Grafites do comandante supremo na Crimeia ocupada lembram a Havana de Fidel Castro |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Pouco se fala do destino dos habitantes da Crimeia, invadidos e submetidos pelos soldados russos.
A grande mídia ocidental guarda um silencio estranho, embora a população sofra uma opressão mais própria de uma ditadura ou de um regime soviético, segundo se tira de reportagem da Deutsche Welle. .
Nas ruas pode se encontrar o grafite de Vladimir Putin enquanto herói libertador, como o de Fidel Castro ou do Che Guevara nos muros carcomidos das cidades e aldeias cubanas.
As bandeiras russas substituíram as ucranianas antes mesmo do referendo fraudulento para fingir uma anexação legal.
Na primavera de 2014, soldados uniformizados, mas sem insígnias ou identificação ocuparam o prédio do governo, o Parlamento de Simferopol e, posteriormente, o quartel-general do exército ucraniano na Crimeia que faz parte da Ucrânia.
Mas não diga isso porque quem rejeita a anexação é perseguido.
Tártaros foram massacrados por Stalin e querem a Ucrânia e são atropelados |
Desde 2016 não cessam os reides e prisões. Já em 1944, os tártaros da Crimeia foram deportados à Sibéria como “inimigos do povo” por ordem de Stalin. Só voltou uma minoria.
A perseguição atual reedita aqueles anos de massacre e desaparição.
Em 2014, todos os canais de TV ucranianos foram desconectados e, desde então, apenas a TV analógica russa pode ser assistida.
O canal independente dos tártaros da Crimeia, ATR, continua transmitindo de Kiev, fora da área dominada pela repressão russa. Outros meios de comunicação também foram proibidos.
Os EUA e a União Europeia não reconheceram a anexação, aplicaram sanções e proibiram seus cidadãos de comprar imóveis e empresas na Crimeia. A importação de produtos da Crimeia tampouco é permitida.
Na Crimeia ocupada só se pode ver a TV russa. |
Essa elite dourada foi substituída pela sinistra nomenklatura soviética. A reunião internacional de Yalta em que as potências vencedoras da II Guerra Mundial fizeram a distribuição do mundo sobre o mapa, aconteceu em instalações hoteleiras dos tempos da riqueza.
As praias ainda são acessíveis ao público, mas o afluxo de turistas caiu 30% nos últimos três anos.
As conexões ferroviárias foram interrompidas, os voos são muito caros e os navios de cruzeiro não visitam mais a costa da Crimeia.
Nem mesmo os apoiadores do referendo montado por Putin estão satisfeitos. Eles vivem reclamando que cumpra suas promessas e resolva os problemas sociais.
Crimeia ocupada é um cárcere coletivo para os não russos |
Os pequenos empresários tiveram suas propriedades produtivas redistribuídas em favor dos empresários russos.
A oposicionista Rádio Liberdade que emite do exterior difundiu que o número de pequenos negócios caiu de 15.000 em 2014 para 1.000 em 2016.
Os proprietários costumam ser desapropriados pelos tribunais que podem declarar inválidos os documentos assinados antes da anexação.
Apenas cidadãos da Crimeia com passaporte russo podem comprar chips para telefones celulares.
Os passaportes emitidos na Crimeia não permitem viajar nem para a UE nem para os EUA.
Os únicos beneficiados foram os aposentados que exibem passaportes russos para cobrar a aposentadoria em níveis russos, baixos em si mesmos, mas notavelmente superiores à miséria concedida aos habitantes do país invadido.
Os grafites lembram também aqueles lindos murais dos católicos da Irlanda, em Belfast. São emocionantes.
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