Navio russo hostiliza o USS Farragut. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No início de janeiro do corrente [2020], um navio de guerra russo “abordou agressivamente” o destroier USS Farragut, da Marinha americana, que operava no Mar da Arábia do Norte.
A unidade russa ignorou os avisos do navio dos EUA arriscando um acidente, afirmou nota da V Frota, noticiou “The Epoch Times”.
O Farragut emitiu o sinal marítimo internacional de risco de colisão, tendo solicitado ao navio russo mudança de rumo, obedecendo as regras internacionais.
O 'Yantar' ancorado no Rio de Janeiro |
O navio russo inicialmente se recusou, mas acabou alterando o rumo, não sem antes fazer manobras agressivas com risco de colisão.
A Marinha americana publicou vídeos demonstrando a desnecessária e agressiva aproximação.
Segundo a CNN, o Farragut faz parte do grupo de porta-aviões USS Harry S. Truman e tem a tarefa de interceptar navios inimigos em potencial para que não se aproximem do porta-aviões.
As Forças Armadas russas costumam praticar esse tipo de aproximações a fim de testar a capacidade de resistência e técnicas dissuasivas de adversários ocidentais, além de treinar o seu potencial agressivo.
O incidente foi mais um exemplo de encostamentos hostis que não se concretizam em choques, como nos tempos da Guerra Fria.
As autoridades americanas as julgam pelo menos imprudentes.
A hostilização aconteceu cerca de sete meses após outro incidente no Pacífico entre navios dos EUA e da Rússia.
As naves norte-americanas precisaram fazer manobras de emergência para evitar colisões.
F-22 interceptam bombardeiros nucleares TU-160 e caças russos na costa do Alasca |
O Ministério da Defesa do Kremlin deu o pretexto de uma rotina de treinamento de “dois porta-mísseis estratégicos Tu-160” que testaram um “voo de mais de oito horas, percorrendo mais de 6 mil quilômetros.”
A Rússia também prepara o primeiro de três navios quebra-gelo movidos a energia nuclear.
Foi batizado de Ural, e construído em São Petersburgo, segundo informou a coluna “Mar sem fim” de OESP.
O Kremlin prepara os maiores e mais poderosos quebra-gelos do mundo para consolidar sua hegemonia na possível intensificação do tráfego comercial no Mar do Norte.
Como foi observado pelos cientistas mais objetivos, o Ártico está passando pela parte do rotineiro ciclo de 70 anos, em que o degelo reduz a camada flutuante de gelo à sua menor expressão.
Contrariamente ao alarmismo ecologista, tal degelo não eleva o nível dos mares e ainda favorece a navegação comercial em grande parte do Ártico, com óbvios benefícios para os países.
Cfr. Ignorância ou fraude nos exageros ambientalistas sobre o derretimento do Ártico?
Novas estruturas estão sendo construídas pela Rússia, além de modernizar seus portos com o objetivo de tornar a força predominante no tráfego da Rota do Mar do Norte (NSR).
Essa rota é cobiçada repetidamente desde o século XV. No século XIX, a Marinha Britânica fez diversas expedições para definir a denominada Passagem Noroeste.
“O Ural, juntamente com seus irmãos, é fundamental para o nosso projeto estratégico de abertura do NSR à atividade durante todo o ano”, disse Alexey Likhachev, executivo-chefe da Rosatom, empresa estatal de energia nuclear da Rússia.
O 'Ural' |
Por sua vez, Putin afirmou que frota russa do Ártico operaria pelo menos 13 quebra-gelo pesados em 2035, nove dos quais seriam movidos por reatores nucleares.
O Ártico tem reservas de petróleo e gás equivalentes a 412 bilhões de barris de petróleo, quer dizer cerca de 22% do petróleo e gás ainda não descobertos no mundo, estima o US Geological Survey.
De acordo com o site National Interest, a Rússia já lançou ao mar o quebra-gelos Arktika, o maior do mundo e o primeiro de uma série de mais cinco para renovar sua força atual de seis quebra-gelos pesados. O navio estaria em fase de testes.
A Guarda Costeira dos EUA parece estar atrasada na corrida, tendo encomendado em abril de 2019 o primeiro quebra-gelo pesado em quatro décadas.
E a Rússia quer mais. O site NavalNews.net informa que alocou US$ 2 bilhões para construir um quebra-gelo nuclear de alta tecnologia que manterá o Ártico desimpedido para o transporte durante o ano todo.
Será o projeto mais caro da história da construção naval russa. O nome do navio será “Líder”, e será maior e mais aerodinâmico dos que já encomendados.
Com este “Titanic” e sua frota complementar, Moscou espera administrar uma artéria marítima de 6.000 quilômetros de gelo entre a Europa e a Ásia que rivalize estrategicamente com o Canal de Suez.
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