domingo, 4 de setembro de 2022

Estônia e Letônia derrubam monumentos soviéticos e Putin monta em cólera

Letônia, antes e depois
Letônia, antes e depois
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A Letônia derrubou um monumento da época soviética que comemora a vitória do Exército de Stalin na II Guerra Mundial. Uma semana antes, a vizinha Estônia demoliu um monstruoso monumento feito pelos ocupantes comunistas com intenções similares, noticiou “Los Angeles Times”.

O humilhante monumento estava no Parque da Vitória, no centro de Riga e exibia uma torre de concreto de 80 metros com uma estrela soviética no topo e dois grupos de estátuas na beira de um lago.

Um grupo escultórico representa um bando de três soldados do Exército Vermelho e, do outro lado, uma mulher levanta os braços supostamente para representar a pátria.

O monumento foi construído em 1985, quando a Letônia ainda fazia parte da União Soviética, hoje extinta.

Para os letões, o monumento evocava o espantoso regime opressivo feito de crimes, prisões e deportações a Sibéria que custaram a vida a centenas de milhares de seus antepassados e fizeram viver no terror e na fome aos sobreviventes.

A Letônia tem uma fronteira de 214 quilômetros com a Rússia, e nela moram muitos russos étnicos, especialmente ex-funcionários do regime comunista que escolheram o país para aproveitar sua aposentadoria num clima benigno para aquelas latitudes.

Eles se reuniam em frente ao monumento para colocar flores e realizavam concertos.

Mas os letões recuperaram a independência em 1991 e o país se tornou membro da OTAN e da União Europeia.

Os países bálticos removeram muitos desses achincalhantes monumentos que glorificam a União Soviética ou os líderes comunistas.

Derrubada do obelisco de 80 metros
Derrubada do obelisco de 80 metros
O monumento soviético que a Estônia removeu a semana anterior era coroado por um esmagador tanque na cidade de Narva, no leste do Báltico.

Letônia, Estônia e Lituânia são três pequenos países junto ao Báltico que temem uma invasão russa e assumiram uma posição corajosa anti-Putin vendo os horrores que estão sendo praticados pelos russos Ucrânia.

A agencia oficial alemã Deutsche Welle acrescentou que o monumento estoniano era denominado Memorial e sua queda é apenas a mais recente de uma série de outras na Europa Oriental desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.

Um canal letão transmitiu o evento ao vivo enquanto várias pessoas com bandeiras do país aplaudiam a demolição.

No Twitter, o ministro das Relações Exteriores disse que o país estava “dobrando mais uma página dolorosa da história e procurando um futuro melhor”.

Desde o início da guerra de agressão russa contra a Ucrânia, os países bálticos vêm expressando forte apoio a Kiev sem temer ao gigante provocador em suas fronteiras.

O Parlamento letão também aprovará a remoção de todas as estátuas, placas e baixos-relevos da era comunista.

Por sua conta, o dia anterior, trabalhadores da cidade de Brzeg, no sudoeste da Polônia, começaram a demolir outro memorial da guerra comunista, o 24º a ser demolido na Polônia desde março [2022].

A Rússia reagiu contra o que falsamente julgou ser uma “campanha bárbara”, “quase fascista”, promovida pela Letônia, Lituânia e Estônia para a demolição “maciça” de monumentos dedicados aos soldados comunistas e a “perseguição e discriminação da população de língua russa” “já passou muito além do marco legal e das normas de comportamento dos países civilizados”, noticiou “Clarín”.

Esses exageros e sofismas reproduzem os usados para invadir covardemente a Ucrânia.

O ministério de Relações Exteriores russos, como fez contra a Ucrânia, salientou de ser um gesto em favor dos invasores nazistas que “profana a memória dos soldados que derrotaram o fascismo” e que na Rússia é venerada até pelos visitantes aliados.


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