Eleição de novo patriarca sob o olhar da polícia. Catedral cismática de Cristo Salvador, Moscou |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A igreja conhecida como Ortodoxa Russa (IO), velho e ressequido cisma do Oriente, tem novo chefe, ou 'patriarca de Moscou'.
Do mesmo modo que o falecido patriarca Alexis II, o recém-eleito foi agente da antiga ‒ e hoje talvez mais poderosa que nunca ‒ KGB, a polícia encarregada da repressão política e ideológica sob a ditadura dos sovietes.
Seu verdadeiro nome é Vladimir Gundiaiev. Seu nome oficial é Kirill, mas para a KGB é o agente “Mikhailov“, informou o jornal “Il Giornale“ de Milão. Até agora, fazia de metropolita de Smolensk e Kaliningrado, além de “ministro do exterior” da IO.
Mais de 700 bispos, sacerdotes, monges e representantes, reuniram-se num remedo de Conclave para elegê-lo em Moscou.
Kirill, agente da KGB, eleito patriarca cismático de Moscou |
Aliás, todos os outros candidatos à chefia da IO russa também foram úteis agentes da KGB.
Konstantin Kharcev, chefe do Conselho para os assuntos religiosos na URSS desde 1984 a 1989, narrou que a IO era rigorosamente controlada pelo Comitê Central da URSS e pela própria KGB.
A. Shushpanov, outro agente da sanguinária polícia política comunista, mostrou como o Departamento para os Assuntos Eclesiásticos no Exterior estava completamente nas mãos da KGB.
Foi nesse departamento que o novo patriarca fez carreira.
Kirill, promete ser um paladino do “diálogo” com o Vaticano, que, segundo “Il Giornale”, “declarou conhecer e estimar o novo patriarca”.
Quando fazia contatos “ecumênicos” ou de “diálogo” com religiosos de outros países, só agia com aprovação da KGB.
No fim dos encontros com eclesiásticos de outras religiões, ele – igual que seus colegas da IO ‒ fornecia cópia dos documentos usados nos contatos, que iam engrossar os arquivos do esquema repressivo marxista.
Putin com o patriarca anterior Alexis II, ou informante “Drozdov” |
Felix Corley, de Forum 18 ‒ organização sediada em Oslo, Noruega, e que acompanha o estado da liberdade religiosa na Rússia ‒, declarou ao diário “Times” de Londres que na IO russa “ninguém poderia ser nomeado nos postos mais altos se não for homem da KGB”.
O novo patriarca Kirill, ou “Mikhailov”, estará de aqui a pouco lançando propostas de “diálogo”, convergência e “ecumenismo” para o Ocidente.
O seu predecessor ‒ Alexis II, informador da KGB desde 1958 sob o pseudónimo de “Drozdov” ‒ até bancou de defensor da vida.
Não é de espantar que não falte desinformado, ou cúmplice, que fingirá ver nele aspetos interessantes.