domingo, 7 de agosto de 2022

Rússia amplia conflito com ataques cibernéticos a Lituânia

Ninguém sobrevirá! (captura TV russa)
Ninguém sobrevirá! (captura TV russa)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Poucos dias depois e Moscou ameaçar a Lituânia retaliações, hackers “ligados ao Estado russo” atacaram dezenas de organizações governamentais e privadas lituanas, disse o vice-ministro da Defesa do país báltico, disse reportagem do “The New York Times”.

O ataque digital marca o início de medidas dolorosas anunciadas pelo Kremlin contra a nação da OTAN por restringir o transporte de certas mercadorias por ferrovia.

O enclave russo no Mar Báltico fica entre a Lituânia e a Polônia, outra nação da OTAN, centenas de quilômetros a leste do continente russo.

No pequeno enclave – antiga Königsberg que fazia parte da Prússia oriental, Alemanha – a Rússia acumula uma assustadora quantidade de mísseis nucleares de meio alcance capazes de atingir as grandes capitais europeias em questão de poucos minutos e alberga uma das principais bases navais russas no Mar Báltico.

A OTAN não esperava uma ameaça militar de Moscou pelos pequenos países bálticos considerando que grande parte das forças armadas da Rússia está engajada na Ucrânia.

Mas multiplicava ameaças contra o ingresso da Suécia e da Finlândia na OTAN, que está se efetivando, e contra o rearmamento das ilhas da Noruega que controlam a saída do Mar Báltico.

Lança-mísseis Iskander-M instalados em Kaliningrado
Lança-mísseis Iskander-M instalados em Kaliningrado
Em episódios anteriores, com ou sem pretexto, Moscou fez exibicionismo da instalação de novos mísseis Iskander em Kaliningrado. Esses podem levar cabeças nucleares.

A TV estatal russa se gaba propagandisticamente dos segundos que demorariam para destruir completamente capitais com Berlim, Londres e Paris.

O pesadelo se tornou um perigo quando Putin e seus dependentes começaram a falar em arma nuclear e em III Guerra Mundial.

O repentino surto de enfrentamento entre a pequena Lituânia e a Rússia que abriu uma linha de conflito entre o Oriente e o Ocidente na frente báltica e deixou os nervos à flor da pele se somando às crescentes tensões entre a Rússia e a aliança liderada pelos EUA.

A Lituânia insiste que não impôs nenhuma proibição de carga e acusa a Rússia de mentir, fato que não é novo.

Ela diz que restringiu apenas 1% das mercadorias que passam por ferrovia pelo território lituano em atenção às sanções da União Europeia pela invasão russa da Ucrânia.

No entanto, a Rússia respondeu furiosamente acusando a Europa de “bloqueio” ilegal de Kaliningrado, ex-região da Prússia Oriental da Alemanha tomada por Moscou no final da II Guerra Mundial.

Área alvejável pelos mísseis Iskander desde Kaliningrado
Área alvejável pelos mísseis Iskander desde Kaliningrado
Margiris Abukevicius, vice-ministra da Defesa nacional da Lituânia responsável pela segurança cibernética, informou que uma onda de ataques cibernéticos atingiu a ferrovia estatal da Lituânia, aeroportos, empresas de mídia e ministérios do governo em uma blitz coordenada por hackers associados ao Estado russo.

O ataque envolveu principalmente os chamados ataques distribuídos de negação de serviço, ou DDoS, em que hackers inundam servidores alvo com um tráfego da Internet até que entrem em colapso.

O grupo de hackers russo Killnet reivindicou a responsabilidade pelos ataques em seu canal Telegram e exigiu que as autoridades lituanas “retirem logo a proibição do trânsito de cargas russas entre Kaliningrado e a Rússia”.

O grupo ridicularizou as autoridades lituanas como “patos estúpidos” que “inventam lixo”.

Em Kaliningrado, Nikolai P. Patrushev, chefe do Conselho de Segurança do Kremlin e um dos conselheiros mais íntimos de Putin, ameaçou que a Rússia “certamente responderia a tal ação hostil” com “sério impacto negativo na população da Lituânia”.

A União Europeia propôs que a Lituânia suspendesse as restrições ao transporte de mercadorias russas de e para Kaliningrado, incluindo aquelas cobertas por sanções europeias.

Porém, vários países do bloco não querem flexibilizar as medidas de contenção da agressividade da Rússia.


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