Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: A graça de Fátima agindo na Ucrânia
Quando caiu a União Soviética, cerca de 300 mil católicos emergiram das catacumbas, mas, segundo estimativas atuais, na Ucrânia eles são cinco ou seis milhões.
Pois tendo os católicos resistido ao comunismo — ao contrário dos “popes” cismáticos, que lhe foram submissos —, muitos ex-cismáticos passaram para a Igreja Católica, como outrora os “uniatas”.
Plinio Corrêa de Oliveira observou que “avalanches de pessoas da Igrejas Ortodoxas desejam entrar para a Igreja Católica. Isto é uma conversão.
Mas a Ostpolitik da Santa Sé não simpatiza com elas porque abalam as relações entre o Kremlin e o Vaticano. A Ucrânia junto com a Polônia e os países bálticos podem formar uma faixa católica em extremo perigosa para o comunismo”. (Anotações, 25-9-90)
As sucessivas intervenções da Ostpolitik vaticana para frear essa tendência não tiveram êxito.
Indagado sobre a ação da graça de Nossa Senhora de Fátima na ex-URSS, o Prof. Plinio afirmou:
“Onde vejo uma possibilidade mais saliente de conversão é na Ucrânia pisoteada, onde os católicos resistem com heroicidade, e cismáticos começam a se converter.
“Os torcionários do clero cismático produziram o sofrimento do povo e se degradaram muito ante a opinião pública.”
Ele via que essa tendência para a conversão acarretaria uma possibilidade de apostolado católico em toda a Ásia, “pois não há região da Índia, da China, da Pérsia, em que a Sibéria ao longo dos tempos não pudesse funcionar como um chuveiro gotejando Fé”(Conferência em 11-7-92).
Isso acontecendo, realizar-se-ia a previsão do Papa Urbano VIII: “Por meio de vós, meus ucranianos, eu espero converter o Oriente”.(Cfr. Miroslav Zabunka e Leonid Rudnytzky, The Ukrainian Catholic Church, 1945-1975, St Sophia Association, Philadelphia, 1976, p.9)
Tal perspectiva encoleriza a Rússia de Putin e o “Patriarcado de Moscou”, o qual explora a simpatia do Papa Francisco pelo presidente russo para bloquear esse movimento.
Em fevereiro de 2016, o Pontífice desceu na capital da Cuba castrista para assinar uma Declaração Comum com o Patriarca Kyrill, vetando o “uniatismo” e a conversão de grandes grupos de cismáticos ao rito greco-católico.(Cfr. Flagelo russo)
O vaticanista Sandro Magister escreveu, em 8 de junho de 2018 (data corrigida), que uma comitiva desse Patriarcado em Roma ficou eufórica pelo “modo com que Francisco abraçou as teses do patriarcado de Moscou e, pelo contrário, condenou com palavras muito ásperas as posições da Igreja greco-católica ucraniana”.(Sandro Magister)
Não espanta que nesse mesmo ano o chefe do “Patriarcado de Moscou” tenha ameaçado o “cisma ucraniano” com um “derramamento de sangue”, segundo noticiou o site Unisinos.
Ele se referia aos cismáticos que trocavam o “Patriarcado de Moscou” por outra igreja cismática, mas se aproximavam do catolicismo.
Pseudo “Patriarca de Moscou” Kyrill justifica os piores crimes |
Nos antros de Moscou reina o pavor diante da expansão da graça de Fátima no mundo eslavo. Os fatos atuais fornecem uma clave de interpretação religiosa com um fundo de esperança, apesar dos sofrimentos causados na martirizada Ucrânia.
A mão da Providencia conduz o mundo russo à conversão na atual guerra
Bem antes de invadir a Ucrânia, Putin e seus oligarcas trombeteavam que em 48 horas o exército russo tomaria Kiev, a capital ucraniana, e apagaria do mapa um país que para eles não deveria existir.
Quando, porém, após a fracassada tentativa, as colunas russas se retiraram vergonhosamente, entre os incontáveis restos de veículos havia um caminhão com fardas de gala com a medalha da “Vitória de Kiev”, para os soldados ostentarem na almejada passeata da vitória...
A diferença numérica de ambos os exércitos levou o oligarca Konstantin Malofeev, que se diz cristão, a exaltar o esmagamento da Ucrânia.
Mas no momento em que escrevemos esta matéria a situação se inverteu e os ucranianos estão conseguindo por em fuga os exércitos de Putin. — O que aconteceu?
Seria simplificação falar em milagre. O noticiário aponta para uma convergência de fatores naturais contra o Moloch assassino, mas é impossível não se perguntar sobre a ação da Providência. Vejamos esquematicamente.Nuvens com forma de anjos sobre Kiev
quando os russos pareciam vence
1. Quando Kiev estava quase cercada, apareceram no céu nuvens formando uma figura parecida com São Miguel Arcanjo, padroeiro da cidade.
