Putin teve que reconhecer o empobrecimento da Rússia |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Putin prossegue enfrentando um crescente descontentamento e teve que reconhecer que o nível de vida dos russos se degradou nos últimos anos.
E se obrigou a remediar a situação. Mas poucos acreditam na gasta promessa.
Ordenados baixos demais, aumento nos preços ao consumidor e nos serviços públicos: as queixas não acabam.
Putin confessou que a vida estava mais dura, mas pôs a culpa no Ocidente e na queda da cotação internacional do petróleo, noticiou a agência France Press.
Também defendeu medidas impopulares como a elevação da idade para a aposentadoria, aumento do ICMS, etc., mas insistiu que aumentaria o nível de vida da população que só faz baixar há anos, consertar o calamitoso sistema de saúde e a deficiente coleta do lixo.
O regime criou o programa “Linha direta” em que cada russo pode enviar sua queixa ao presidente.
As questões mais repetidas num total de 1,8 milhões foram: “uma só pergunta: quando o Sr. vai embora?”, “o que faremos quando acabe o petróleo e o gás?”, e “por favor, salve a Rússia”.
Os índices econômicos caem e a popularidade também. Putin tentou tranquilizar respondendo em direto pela TV |
“A pobreza é uma vergonha para a Rússia”, declarou o chefe do Tribunal de Contas da Rússia, Alexeï Kudrin, que não excluiu o risco de uma explosão social.
O descontentamento está redundando numa série de manifestações locais sobre problemas concretos e mais recentemente pela falta de liberdade política nas eleições.
Os russos também estão preocupados pela degradação da política externa num momento em que as relações com os ocidentais atingiram o ponto mais baixo desde o fim da Guerra Fria.
A repressão dos dissidentes serve de termômetro do mal-estar. O jornalista investigativo Ivan Golunov foi preso com a falsa acusação de manter em seu apartamento um laboratório para refino de drogas.NATO se prepara para uma crise de mísseis com a Rússia
“É claro que foi uma armação”, disse a jornalista russa Nastia Dagaeva, da revista Forbes citada pela “Folha de S.Paulo”.
O real motivo foi que Golunov denunciou uma máfia que controla o serviço funerário de Moscou. Nela estão envolvidos membros do poderoso FSB, a principal agência repressiva herdeira da antiga KGB soviética.
Ivan Golunov foi vítima de uma armação porque denunciou máfia do FSB. Putin teve que liberá-lo para acalmar indignação |
Esse revidou mostrando fotos do laboratório de drogas, que depois se verificaram falsificadas.
Putin procurou colher benefícios com uma rápida e inaudita libertação.
O ministro do Interior, Vladimir Kolokostsev reconheceu que houve “erros”, encerrou o processo e libertou o jornalista. Dois policiais que armaram o flagrante contra Golunov, foram suspensos.
Na saída da delegacia Golunov foi aplaudido pelos jornalistas.
“Isso nunca aconteceu na história russa recente. Putin foi obrigado a mudar de tática”, disse por email o jornalista Nikolai Sokolov.
Prisão injusta de Ivan Golunov gerou indignação e mais repressão |
Os três principais diários russos, Kommersant, Vedomosti e RBK, publicaram primeiras páginas idênticas com a frase “Eu sou/Nós somos Ivan Golunov”.
Os assassinatos de repórteres que incomodam estruturas de poder são notórios no país, como o caso de Anna Politkovskaia, que investigava a corrupção em 2006.
Segundo o Comitê para Proteção de Jornalistas, 28 profissionais foram assassinados na Rússia desde 2000 — em comparação, foram 34 no Brasil.
Porém, o colunista Leonid Berchidski do jornal online The Moscow Times não se fez ilusões com a libertação de Golunov: “não vamos nos mover nem um pouco rumo à normalidade”, disse.
Vendo toda essa miséria aqui no blog e mais a repressão violenta contra jornalistas que esperavam cobrir a libertação do colega Ivan Golunov nos telerjornais brasileiros que também lembraram o assassinato do oposicionista Boris Nemtsov em 2015. Eu jamais apoiarei e defenderei o governo russo! O seu "conservadorismo" e antiglobalismo são apenas máscaras de engano para conquistar simpatizantes antiglobalistas!
ResponderExcluirO governo putinista é a infame máfia russa!