segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Rússia esbanja agressividade e visa expansionismo

Navio russo hostiliza o USS Farragut.
Navio russo hostiliza o USS Farragut.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






No início de janeiro do corrente [2020], um navio de guerra russo “abordou agressivamente” o destroier USS Farragut, da Marinha americana, que operava no Mar da Arábia do Norte.

A unidade russa ignorou os avisos do navio dos EUA arriscando um acidente, afirmou nota da V Frota, noticiou “The Epoch Times”.

O Farragut emitiu o sinal marítimo internacional de risco de colisão, tendo solicitado ao navio russo mudança de rumo, obedecendo as regras internacionais.


O navio russo inicialmente se recusou, mas acabou alterando o rumo, não sem antes fazer manobras agressivas com risco de colisão.

A Marinha americana publicou vídeos demonstrando a desnecessária e agressiva aproximação.

Segundo a CNN, o Farragut faz parte do grupo de porta-aviões USS Harry S. Truman e tem a tarefa de interceptar navios inimigos em potencial para que não se aproximem do porta-aviões.

As Forças Armadas russas costumam praticar esse tipo de aproximações a fim de testar a capacidade de resistência e técnicas dissuasivas de adversários ocidentais, além de treinar o seu potencial agressivo.

O incidente foi mais um exemplo de encostamentos hostis que não se concretizam em choques, como nos tempos da Guerra Fria.

As autoridades americanas as julgam pelo menos imprudentes.

A hostilização aconteceu cerca de sete meses após outro incidente no Pacífico entre navios dos EUA e da Rússia.

As naves norte-americanas precisaram fazer manobras de emergência para evitar colisões.

F-22 interceptam bombardeiros nucleares TU-160 e caças russos na costa do Alasca
F-22 interceptam bombardeiros nucleares TU-160 e caças russos na costa do Alasca
Em agosto (2019), a Rússia confirmou o envio de bombardeiros com capacidade nuclear para as proximidades do Alasca, que a Rússia reivindica como próprio, e que a propaganda eleitoral putinista prometeu recuperar.

O Ministério da Defesa do Kremlin deu o pretexto de uma rotina de treinamento de “dois porta-mísseis estratégicos Tu-160” que testaram um “voo de mais de oito horas, percorrendo mais de 6 mil quilômetros.”

A Rússia também prepara o primeiro de três navios quebra-gelo movidos a energia nuclear.

Foi batizado de Ural, e construído em São Petersburgo, segundo informou a coluna “Mar sem fim” de OESP.

O Kremlin prepara os maiores e mais poderosos quebra-gelos do mundo para consolidar sua hegemonia na possível intensificação do tráfego comercial no Mar do Norte.

Como foi observado pelos cientistas mais objetivos, o Ártico está passando pela parte do rotineiro ciclo de 70 anos, em que o degelo reduz a camada flutuante de gelo à sua menor expressão.

Contrariamente ao alarmismo ecologista, tal degelo não eleva o nível dos mares e ainda favorece a navegação comercial em grande parte do Ártico, com óbvios benefícios para os países.

Cfr. Ignorância ou fraude nos exageros ambientalistas sobre o derretimento do Ártico?

Novas estruturas estão sendo construídas pela Rússia, além de modernizar seus portos com o objetivo de tornar a força predominante no tráfego da Rota do Mar do Norte (NSR).

Essa rota é cobiçada repetidamente desde o século XV. No século XIX, a Marinha Britânica fez diversas expedições para definir a denominada Passagem Noroeste.

“O Ural, juntamente com seus irmãos, é fundamental para o nosso projeto estratégico de abertura do NSR à atividade durante todo o ano”, disse Alexey Likhachev, executivo-chefe da Rosatom, empresa estatal de energia nuclear da Rússia.

O 'Ural'
Likhachev atribuiu a Putin a ideia de construir o quebra-gelos para fortalecer a presença de Moscou no Ártico.

Por sua vez, Putin afirmou que frota russa do Ártico operaria pelo menos 13 quebra-gelo pesados em 2035, nove dos quais seriam movidos por reatores nucleares.

O Ártico tem reservas de petróleo e gás equivalentes a 412 bilhões de barris de petróleo, quer dizer cerca de 22% do petróleo e gás ainda não descobertos no mundo, estima o US Geological Survey.

De acordo com o site National Interest, a Rússia já lançou ao mar o quebra-gelos Arktika, o maior do mundo e o primeiro de uma série de mais cinco para renovar sua força atual de seis quebra-gelos pesados. O navio estaria em fase de testes.

A Guarda Costeira dos EUA parece estar atrasada na corrida, tendo encomendado em abril de 2019 o primeiro quebra-gelo pesado em quatro décadas.

E a Rússia quer mais. O site NavalNews.net informa que alocou US$ 2 bilhões para construir um quebra-gelo nuclear de alta tecnologia que manterá o Ártico desimpedido para o transporte durante o ano todo.

Será o projeto mais caro da história da construção naval russa. O nome do navio será “Líder”, e será maior e mais aerodinâmico dos que já encomendados.

Com este “Titanic” e sua frota complementar, Moscou espera administrar uma artéria marítima de 6.000 quilômetros de gelo entre a Europa e a Ásia que rivalize estrategicamente com o Canal de Suez.


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