Emblema da STASI (Ministério de Segurança do Estado, Alemanha comunista) |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O que foi de meu pai, de meu irmão ou de meu avô, levados um dia pela polícia secreta comunista e que nunca voltei a ver? Onde foi enterrado? Teve sepultura?
Perguntas doloridas como essas povoam as mentes de incontáveis vítimas do regime soviético na Rússia e na Europa Oriental. E suscitam obviamente o desejo de algo que apazigue a dor de alma.
Um estudante universitário moscovita que fazia um curso em São Paulo contou-me que em pleno “expurgo” estalinista, um andar inteiro da administração soviética em Moscou foi invadida por um esquadrão de agentes da NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos, depois mudou de nome), encarregada dos campos de concentração, espionagem e repressão em geral.
Entre os funcionários estava o avô do rapaz. Todos foram levados, ninguém pode pegar qualquer coisa ou avisar os parentes. Acabaram sumindo no sinistro arquipélago de campos de trabalho forçado, não se sabe onde.
Décadas depois, a avó do jovem, recebeu uma carta do governo, informando que a operação foi um “erro” e apresentava desculpas oficiais.
Ninguém da família nunca mais soube como acabou o antepassado. Nesse ponto do relato, o jovem não pode seguir, engoliu uma garfada e mudou de assunto.
Compreende-se que muitos outros queiram saber pelo menos algo de seus seres queridos desaparecidos.