domingo, 3 de maio de 2020

Moscou favorece o álcool
para entorpecer a população e manté-la 'contente'

Venda de vodca num supermercado de Moscou.  Governo abaixou os preços para favorecer o consumo.
Venda de vodca num supermercado de Moscou.
Governo abaixou os preços para favorecer o consumo.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A degradação da economia russa levou Moscou a adotar uma medida aparentemente irracional, mas já praticada em larga medida no tempo da União Soviética.

O regime de Putin ordenou baratear 16% o preço da vodca "oficial", já muito baixo, para acalmar a população. O “Moscow Times” informou que em 2015 o preço de meio litro caiu para sete reais.

Este é um dos recursos de que lançou mão o governo na sua tentativa de anestesiar o mal-estar popular e estimular a bebedeira, um dos vícios mais arraigados e perniciosos na Rússia.

Segundo estudo citado pelo jornalista Adam Taylor do “The Washington Post”, o russo consumia em média 14 litros de vodca em 2012, sete vezes mais álcool do que a média dos americanos.

Após a queda da URSS, a Rússia vinha tentando limitar esse flagelo nacional impondo preços elevados. Os estudos oficiais apontavam que o consumo de vodca contribuía para “uma taxa extraordinariamente alta de mortalidade”.



O aumento dos preços favoreceu uma diminuição da mortalidade prematura, mas também fez crescer a produção de álcool ilegal, de baixíssima qualidade e que foge às estatísticas.

Segundo Adam Taylor, esse álcool tóxico responde pela maior parte de consumo e muitas vezes é de tão má qualidade que pode se discutir se merece o nome de vodca, ainda que barata.

A promoção da vodca para entorpecer a população foi geral na era soviética. Ainda hoje o alcoolismo é responsável pela baixíssima expectativa de vida na Rússia.
A promoção da vodca para entorpecer a população foi geral na era soviética.
Ainda hoje o alcoolismo é responsável pela baixíssima expectativa de vida.
Vadim Drobiz, chefe do Centro independente para o Estudo dos Mercados Regionais e Federais de Álcool, considera que o consumo de vodca ilegal aumentou 65% desde 2009.

Esse álcool é feito sem respeitar os mínimos critérios de qualidade e é capaz de causar graves doenças mentais e físicas, e até mesmo a morte.

Putin anunciou outrora que cortaria pela metade o consumo desse álcool venenoso. Mas seu plano seria outro: degradar o povo e mantê-lo anestesiado para que não proteste.

Tal é uma das monstruosas consequências dos planos de Putin para consolidar a “nova URSS”.

Segundo a OMS, a Rússia está entre os países com maior consumo de álcool em todo o mundo, noticiou ONU News.

A agência descreveu os padrões de consumo como "perigosos" e diz que são responsáveis por um alto nível de mortes.

O país viveu uma "crise de mortalidade" durante as décadas de 1990 e 2000 segundo a OMS.

Nessa época, metade dos homens em idade produtiva morria prematuramente por causa do abuso de álcool.


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