domingo, 27 de abril de 2025

UE instrui cidadãos para sobreviver a uma invasão russa

Europa começou a se rearmar para se defender da Rússia, mas talvez seja tarde demais
Europa começou a se rearmar para se defender da Rússia,
mas talvez seja tarde demais
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A Comissão Europeia, cúpula da UE, lançou o “Livro Branco sobre a Defesa Europeia e plano ReArm Europe/Prontidão 2030” para os cidadãos se munir de um kit de emergência e sobreviver 72 horas em caso de guerra com a Rússia ou outra tragedia.

A UE avisa que a Europa “está enfrentando uma nova realidade” desde a invasão russa da Ucrânia.

“Devemos nos preparar para a possibilidade de agressão armada” afirma o plano para as famílias suportar os três primeiros dias armazenando água, alimentos, medicamentos, dinheiro vivo, uma rádio, óculos, fósforos, canivetes, lanternas até que chegue a ajuda externa.

Os estados-membros estão aumentando drasticamente os gastos militares.

O comunicado que anuncia oficialmente o “Livro Branco sobre a Defesa Europeia e plano ReArm Europe/Prontidão 2030” acrescenta “Citações” dos líderes europeus para os cidadãos refletir sobre os novos horizontes.

Eis eles:

A Europa precisa se preparar para a guerra
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia:


A era do «dividendo da paz» acabou há muito.

“A arquitetura de segurança que utilizámos já não pode ser considerada como um dado adquirido.

“A Europa está pronta para assumir as suas responsabilidades. Importa investirmos na defesa, reforçarmos as nossas capacidades e adotarmos uma abordagem proativa em matéria de segurança. Estamos a tomar medidas decisivas.

“Apresentámos um roteiro «Prontidão 2030» que prevê um aumento dos gastos em defesa e investimentos importantes nas capacidades industriais de defesa europeias.

“Temos de comprar mais na Europa porque isso significa reforçar a base tecnológica e industrial da defesa europeia e significa estimular a inovação, criando um mercado à escala da UE para equipamentos de defesa”. 



Kaja Kallas Rússia é ameaça de guerra para Europa
Kaja Kallas: Rússia é ameaça de guerra para Europa
Kaja Kallas, alta representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão:


“O nosso investimento na defesa demonstra a forma como valorizamos a nossa defesa.

“E, nas últimas décadas, não lhe atribuímos um valor suficientemente elevado. Temos de gastar mais.

“Ao mesmo tempo, o valor acrescentado da nossa cooperação é inestimável.

“Dá-nos uma vantagem competitiva que não tem comparação em nenhuma parte do mundo.

“No nosso Livro Branco sobre a Defesa Europeia — Prontidão 2030 definimos formas concretas de alcançar esse objetivo.

“Quer se trate de dar apoio à Ucrânia, de colmatar as nossas próprias lacunas em termos de capacidades ou de defender um mundo que não se deve reger pela lei do mais forte, teremos sempre mais força em conjunto”. 



Andrius Kubilius a Europa precisa se armar
Andrius Kubilius, comissário da Defesa e Espaço da UE:


“Este pacote «Defesa», que inclui o Livro Branco sobre a Defesa Europeia e o plano ReArm Europe/Prontidão 2030, constitui um momento decisivo para a nossa União.

A Europa já não se pode dar ao luxo de ser um mero espetador quando se trata da sua própria segurança.

Devemos ocupar-nos da nossa própria defesa, reforçando os nossos compromissos em matéria de segurança coletiva e mantendo-nos firmes contra aqueles que procuram questionar a nossa soberania.

“Não se trata apenas do reforço militar, mas da nossa prontidão, da nossa autonomia estratégica e do futuro da Europa enquanto protagonista mundial”. 



Valdis Dombrovskis agora é hora de se re-armar.
Valdis Dombrovskis, comissário da Economia e Produtividade, Simplificação e Execução da UE:


“O mundo mudou e a Europa tem de mudar com ele.

A nossa segurança e a nossa prosperidade estão interligadas e ReArm Europe/Prontidão 2030 é o nosso plano para reforçar ambas.

“Propomos hoje ativar a cláusula de derrogação de âmbito nacional como medida temporária, coordenada e direcionada para impulsionar os investimentos na defesa a nível nacional e da UE.

“Serão concedidas facilidades aos países da UE para realizar os investimentos necessários nas nossas capacidades de defesa e na nossa indústria, gastando cada vez mais e melhor, em conjunto.

“Tal reforçará igualmente o crescimento econômico, impulsionará a inovação e criará emprego, assegurando simultaneamente a sustentabilidade orçamental.

