Ninguém sobrevirá! (captura TV russa) |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Poucos dias depois e Moscou ameaçar a Lituânia retaliações, hackers “ligados ao Estado russo” atacaram dezenas de organizações governamentais e privadas lituanas, disse o vice-ministro da Defesa do país báltico, disse reportagem do “The New York Times”.
O ataque digital marca o início de medidas dolorosas anunciadas pelo Kremlin contra a nação da OTAN por restringir o transporte de certas mercadorias por ferrovia.
O enclave russo no Mar Báltico fica entre a Lituânia e a Polônia, outra nação da OTAN, centenas de quilômetros a leste do continente russo.
No pequeno enclave – antiga Königsberg que fazia parte da Prússia oriental, Alemanha – a Rússia acumula uma assustadora quantidade de mísseis nucleares de meio alcance capazes de atingir as grandes capitais europeias em questão de poucos minutos e alberga uma das principais bases navais russas no Mar Báltico.
A OTAN não esperava uma ameaça militar de Moscou pelos pequenos países bálticos considerando que grande parte das forças armadas da Rússia está engajada na Ucrânia.
Mas multiplicava ameaças contra o ingresso da Suécia e da Finlândia na OTAN, que está se efetivando, e contra o rearmamento das ilhas da Noruega que controlam a saída do Mar Báltico.
Lança-mísseis Iskander-M instalados em Kaliningrado |
A TV estatal russa se gaba propagandisticamente dos segundos que demorariam para destruir completamente capitais com Berlim, Londres e Paris.
O pesadelo se tornou um perigo quando Putin e seus dependentes começaram a falar em arma nuclear e em III Guerra Mundial.
O repentino surto de enfrentamento entre a pequena Lituânia e a Rússia que abriu uma linha de conflito entre o Oriente e o Ocidente na frente báltica e deixou os nervos à flor da pele se somando às crescentes tensões entre a Rússia e a aliança liderada pelos EUA.
A Lituânia insiste que não impôs nenhuma proibição de carga e acusa a Rússia de mentir, fato que não é novo.
Ela diz que restringiu apenas 1% das mercadorias que passam por ferrovia pelo território lituano em atenção às sanções da União Europeia pela invasão russa da Ucrânia.
No entanto, a Rússia respondeu furiosamente acusando a Europa de “bloqueio” ilegal de Kaliningrado, ex-região da Prússia Oriental da Alemanha tomada por Moscou no final da II Guerra Mundial.
Área alvejável pelos mísseis Iskander desde Kaliningrado |
O ataque envolveu principalmente os chamados ataques distribuídos de negação de serviço, ou DDoS, em que hackers inundam servidores alvo com um tráfego da Internet até que entrem em colapso.
O grupo de hackers russo Killnet reivindicou a responsabilidade pelos ataques em seu canal Telegram e exigiu que as autoridades lituanas “retirem logo a proibição do trânsito de cargas russas entre Kaliningrado e a Rússia”.
O grupo ridicularizou as autoridades lituanas como “patos estúpidos” que “inventam lixo”.
Em Kaliningrado, Nikolai P. Patrushev, chefe do Conselho de Segurança do Kremlin e um dos conselheiros mais íntimos de Putin, ameaçou que a Rússia “certamente responderia a tal ação hostil” com “sério impacto negativo na população da Lituânia”.
A União Europeia propôs que a Lituânia suspendesse as restrições ao transporte de mercadorias russas de e para Kaliningrado, incluindo aquelas cobertas por sanções europeias.
Porém, vários países do bloco não querem flexibilizar as medidas de contenção da agressividade da Rússia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário