terça-feira, 7 de maio de 2019

Golfinhos e belugas: ‘vítimas úteis’ da agressividade de Moscou

Beluga treinada se aproximando dos pescadores
Beluga treinada se aproximando dos pescadores
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Pescadores do ártico norueguês que moram no povoado de Inga, informaram que uma beluga branca, espécie maior que o golfinho qualificada erroneamente como baleia, começou a se esfregar em um de seus barcos de pesca, como noticiou “La Nación”.

O fato que estranhou aos pescadores é que a beluga levava amarrado um estranho arnês. Joergen Ree Wiig, da Direção Noruega de Pesca, disse que numa correia do arnês do animal marinho estava escrito “Equipe São Petersburgo”.

Além do mais, o arnês carregava uma base onde podia se instalar uma câmera.

A beluga não é um animal agressivo, é gregária, pode medir 5,5 metros e pesar 1.600 kg. No verão se reúne em grupos de até milhares de exemplares.

Sofrem muita depredação por parte dos ferozes ursos brancos, mas sua população é numerosa.



Joergen Ree Wiig, da Direção de Pesca, exibe o arnês capturado.
Joergen Ree Wiig, da Direção de Pesca, exibe o arnês capturado.
O exemplar em questão, segundo Audun Rikardsen, professor do Departamento de Biologia Ártica e Marina da Universidade Ártica da Noruega em Tromsoe “é um animal amansado, acostumado a receber comida e por isso entrou em contato com os pescadores”. Sua conduta foi amigável.

O inusual no animal era o arnês, obviamente instalado por mão humana. Esse detalhe alertou as autoridades norueguesas.

O temor fundado e apoiado em outras descobertas apontava a um animal que fugiu de alguma instalação militar russa, segundo as autoridades.

“O pessoal do exército da Noruega mostrou grande interesse” no arnês, disse Ree Wiig, quem junto com o pescador Joar Hesten pulou na água gelada para liberar a beluga e recuperar o intrigante instrumental.

Ree Wiig acredita que a fonte “mais provável” do enigma é “a Marinha de Guerra russa que tem base em Murmansk”.

A Rússia possui importantes instalações militares por volta dessa cidade na península de Kola, no extremo noroeste russo.

O prof. Rikardsen procurou académicos na Rússia e na Noruega que disseram desconhecer a existência de experimentos explorando militarmente cetáceos, registrou NewScientist.

Foca sendo treinada na base naval russa de Murmansk
Foca sendo treinada na base naval russa de Murmansk
Mas, se a Marinha de guerra russa fez, nem os acadêmicos de seu país seriam informados.

Sabe-se que a União Soviética durante a década de 80 conduziu um programa de treinamento militar de golfinhos. As belugas enxergam com grande nitidez, nadam sigilosamente podendo atingir grandes profundidades e exibem boa memória.

Por isso os soviéticos julgavam que podiam ser ferramentas eficazes para detectar navios inimigos.

O programa soviético foi encerrado oficialmente com a queda da URSS na década de 1990.

Porém, um relatório de 2017 da TV Zvezda, que pertence ao Ministério de Defesa, revelou que a Marinha de Guerra está treinando nas águas da região belugas, focas e golfinhos com objetivos militares.

Nos últimos três anos (2016-2019), o presidente Vladimir Putin reabriu três bases militares na costa do Ártico.

Modelo de golfinho equipado para a guerra
Modelo de golfinho equipado para a guerra
O arnês e o encaixe para câmeras sugerem uma finalidade de espionagem.

Mas não está excluído que as câmeras possam ser completadas com micro-engenhos explosivos, até nucleares, acionados na distância quando localizado um alvo inimigo.

Putin vem se ufanado de novos e surpreendentes armamentos altamente destrutivos sem se importar com a dimensão moral (melhor se diria: imoral) dessas armas.

Belugas e golfinhos seriam ‘vítimas úteis’ desprezíveis para o comando do Kremlin em aras de causar o máximo dano ao adversário, pegando-o de surpresa.


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