Venda de vodca num supermercado de Moscou. Governo abaixou os preços para favorecer o consumo. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A degradação da economia russa levou Moscou a adotar uma medida aparentemente irracional, mas já praticada em larga medida no tempo da União Soviética.
O regime de Putin ordenou baratear 16% o preço da vodca "oficial", já muito baixo, para acalmar a população. O “Moscow Times” informou que em 2015 o preço de meio litro caiu para sete reais.
Este é um dos recursos de que lançou mão o governo na sua tentativa de anestesiar o mal-estar popular e estimular a bebedeira, um dos vícios mais arraigados e perniciosos na Rússia.
Segundo estudo citado pelo jornalista Adam Taylor do “The Washington Post”, o russo consumia em média 14 litros de vodca em 2012, sete vezes mais álcool do que a média dos americanos.
Após a queda da URSS, a Rússia vinha tentando limitar esse flagelo nacional impondo preços elevados. Os estudos oficiais apontavam que o consumo de vodca contribuía para “uma taxa extraordinariamente alta de mortalidade”.
O aumento dos preços favoreceu uma diminuição da mortalidade prematura, mas também fez crescer a produção de álcool ilegal, de baixíssima qualidade e que foge às estatísticas.
Segundo Adam Taylor, esse álcool tóxico responde pela maior parte de consumo e muitas vezes é de tão má qualidade que pode se discutir se merece o nome de vodca, ainda que barata.
A promoção da vodca para entorpecer a população foi geral na era soviética. Ainda hoje o alcoolismo é responsável pela baixíssima expectativa de vida. |
Esse álcool é feito sem respeitar os mínimos critérios de qualidade e é capaz de causar graves doenças mentais e físicas, e até mesmo a morte.
Putin anunciou outrora que cortaria pela metade o consumo desse álcool venenoso. Mas seu plano seria outro: degradar o povo e mantê-lo anestesiado para que não proteste.
Tal é uma das monstruosas consequências dos planos de Putin para consolidar a “nova URSS”.
Segundo a OMS, a Rússia está entre os países com maior consumo de álcool em todo o mundo, noticiou ONU News.
A agência descreveu os padrões de consumo como "perigosos" e diz que são responsáveis por um alto nível de mortes.
O país viveu uma "crise de mortalidade" durante as décadas de 1990 e 2000 segundo a OMS.
Nessa época, metade dos homens em idade produtiva morria prematuramente por causa do abuso de álcool.
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