domingo, 3 de julho de 2022

Onda de expurgos

Marina Ovsyannikova salvou a vida pela repercussão do protesto
Marina Ovsyannikova salvou a vida pela repercussão do protesto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Em março, Putin ordenou limpar Rússia da “escória de traidores” que trabalharia para os EUA dando notícias desastrosas da guerra e criticando-a no seu círculo íntimo.

A ameaça saiu depois que Marina Ovsyannikova da TV estatal Channel One exibiu um cartaz atrás do locutor do noticiário que dizia: “Eles estão mentindo para você”.

Quase 15.000 russos foram detidos em protestos contra a guerra, dezenas de milhares se exilaram e uma nova lei pune com até 15 anos de prisão a quem noticie o mal rumo da guerra.

Desde então, as mortes misteriosas de oligarcas e de suas famílias somam dezenas. A maioria foi alvo de “suicídios” análogos.

Alexander Tyulyakov, vice-diretor do tesouro da Gazprom, a todo-poderosa empresa estatal de energia, apareceu enforcado na garagem de seu apartamento.



Os médicos legistas foram expulsos do local pelos serviços de segurança.

Mikhail Watford, magnata do petróleo e do gás também foi achado enforcado na sua casa em Londres.

Sergey Protosenya foi achado enforcado. Sua mulher e sua filha massacradas a facadas e machadadas na sua villa em Lloret de Mar, Costa Brava
Sergey Protosenya foi achado enforcado. Sua mulher e sua filha massacradas a facadas e machadadas
na sua villa em Lloret de Mar, Costa Brava
Sergei Protosenya, ex-CEO da gigante russa do gás Novatek, também apareceu enforcado em Lloret del Mar, na Espanha. Sua esposa e filha foram esfaqueadas até a morte.

O milionário Vasily Melnikov líder da farmacêutica MedStom, foi outro morto a facadas junto com sua esposa e dois filhos em seu apartamento de Moscou.

Vladislav Avaev, ex-vice-presidente do Gazprombank, sua esposa e filha foram crivados de balas na capital russa.

Vladislav Surkov, o “Rasputin de Putin” foi colocado em prisão domiciliar sem se saber as razões.

Os serviços de inteligência e das forças armadas não passam melhor. O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, reapareceu, em trajes civis.

O general Valery Guerasimov está ‘volatilizado’ desde 11 de março e não apareceu na solene parada militar do 9 de maio.

Viktor Solotov, chefe da Guarda Nacional está desaparecido
Viktor Solotov, chefe da Guarda Nacional está desaparecido
Viktor Zolotov,
chefe da Guarda Nacional disse que a invasão ia “mais devagar do que o esperado” e nunca mais foi visto.

Para os serviços de inteligência britânicos, cerca de 150 agentes dos serviços russos foram dispensados ou presos, como seu diretor, o tenente-coronel Serguey Beseda que dorme na sinistra prisão de Lefortovo.

As pesquisas falam de um apoio popular esmagador à campanha militar. Mas quem se diria em desacordo quando a lei criminaliza as críticas à guerra?

Magnatas se manifestam timidamente porque as sanções do Ocidente congelaram bilhões de dólares nas contas no exterior.

Anatoly Chubais, czar da privatização da era Yeltsin está fugitivo. 

A chefe do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, apresentou sua renúncia e Putin não a aceitou.

FBI devassa mansão de Oleg Deripaska em Washington
Oleg Deripaska, magnata do alumínio, chamou a guerra na Ucrânia de “loucura” e agentes federais invadiram sua casa em Washington.

Bilionários, banqueiros, ex-funcionários falam sob anonimato que o presidente não ouve ninguém, está cada vez mais isolado e só dá crédito a um punhado de oficiais linha-dura.

Putin pode ter que ceder o controle da guerra durante uma cirurgia de câncer , porém desconfia de todos em quem vê “traidores”.

Mas, preferiria Nikolai Patrushev, chefe do Conselho de Segurança, um dos arquitetos da guerra.

Putin teria câncer abdominal e Parkinson avançado há 18 meses, mas atrasa a cirurgia para anunciar o triunfo em Ucrânia no Dia da Victoria.

Putin passa frio no Dia da Vitória, 9 de maio
Putin passa frio no Dia da Vitória, 9 de maio
Mas não conseguiu e ainda se cobriu com um cobertor contra o frio em meio a muitos generais anciões que não tomavam essa precaução.


Putin quer uma guerra total com mobilização em massa dos homens em condição de lutar mas está enviando jovens sem experiência a uma morte muito provável.

Putin não confia em novas medicações, seu médico foi afastado acusado de charlatão e seu estado psicopático é comparado com o de Hitler nos últimos dias.

Um dos maiores temores é que o líder em crise solte a guerra atômica antes de desaparecer.


Nenhum comentário:

Postar um comentário