domingo, 27 de junho de 2021

Fricções militares com a Rússia fazem temer o pior

Rússia diz que só houve 'tiros de advertência'
Rússia diz que só houve 'tiros de advertência'
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O HMS Defender uma das naves mais modernas e poderosas da marinha de guerra britânica, foi objeto de voos e bombardeios de advertência por parte de jatos de guerra russos no Mar Negro, informou “O Globo”.

O Ministério de Defesa russo alegou que o contratorpedeiro britânico adentrou águas da Península da Crimeia navegando em uma área anexada pela Rússia em 2014 após um referendo não reconhecido pelas potências ocidentais.

A Rússia também convocou a embaixadora do Reino Unido em Moscou e intimou Londres de que, se embarcações de guerra britânicas voltarem a navegar na costa da Crimeia, no Mar Negro, serão bombardeadas.

Acontece que o Reino Unido, como disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, considera “ilegal” a anexação da Crimeia e que as águas em que navegava o barco inglês são ucranianas, e agia de forma “totalmente correta”.

A Marinha britânica disse ter agido “com o direito internacional”, e tratou os disparos de alerta russos como meros “exercícios de tiro”.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia voltou ao habitual uso do insulto quando é acuado.

Vídeo. Mar Negro: Moscou diz que disparou contra navio britânico mas Londres nega, clique na foto para ver



Para a Rússia, o Mar Negro é estratégico porque é sua única saída para o Mediterrâneo, e vários países como a Turquia com praias nesse mar fazem parte da NATO permitindo a livre circulação de belonaves da França, Reino Unido e EUA.

Repórteres da BBC e do Daily Mail a bordo do HMS Defender descreveram uma cena tensa durante a qual navios russos se aproximaram até entre 100 e 200 metros.

A BBC registrou um guarda-costas russo ameaçando: “Se você não mudar o curso, eu atiro”.

Segundo a BBC saíram tiros e cerca de 20 aeronaves russas passaram “zunindo” sobre o navio britânico.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia acusou o navio britânico de “ações provocatórias e perigosas” e o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, qualificou o incidente de “provocação deliberada e preparada”, publicou TSF.

Em recado-revide a Rússia enviou dois caças MiG-31K equipados com um novo míssil hipersônico para exercícios aeronavais na Síria. Ali se uniram a bombardeiros Tu-22M3, aviões de patrulha antissubmarino e cinco navios de guerra, liderados pelo cruzador Moskva, noticiou a Folhapress.

Na área está o novo porta-aviões britânico, o HMS Queen Elizabeth, que usa novos caças F-35B, vários pilotados por americanos, para atacar remanescentes do Estado Islâmico no país árabe.

Desenho do Kinzhal, topo do iceberg na nova guerra
Desenho do Kinzhal, topo do iceberg na nova guerra
Tudo isso é visto como uma reverberação do incidente na Crimeia.

Também Putin busca reforçar sua posição interna abalada pela repressão de opositores. Também agita a bandeira nacionalista para tentar melhorar a má posição de seu partido com vistas à eleição parlamentar de setembro.

O aumento de tensões incide na renovada agressividade do presidente Joe Biden contra a Rússia e a crescente repressão de Putin à oposição local.

Neste ano, EUA sancionou a Rússia pelo deslocamento de tropas para pressionar a Ucrânia a não atacar separatistas pró-Kremlin e está havendo intensa movimentação militar nos mares Báltico e Negro.

Putin reforçou a cooperação militar com a China, e o encontro dos líderes russo e americano em Genebra não resultou em avanços concretos.

A União Europeia hesita em fazer o mesmo pois os países do leste europeu temem as provocações da Rússia.

Vídeo. Mar Negro: tensão entre Reino Unido e Rússia chega à Síria, clique na foto para ver




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