Os fiéis telefonaram para o arcebispo-mor greco-católico Dom Sviatoslav Schevchuk.
Ele esclareceu em vídeo que se tratava de nuvens, mas que Deus pode se manifestar por meio de elementos naturais. E concluiu:
“Hoje percebemos que o comandante-em-chefe da hoste celestial está lutando pela Ucrânia. Hoje rezamos: ‘Ó São Miguel Arcanjo e toda a milícia celestial, derrubai o demônio que deseja nos derrubar!’”.
2. O “Patriarca de Moscou” Kyrill, vistoso agente de propaganda de Putin, qualificou a invasão de ‘justa’ e ‘santa’. Ele é o chefe da igreja russa, dita ortodoxa.
Diante dos crimes de guerra do exército russo, bispos, sacerdotes e muitos fiéis querem depô-lo, diretamente ou em assembleia, mas temem represálias de Putin.
Por isso pensam abandonar essa igreja cismática, aumentando assim as chances de conversões à Igreja Católica.
3. Aproximadamente seis mil cidadãos russos foram presos nas manifestações contra a guerra nas grandes cidades da Rússia.
Correm incessantes boatos em Moscou de que generais descontentes desejavam depor Putin, que sem dar explicação destituiu alguns deles.
4. A “guerra psicológica” de Putin durante três décadas foi de que ele era um novo “Carlos Magno” ou “Constantino”, líder mundial dos “conservadores”.
Soldado ucraniano põe terço no pescoço |
5. Sete generais russos morreram na Ucrânia. Um deles — que havia prometido a vitória em 48 horas, mas que após 30 dias perdeu metade de seus homens e deixou o resto sem comida, água e diesel — foi intencionalmente esmagado por um tanque dirigido por um soldado russo enfurecido.
Quando escrevemos já são 15 os oficiais de alta patente mortos na Ucrânia. Os generais assumiram a liderança das unidades que se negavam a avançar, ficando mais expostos.
Inexplicável falha nas comunicações russas levou oficiais a usarem celulares que fornecem a geolocalização deles, facilitando assim a pontaria ucraniana.
6. O seminário católico de Vorzel, perto de Kiev, foi saqueado.
Imagem de Nossa Senhora de Fátima profanada por invasores russos no seminário de Vorzel, perto de Kiev |
7. Moscou comemorou a ocupação da área da antiga usina nuclear de Chernobyl, expulsou seus engenheiros e seguranças, e montou um grande acampamento militar sobre o interditado depósito de cinzas radioativas apelidado “Floresta vermelha”, pela estranha cor que adquiriram os pinheiros.
Foram além. Cavaram trincheiras, abriram estradas e usaram da água, absorvendo radioatividade.
Após um mês, os soldados sofriam estranhas doenças, até se detectar a causa. A tropa se revoltou e o acampamento foi abandonado.
O último comboio de doentes partiu com 300 soldados cujo prognóstico de vida é de apenas um ano.
8. A força aérea russa deveria ter ficado com a supremacia nos primeiros dias por sua imensa superioridade, mas até hoje não ousa entrar no espaço aéreo ucraniano.
Nossa Senhora atingida por bombardeio russo em Kherson |
9. O número de tanques ucranianos aumenta constantemente, apesar das perdas na guerra. Muitos russos desmoralizados fogem de seus tanques e abandonam o combate.
Outros sabotam seus veículos e voltam a pé, alegando avarias. Camponeses ucranianos transformavam esses veículos em caminhões para a lavoura.
Um militar russo entregou sua unidade intacta em troca de dez mil dólares e um RG ucraniano, enquanto seus colegas voltavam a pé para suas casas. Foi feita uma tabela com o preço de cada arma útil mais o RG.
A cidade clave de Kherson foi abandonada pelos russos. 20.000 soldados ou mais de unidades de elite a deixaram sem combater, mas tendo sabotado toda a infraestrutura.
Abandonaram também aos reservistas russos e mercenários notadamente do grupo Wagner que recolhe criminosos dos cárceres russos e se entregaram à pilhagem.
10. Usando mísseis portáteis diversos, punhados de soldados ucranianos de infantaria arrastam-se pelas plantações, emboscam colunas de tanques pesados e as põe em fuga.
11. Em Lviv, segundo testemunha, as procissões católicas em torno das igrejas não cessam, e quando soam os alarmes de bombardeio, são transferidas para os porões ou criptas das igrejas.
A guerra não terminou e momentos ainda mais trágicos se anunciam.
Uma coisa, porém, é certa: a mão da Divina Providência está pesando a favor dos católicos ucranianos contra os inimigos da civilização cristã.
A hora da conversão da Rússia prometida por Nossa Senhora em Fátima parece se aproximar.
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