domingo, 27 de março de 2022

Cansados de propagandas falsas, jornalistas russos deixam imprensa estatal

Oksana Baulina, jornalista rusa oposicionista assassinada de modo suspeito em Kiev
Oksana Baulina, jornalista russa oposicionista assassinada de modo suspeito em Kiev
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Durante mais de duas décadas Dmitri Likin trabalhou para modelar o visual da televisão estatal russa.

Mas, quando Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, Likin renunciou a seu cargo de diretor de arte do Canal 1, o canal de televisão estatal russo importante instrumento da guerra da informação do Kremlin.

Likin disse ao “The New York Times” que Putin está executando um “genocídio”.

E que a TV estatal russa há décadas vem deformando o público na preguiça, foi “deseducado” e foi deformado para não ter critérios de análise.

Funcionários que trabalham há muito tempo para o governo cortaram os laços com ele vendo o que o Kremlin manda fazer na invasão da Ucrânia.

Milhares de civis foram presos protestando contra a invasão, dezenas de milhares fugiram da Rússia e, o enviado climático de Putin, Anatoli Chubais, foi o primeiro alto funcionário do governo a renunciar.

Na TV estatal, um dos pilares da escravidão mental que Putin estabeleceu na política interna, houve pelo menos quatro renúncias de cargos de alto nível.

Marina Ovsiannikova interrompeu um noticiário ao vivo para exibir um cartaz antiguerra dizendo ”Eles estão mentindo para você aqui”.

Para Zhanna Agalakova, uma correspondente do Canal 1 que também renunciou, “as pessoas estão clinicamente deprimidas” pela propaganda oficial.

Todas as redes nacionais de TV são controladas pelo Kremlin e, continuam sendo a principal fonte de notícias do público.

A jornalista Marina Ovsyannikova interfere em programa da TV estatal para protestar contra a guerra e foi punida
A jornalista Marina Ovsyannikova interfere em programa da TV estatal
para protestar contra a guerra sendo logo punida
Nesta guerra, os canais de televisão estatais fornecem aos russos uma imagem que é o oposto do que está acontecendo: os russos são os mocinhos “bons” que já combateram a Alemanha nazista, estão liberando a Ucrânia dos neonazistas financiados pelos capitalistas ocidentais sem piedade e escravizadores.

As fotos de civis massacrados e casas destruídas são rotuladas como falsas ou atribuídas enganosamente a bombardeio dos ucranianos.

Jornalistas do governo dizem que “os nacionalistas foram ordenados a destruir a cidade o máximo possível antes de recuar.”

A maioria dos russos engole as mentiras após décadas de informação soviética cheia de inimizade e ressentimento contra o Ocidente. Os jornalistas da TV estatal podem perder seus empregos, ou até a vida se não multiplicam as mensagens mentirosas do Kremlin.

Liliya Gildeyeva, uma âncora que deixou o canal estatal NTV, reconheceu ao jornal russo The Insider que ela mesma havia feito concessões após concessões à fraude oficial.

A guerra lhe fez perceber quão longe ela tinha ido. “Quando você cede gradualmente, não percebe o quanto a queda é profunda”, disse ela.

Oksana Baulina, colega sua no mesmo jornal morreu suspeitamente em Kiev e sua morte está sendo investigada.

O êxodo russo das últimas semanas já é histórico. Dezenas de milhares fogem para os endereços inauditos pois as empresas russas não podem voar ao Ocidente.

Muitos jornalistas ou escritores fogem de uma possível prisão, e os trabalhadores de tecnologia e jovens profissionais não veem mais futuro na Rússia.

Chubais, o assessor climático do Kremlin, era um dos poucos funcionários liberais que permaneceram no governo de Putin.

Zhanna Agalakova denuncia em Paris
Zhanna Agalakova denuncia em Paris
“Muitas pessoas não trabalham por uma ideia”, disse Agalakova, ex-correspondente do Canal 1, sobre seus ex-colegas que ficaram para trás. “As pessoas têm uma família, têm empréstimos e têm algum tipo de necessidade de sobrevivência.”

Se manifestando enfrentam um futuro incerto. Alguns dos conhecidos de Agalakova, correspondente em Paris, pararam de se comunicar com ela depois que ela se demitiu.

Anos de propaganda fake na televisão russa prepararam o terreno para a guerra, diz Agalakova.

O Kremlin está fazendo “um jogo sem pudor. Este é um jogo fraudulento”, acrescenta

A estação de rádio liberal Eco de Moscou foi fechada, o canal de televisão independente TV Rain saiu do ar para a segurança de sua equipe e o acesso ao Facebook e Instagram foi bloqueado pelo governo.

O jornalista popular Aleksandr G. Nevzorov foi posto sob investigação criminal por informar sobre o bombardeio russo de Mariupol no Instagram.

Uma nova lei prevê até 15 anos de prisão por qualquer diferença com a história oficial sobre o que o Kremlin chama de “operação militar especial” em Ucrânia.

“O que parece se encaixar à narrativa oficial é aceito, o que não se encaixa é simplesmente rejeitado”, disse Denis Volkov, diretor do centro de votação Levada.

“O que é verdade ou não verdade não importa”, completou.


2 comentários:

  1. Muchas gracias Sr Luis Dufaur por estos artículos y siempre rezamos por Ud y deseamos que pronto el Dr Plinio nos ayude y reine Nuestra Señora!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Racismo contra imigrantes africanos e indianos no momento que se tornaram refugiados, foram impedindos de saírem das fronteiras da Ucrânia, deixados em frio de 2 graus celsos (tem filmagem de uma mãe negra com seu bebê de dois meses neste frio) esperando em favor dos brancos ucranianos saírem primeiro, um grave episódio omitido pela Acnur agência de refugiados da ONU. Batalhões neonazistas Azov e Aidar no exército ucraniano há oito anos cometendo massacres e bombardeios em Donbas, 13 mil vítimas de língua russa mortos. O massacre feito pela extrema direita ucraniana na Casa dos Sindicatos liderada pela milícia paramilitar neonazista Pravyy Sektor(Setor Direito, em português) quando mil militantes neonazistas provocaram mortes de 39 pessoas carbonizadas. O tanque ucraniano que diziam ser russo passando por cima do carro de um senhor, o falso ataque a maternidade onde os funcionários e pacientes foram retirados dias antes da chegada dos russos, usaram uma blogueira grávida para tal notícia falsa. Neonazismo institucionalizado na Ucrânia. Dizem ser "pró-vida", mas assim como a extremista da direita treinada na Ucrânia, Sara Giromini, vulgo Sara Winter, se calaram perante os bebês prematuros que estavam em risco de morrer por falta de oxigênio em Manaus devido a segunda onda da pandemia, pandemia um fato negado pelo presidente negacionista antivacina na época que vocês apoiam ou apoiaram muito.


    Vocês tradicionalistas conservadores foram desmascarados seus escravagistas, racistas, anti-indígenas (Viva o Acampamento Terra Livre), aliados da agromilícia brasileira assassina de indígenas e camponeses.

    Somente enganam a bolha que vocês criaram junto com os pelegos da familícia, do tipo a extremista da direita e mentirosa antivacina Carla Zambelle amiga do príncipe membro do IPCO.

    Quero ver se tem corajem Luiz Dufaur de publicar meu comentário ou vai censurar como faz os pelegos dos estadunidenses que dizimaram cidades inteiras como Bagdá, a grande mídia ocidental e empresas Meta e Google que mantém neonazistas Azov em suas redes sociais. Vocês todos foram desmascarados, elitistas, neofascistas. O recado foi dado seu russofóbico!

    Paulo Freitas.

    ResponderExcluir