Ofensiva mal feita em Vuledar. Em poucos dias a Rússia perdeu 130 blindados e teve milhares de baixas |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A julgar por relatos de oficiais ucranianos e ocidentais, de soldados russos capturados e blogueiros militares russos, e pelas imagens de satélite e vídeo, a campanha russa está sendo vítima de sua disfunção no campo de batalha, escreveu o “The New York Times”.
Moscou enviou como reforços muitos milhares de recrutas inexperientes, sem obter progresso no campo de batalha.
O secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, disse à BBC que “97% do exército russo está na Ucrânia”. E o Pentágono estima que cerca de 80% das forças terrestres da Rússia estão engajadas na aventura bélica de Putin.
Na recente ofensiva russa em Vugledar, na frente leste de Donetsk e na frente sul de Zaporizhia, os comandantes russos cometeram erros básicos, observa o coronel Oleksii Dmytrashkivskyi, porta-voz do exército ucraniano.
Ele acrescentou que em Vugledar, duas brigadas de elite da infantaria naval russa, a 40ª e a 155ª, foram dizimadas. Numa semana de combates, os russos perderam pelo menos 130 veículos blindados, incluindo 36 tanques.
O cálculo foi corroborado por imagens de drones submetidas a analistas militares independentes, e confirmado pelas contas de blogueiros militares russos, ardentes defensores da guerra, mas também críticos raivosos do desempenho dos comandantes russos.
A cólera dos blogueiros russos entusiastas da guerra quase não tem limites contra os responsáveis de tocar a invasão, vendo nos vídeos os erros cometidos com táticas obsoletas da II Guerra Mundial.
Wallace, o secretário de Defesa britânico, citou relatos de que em Vugledar “toda uma brigada russa foi efetivamente eliminada” e que Moscou havia perdido “1.000 homens em dois dias”.
Milhares de soldados russos preferem se entregar até via celular |
Muitos soldados russos capturados foram mobilizados pelo recrutamento de 300.000 reservistas, ou ditos tais, anunciado por Putin em setembro de 2022, enquanto outros são mercenários do Grupo Wagner, muitos deles criminosos recrutados nas prisões.
Para piorar, uma rivalidade feroz tomou conta das forças de Wagner e o exército regular russo.
O grupo mercenário alega – aliás mentindo sem senso da realidade – que seus combatentes são mais capazes e experientes.
Depois de meses de ataques implacáveis os ucranianos se encontram em uma situação cada vez mais precária, numa Bakhmut em ruínas.
O Grupo Wagner anuncia há meses que tomou a cidade, mas quase não progride além das periferias sacrificando milhares de presos comuns enviados sem preparo ao matadouro e com agentes especiais assassinando aos que não avançam.
Para renovar a confiança no líder Vladimir Putin, a Zona Cinza, canal do Grupo Wagner no Telegram, pede que os comandantes russos sejam responsabilizados em julgamento público.
No momento, diz o coronel ucraniano Dmytrashkivskyi, os ataques em larga escala diminuíram, e os russos continuam atacando em pequenos grupos.
Mas se persistirem com essa tática, “eles vão para a morte certa, é simples assim”, disse o porta-voz militar ucraniano.