Mídia russa prepara povo para aceitar um holocausto nuclear como um 'sacrifício místico' |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A mídia russa está apresentando a impensável catástrofe da guerra nuclear como uma possibilidade real e algo que deve ser abraçado com patriotismo místico, comentou a BBC News.
A invasão da Ucrânia entenebrece cada dia mais o horizonte político-militar mundial. E enquanto o Ocidente alarga o leque de medidas retaliatórias, a mídia russa desenvolve para seus leitores o tema da guerra nuclear.
Segundo o jornalista liberal Yuriy Saprykin, o tema virou “lugar comum”. Ele exemplificou com a rádio independente Ekho Moskvy, onde se fala da guerra nuclear “com a naturalidade com que se falaria de um aumento de preço do estacionamento”.
“Por que vocês todos temem tanto a guerra atômica? Por que temem a guerra nuclear?” – interrogou na emissora pró-Kremlin Govorit Moskva o apresentador Aleksey Gudoshnikov.
Ele preparou os ouvintes dizendo que os ataques a Hiroshima e Nagasaki em 1945 não foram tão mortíferos e que os bombardeios aliados de Dresden causaram mais vítimas.
“Esse temor da guerra nuclear está exagerado, segundo meu modo de ver as coisas”, disse o apresentador, que ecoa as palavras de ordem do Kremlin.
Em março de 2014, Dmitriy Kiselev, empresário da mídia oficial, alardeou que a Rússia teria armas para reduzir os EUA a “cinzas radioativas”.
Para o jornal dinamarquês Jyllands-Posten, Kiselev se defendeu dizendo que fez uma observação meramente técnica, e que não se podia achar que ele estivesse pensando nessa “solução final”.
Porém, agora ele voltou mais uma vez ao assunto pelo canal oficial de TV Rossiya 1.
No dia 8 de fevereiro, Kiselev citou frases da doutrina militar oficial fixando os critérios para apelar às bombas nucleares.
Ele sublinhou que as mesmas poderiam ser usadas não só em resposta a um ataque feito à Rússia, mas contra qualquer agressão que “ameace a sua existência”, propósito bastante amplo para justificar um holocausto planetário de consequências imprevisíveis.
“Por que vocês todos temem tanto a guerra atômica? Por que temem a guerra nuclear?”, interrogou na Govorit Moskva o apresentador Aleksey Gudoshnikov. |
No “Moscow Times”, Aleksandr Golt, analista militar do Kremlin, defendeu a doutrina oficial que qualifica de “inteiramente razoável o uso de armas nucleares”.
A mídia, que transmite a vontade do Kremlin, habitualmente prepara o público para a ideia de que a Rússia enfrenta um desafio existencial de “tudo ou nada” – “nós ou eles” –, que justificaria um ataque nuclear “preventivo”.
O noticiário da TV está prenhe de histórias em que a OTAN aparece montando um esquema de ataque junto às fronteiras russas. Os comentadores pintam um Ocidente ávido de destruir o país.
No dia 25 de janeiro, num talk-show na NTV, do grupo Gazprom-Media, o comentarista pró-Putin Sergey Markov anunciou que o Ocidente prepara o terreno para a “eliminação do povo russo como entidade, visando apagá-lo para sempre da história mundial”.
Tal perspectiva justificaria o uso dos artefatos termonucleares, quiçá mesmo preventivamente.
Kiselev falou em seu show semanal “que a própria existência da Rússia contradiz o plano dos EUA”.
São novas a leviandade e a artificialidade com que a mídia russa dominada pelo governo discute as armas nucleares.
A União Soviética se ufanava de seu arsenal nuclear, mas temia usá-lo. Como explicou Kruchev por ocasião da crise dos mísseis em Cuba, a guerra atômica devia ser evitada.
Mas, agora, porta-vozes como Saprykin estão fazendo o público perder o medo do holocausto atômico, discutindo “como e quando” deveria acontecer.
Dessa preparação em curso do espírito público russo, a BBC News conclui que a guerra nuclear já não é mais impensável.
Em listas da Internet podem se encontrar, desenterradas, frases de Joseph Stalin como “a morte é a solução de todos os problemas. Acabou com o homem, acabou com o problema”.
EUA instala baterias anti-mísseis Patriot na Polônia.
Rússia monta mísseis balísticos de ataque nuclear em Kaliningrado:
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Polônia pede mísseis Tomahawk aos EUA.
A Rússia segue entrando na Ucrânia e intensifica exercícios:
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Típico da cultura da morte que é o socialismo/comunismo.
ResponderExcluirE esses vigaristas ainda acusam os EUA e aliados de conturbar o mundo.
A história tem mostrado e dirá, ao final, quem tem razão se os comunistas ou a Santíssima Virgem de Fátima:
"A Rússia espalhará seus erros pelo mundo"
N. Srª de Fátima - Portugal 1917
Porque essa iniciativa de acostumar os russos com o tema da guerra nuclear? Será que é porque esse tema vai ser a principal manchete futuramente em decorrencia de um ataque nuclear de verdade?
ResponderExcluirUma guerra nuclear seria a extinção da humanidade e que poderia até abrir as placas tectônicas e sugar para o centro da terra toda humanidade, sem falar nos maremotos e terremotos que poderia causar.
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