacional para o Estudo da Eurásia, alimentado pela Rússia.
Seu discurso foi um exemplo flagrante de perseguidor que banca de vítima, e mostrou a ideologia política do Kremlin contra as minorias religiosas que rotula “seitas totalitárias”.
Dvorkin afirmou que “na década de 1990, a nova Rússia, enfrentou uma invasão massiva de seitas totalitárias, que acolheram dezenas de milhares de novos adeptos em suas fileiras”.
Culpou disso a Lei de Gorbachev sobre Liberdade de Consciência.
Mas sob a cobertura de Putin, Dvorkin e o movimento repressivo religioso, “uma nova lei sobre liberdade de consciência e organizações religiosas foi aprovada. (...)
“O verdadeiro avanço do estado russo por cima dessas ‘seitas’ começou depois de 2015 e coincidiu com a deterioração das relações da Rússia com os países ocidentais”.
Dvorkin lamentou a mudança dos países ocidentais que outrora perseguiam as “seitas”, mencionando a França, a Alemanha, a Bélgica e a Áustria.
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A “nova Rússia” putinista, pelo contrário diz Dvorkin, hoje fornece o exemplo intensificando a luta contra os grupos religiosos danosos embora ainda haja muito a fazer.
E os católicos que trazem auxílios do Ocidente estão entre os mais alvejados e cerceados.
Dvorkin e seus colegas se julgam perseguidos por “campanhas internacionais de ódio e difamação conduzidas contra representantes do movimento anti-seitas.
“Na Rússia, tudo visa principalmente minha humilde pessoa, contra a qual as ‘seitas perigosas’, seus advogados e, infelizmente, o Departamento de Estado e o Congresso dos EUA há muito se uniram para apoiar as seitas totalitárias”.
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O que está acontecendo em ambientes ditos “conservadores” para albergar uma conferência onde tais teorias persecutórias anti-católicas são expostas como algo sério, concluiu perguntando o especialista da OSCE para defender o cristianismo das perseguições.
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