“A Europa estará à altura deste desafio”.

domingo, 20 de abril de 2025

Putin volta ao racionamento alimentar soviético

Cartão de racionamento alimentar russo
Cartão de racionamento alimentar russo
Luis Dufaur
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As imensas despesas e perdas causadas pela invasão da Ucrânia desviaram a produção de alimentos na Rússia.

Para aplacar a fome – e o descontentamento – a Rússia criou nas 100 regiões da Federação Russa vários tipos de cartões de débito eletrônicos, talões de cheque e “cupons” que evocam os piores anos do comunismo.

Eles concedem mil rublos por mês por volta de R$ 68,17, muito pouco para lidar com as necessidades.

Vozes saudosistas pedem que se retorne ao controle total central do regime soviético.

Putin comemora, porém, o “rápido crescimento da prosperidade” nacional, noticiou “AsiaNews”.

O governador da região de Ulyanov, Aleksej Russkikh, criou “certificados eletrônicos” para o segmento da população que vive em “condições de vida difíceis” para fazer compras em grandes shoppings, e obter descontos em leite, carne, frutas e vegetais.

O benefício é muito relativo e os apenas 1.000 rublos do cartão por mês é encarado com o espírito irônico.

Voltaram as filas, nesta foto para obter divisas
Voltaram as filas, nesta foto para obter divisas
Em Kaliningrado, estão sendo distribuídos os “cartões de alimentação social” do governador Aleksej Bezprozvannikh para pessoas de baixa renda, principalmente idosos com pensões mínimas.

Soluções semelhantes já estão em andamento nas regiões da Sibéria e do Extremo Oriente, como Amur e Kamchatka.

Essas medidas fantasiosas estão ligadas à crise econômica na qual a Rússia está cada vez mais afundando, após a loucura da guerra que levou a converter cada vez mais as fábricas de produtos básicos para a atendimento industrial das necessidades militares.

As soluções parecem improvisadas e apressadas, e não podem mais ser adiadas, porém dificilmente resolverão o problema para um grande segmento da população russa.

Índices financeiros apontam para o precipício
Índices financeiros apontam para o precipício
Alguns deputados propõem controlar os preços da carne, peixe, leite, ovos, farinha, pão e outros alimentos básicos de cima para baixo, no estilo tipicamente soviético.

O partido “Rússia Justa - Pela Verdade” postula um “corredor de preços” em que as autoridades centrais interviriam os preços de “alimentos socialmente importantes” em todos os pontos de venda.

Alguns, no entanto, estão criticando abertamente, como o “crematístico” Pavel Moskovsky que denuncia o atual sistema como “extremamente corrupto e ineficiente”.

Ele diz que Putin continua “não dando dinheiro às pessoas, apenas cinco rublos antes das eleições”.

domingo, 6 de abril de 2025

Confissões de soldados norte-coreanos escravizados

Primeiro soldado norte-coreano feito prisioneiro
Primeiro soldado norte-coreano feito prisioneiro
Luis Dufaur
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Milhares de soldados norte-coreanos voltaram a seu país deixando os corpos de muitas centenas, ou milhares, de colegas abandonados nos campos da Rússia.

Muitos deles se suicidaram temendo que suas famílias fossem punidas com campos de concentração caso se soube que foram feitos prisioneiros, mostrou uma reportagem do “The New York Times International Weekly”.

As tropas norte-coreanas estavam sofrendo pesadas baixas em uma guerra estrangeira travada em território desconhecido, enquanto seu governo mantinha seu povo na ignorância da tragédia.

Memorandos encontrados no corpo de soldados norte-coreanos mortos indicaram que o governo tinha instado tropas muito doutrinadas a acabar com suas vidas antes de serem capturad0s.

Um soldado norte-coreano ia se explodir com uma granada, gritando o nome do ditador norte-coreano Kim Jong Un, quando tropas ucranianas atiraram nele, disseram testemunhas.

Prisioneiros norte-coreanos não querem voltar. Se feridos, russos e colegas os assassinam
Prisioneiros norte-coreanos não querem voltar.
Se feridos, russos e colegas os assassinam
Deitado numa cama com ambas as mãos envoltas em bandagens, um dos dois prisioneiros de guerra norte-coreanos contou que foi enviado para a frente e lhe disseram apenas que iriam “treinar”.

Quando perguntado se queria voltar para casa, respondeu: “Eu quero viver aqui” (Ucrânia)

O outro balançou a cabeça quando perguntaram se sabiam onde estava.

O vídeo “mostrou que as tropas norte-coreanas estão sendo desperdiçadas como bucha de canhão” disse Kang Dong-wan, especialista em Coreia do Norte na Universidade Dong-A, na Coreia do Sul.

Os dois prisioneiros pertenciam ao braço de inteligência do exército norte-coreano o governo prometeu tratá-los como “heróis”, disseram legisladores sul-coreanos.

