Legisladores de 18 distritos pedem destituir Putin por traidor e incompetente

Rússia abandona igrejas e aldeias destruídas sem objetivo militar

Luis Dufaur

Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

O assassinato misterioso de dissidentes na Rússia prossegue em aumento.

Por isso foi uma rara demonstração de coragem da dissidência russa, quando deputados regionais de uma cidade de São Petersburgo pediram o impeachment do presidente russo, Vladimir Putin.

Os deputados locais do município de Smolninskoye, Dimitri Paliuga e Nikita Yuferev, lideraram um apelo à Duma [Legislativo nacional] russa para acusar Putin do crime de alta traição, noticiou “La Nación”.

No total 20 vereadores aproveitou a ausência de membros do partido governante Rússia Unida para conseguir aprovar de surpresa esta iniciativa

No Twitter, Paliuga acusou Putin de ser responsável pela:

Russos fogem em debandada diante do contra-ataque ucraniano
abandonando até os feridos

“(1) aniquilação de jovens russos aptos que serviriam melhor à força de trabalho do que aos militares;

“(2) recessão econômica e fuga de cérebros da Rússia;

“(3) a expansão da OTAN para o leste, incluindo a adição da Finlândia e da Suécia para ‘duplicar” sua fronteira com a Rússia;

“(4) o efeito oposto ao anunciado da ‘operação militar especial’ na Ucrânia”, perífrase do Kremlin para denominar a invasão injusta do vizinho.

“Somos contra matar ucranianos”, explicou Dimitri Paliuga. “O pretexto de desmilitarizar a Ucrânia é um disparate. E aconteceu o contrário: agora eles têm mais armas”, arguiu.

Paliuga é um programador de 35 anos decidiu entrar na política quando a Rússia anexou a Crimeia: “Quero que a Rússia seja um país moderno, que se preocupe com seus cidadãos, não com o que os americanos fazem”, declarou.

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Após a publicação, os legisladores foram citados pela polícia de São Petersburgo por “desacreditar a autoridade” da Rússia.

Paliuga informou que dois dos quatro deputados convocados foram libertados pela polícia e todos devem enfrentar multas.

Segundo “El Mundo” de Madri, a ousada iniciativa partiu de São Petersburgo, a cidade natal de Vladimir Putin onde esse fez sua carreira política.

Ela partiu de um punhado de equivalentes a vereadores e surpreendeu o país porque ninguém se atreve falar a verdade ao presidente russo e lhe dizer, mesmo educadamente como neste casso, que é um traidor e incompetente e que deve sair ou sofrer um impeachment.

O exemplo foi imitado e uma iniciativa semelhante surgiu em Moscou.

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na fuga da contraofensiva ucraniana, foto em Balakliya

Dois dias depois uma mensagem semelhante do Conselho de Deputados do distrito municipal de Lomonosovsky, Moscou, pediu ao presidente russo que renuncie.

“É um gesto puramente político, sabemos que a Duma é uma marionete e não nos ouvirá”, disseram. Mais três prefeitos se abstiveram “por medo”.

Paliuga garante que “muitos russos” escreveram para ele para dizer que o “apoiam totalmente”.

No dia seguinte já somavam 18 os distritos onde os legisladores municipais ou equivalentes  tinham encaminhado uma solicitação análoga, de acordo com informações da CNN.