terça-feira, 24 de julho de 2018

Putin, de vencedor da Copa a alvo do descontentamento popular

O humor popular pegou o fundo político estilo URSS da Copa na Rússia
O humor popular pegou o fundo político estilo URSS da Copa na Rússia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Minutos após a Rússia vencer inesperadamente um jogo na “Copa Potemkin”, imagens do presidente Putin inundavam a internet na Crimeia pedindo ao czar igualitário do Kremlin que desse “um pedaço da Ucrânia para o goleiro russo”, informou “O Estado de S.Paulo”.

O evento esportivo funcionou como um pretexto para elevar a imagem do senhor todo-poderoso. E na Crimeia os torcedores comentavam que as vitórias inimagináveis da seleção só se explicavam por um vencedor: Vladimir Putin.

Para o regime, o Mundial devia reforçar o culto do chefe supremo, ainda quanto esse aproveitava a distração para acentuar a censura e as violações de direitos de opositores.

O prefeito de Sebastopol, Dmitry Ovsyannikov, diante de milhares de pessoas comemorou as realizações esportivas do líder de Moscou. O membro do partido de Putin mostrou que a classificação era um objetivo político: “o povo de Sebastopol mostrou que a Crimeia é Rússia.”

Absurdo? Não! Era a instrução que vinha do Kremlin!

Em Moscou, Igor Gielow enviado especial da “Folha de S.Paulo”, lembrou que na era soviética, os resultados esportivos eram muito sérios para a máquina de propaganda do regime comunista. Ele queria a prova física da superioridade ideológica materialista marxista.

Valia tudo para obter medalhas olímpicas. Inclusive truques sujos organizados pela KGB para melhorar o desempenho dos atletas. Leia-se doping.

domingo, 15 de julho de 2018

A “Copa Potemkin” e os gemidos da miserabilizada Rússia profunda

Estadio Luzhniki de Moscou onde a Copa 2018 começou e terminou
Estádio Luzhniki de Moscou onde a Copa 2018 começou e terminou.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Na Sibéria, muitos russos nem souberam que na Rússia se jogou uma Copa do Mundo, reportou Jamil Chade, enviado especial de “O Estado de S.Paulo”, desde Zhunmurino, República da Buriácia.

Essa república beira a fronteira com a Mongólia. Lá o jornalista colheu respostas incertas, fruto da ausência de informações, do que se passa na Rússia.

Ironicamente mal sabia da Copa até um monge budista tido como agoireiro que prevê o futuro, cura doenças e prediz a chuva.

Em Buriácia até esse vidente desconhecia a existência da Copa do Mundo. “Não conheço”, lamentou.

Menos pretensiosa, a produtora de leite Lyubila Tserenyona dizia que “hoje nós jogamos contra a Argentina ou algo assim...”.

A seleção nacional russa não lhe dizia muita coisa. “Sou do povo buriato. Não sou russa. Mas vivemos na Rússia e vamos torcer pela Rússia na Copa”, explicou. Ao saber que o jornalista era do Brasil, ela sorriu dizendo: “eu adorava o Brasil nos anos 90 com Maradona e Pelé”.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Por trás da Copa da Rússia:
um regime de corrupção e ideologia despótica

O cartaz não e segurado por um torcedor da Rússia, mas da Sérvia. O objetivo visado foi além do esporte
O cartaz não e segurado por um torcedor da Rússia,
mas da Sérvia. O objetivo visado foi além do esporte
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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diversos blogs





Enquanto a Rússia vibrava com uma goleada na estreia da Copa do Mundo, o primeiro-ministro de Putin, Dmitri Medvedev, apresentou no Parlamento, “um pacote de maldades com medidas impopulares, necessárias para fechar as contas públicas”, noticiou “O Globo”.

A reforma da Previdência aumentou para 65 anos a aposentadoria dos homens sendo que eles têm uma expectativa de vida de 62,77 anos, perto da média africana.

O golpe não é novo. É de todos os ditadores de todas as épocas. Reedita a velha fórmula “pão e circo” que surgiu na decadente Roma durante a administração de Caio Graco. A fórmula foi aplicada a fundo pelos perversos imperadores.

E virou o mandamento máximo dos regimes corruptos.

Manter o povo entretido (o “circo”) e lhe dar um pouco de pão para que suporte as arbitrariedades do despotismo. Na Rússia de Putin, a Copa do Mundo foi manobrada ponto por ponto segundo essa perversa “sabedoria”.

Por isso não espanta que Helio Gurovitz no Estadão tenha perguntado se “dá para confiar na Copa do presidente Vladimir Putin”.

“Não bastassem – escreveu ele – as denúncias que pairam sobre a escolha da sede pela FIFA, sobre a construção de estádios e obras de infraestrutura, a Copa da Rússia é agora assombrada pelo espectro da corrupção nos próprios jogos, em especial os do time da casa”.

domingo, 1 de julho de 2018

Mundial montado para propaganda da nova-URSS

Para Putin a Copa é antes de tudo uma plataforma de propaganda mundial. No estádio Luzhniki de Moscou
Para Putin a Copa é antes de tudo uma plataforma de propaganda mundial.
No estádio Luzhniki de Moscou
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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A Copa do Mundo Rússia 2018 é o mais novo dono do título de “mundial mais caro da história”.

Estádios que custaram muito mais do projetado, falcatruas mastodônticas, construtoras levadas aos tribunais e governos regionais denunciando “elefantes brancos” que custará fortunas manter sem uso.

Em 2013, as primeiras estimativas da despesa estatal calculavam 664 bilhões de rublos. Mas, desde 2016, os números oficiais dispararam sem cessar até 883 bilhões – por volta de 14 bilhões de dólares – contabilizadas as despesas do governo federal, dos regionais e da FIFA.

O Mundial da Rússia será o mais caro da história superando o do Brasil 2014. O brasileiro, com ‘módicos’ 11,6 bilhões ficou no segundo lugar.

Os números estão preto sobre branco num completo informe publicado pelo jornal económico russo RBC, com base na resolução do Kremlin que explica os números finais do Mundial. Foram reproduzidos em matéria do jornal “La Nación” de Buenos Aires.