Os soldados estavam fazendo ataques imprudentes sem apoio de artilharia.

O ditador comunista teria recebido bilhões de dólares em petróleo e armas em troca de tropas para a Rússia, de acordo com analistas e autoridades sul-coreanas.

Intervenção de tropas norte-coreanas foi catastrófica
Intervenção de tropas norte-coreanas foi catastrófica
Mas a mobilização foi tão apressada que os soldados norte-coreanos entraram na guerra mal preparados especialmente para ataques de drones.

Ao expor o rosto de um soldado norte-coreano e seu desejo de permanecer na Ucrânia, sua segurança ficou em risco, caso seja devolvido à Coreia do Norte, onde seria visto como um traidor.


domingo, 16 de março de 2025

Sacerdote bielorrusso condenado por criticar ditador putinista local

Padre Henrykh Akalatovich preso por criticar Lukashenko
Pe Henrykh Akalatovich preso por criticar Lukashenko
Luis Dufaur
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O Pe. bielorrusso Henrykh Akalatovich, de 64 anos foi condenado a 10 anos de prisão acusado de alta traição por criticar publicamente o governo comunista subserviente do ditador Putin através do ditador local Alexander Lukashenko posto em funções em 1994, há mais de três décadas por Moscou, segundo se depreende de informações de “Infovaticana”.

Esta é a primeira vez que um membro do clero católico recebe uma sentença de prisão desde a queda da Uniao Soviética e a tapeativa “independência” da Bielorrússia em 1991.

Na Bielorrússia, a luta contra a fidelidade à Igreja Católica se desenvolve num contexto de intensificação da repressão política, acentuada pela perspectiva de eleições presidenciais nas quais o ditador Lukashenko garantu um sétimo mandato, com clamorosas fraude, como de costume.

Segundo o Centro de Direitos Humanos de Viasna, o Pe. Akalatovich foi incluído na lista de 1.265 figuras políticas do país opostas ao regime putinista.

A organização denunciou que a sentença buscava intimidar os demais padres, que ouviam uma das poucas vozes críticas ao regime partindo do Pe. Akalatovich.

Ele ficou famoso por seus sermões críticos pronunciados em sua paróquia em Valozhyn, no oeste do país, e que adquiriram merecida repercussão no país.

O sacerdote foi detido em novembro de 2023. Acontecia que lhe fora diagnosticado câncer e passou por uma cirurgia, o que aumentou a preocupação geral sobre sua saúde na prisão.

Desde que foi detido pela polícia política que conserva o nome de KGB, modelada pelo sinistro homólogo de Moscou, ele ficou incomunicável, e as autoridades prisionais foram forçadas a armazenar as roupas e alimentos que seus admiradores lhe enviavam.

O porta-voz da Viasna, Pavel Sapelka, descreveu a sentença como uma tentativa de “silenciar e intimidar” dissidentes, especialmente em um momento crucial para o futuro político do país.

O Pe. Henrykh engrossou a legião dos dissidentes mártires que sofrem nas prisões putinistas.



domingo, 23 de fevereiro de 2025

Agentes de Putin estimulam o caos global

Putin por trás de onda de atentados no Ocidente
Putin por trás de onda de atentados no Ocidente
Luis Dufaur
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Ken McCallum, chefe da MI ('MI5, a agência de segurança interna e contrainteligência da Grã-Bretanha’) alertou que como produtos da ameaça representada pela Rússia “nós vimos incêndio, sabotagem e muito mais: ações perigosas conduzidas com crescente imprudência”, registrou uma longa e documentada reportagem da revista “The Economist” de Londres.

“O GRU (agência russa de inteligência militar) em particular, prosseguiu está desenvolvendo uma missão contínua para gerar caos nas ruas britânicas e europeias”, disse McCallum.

As outras agências de inteligência europeias estão igualmente preocupadas, acrescentou.

Em 14 de outubro, Bruno Kahl, chefe de espionagem da Alemanha, disse que as medidas secretas da Rússia haviam chegado a um “nível anteriormente invisível”.

Em seu apoio, Thomas Haldenwang, chefe dos serviços de inteligência domésticos da Alemanha, confirmou aos legisladores germanos que um ato russo de sabotagem quase causou um acidente de avião no início deste ano, e advirtiu que o “comportamento agressivo” dos espiões russos estava colocando vidas em risco.

A atividade de sabotagem aumentou com a guerra da Rússia na Ucrânia e foi num crescendo de agressão, subversão e intromissão em outros lugares. Em particular, na Europa cresceu dramaticamente.

“Vemos atos de sabotagem acontecendo na Europa agora”, disse por sua vez o vice-almirante Nils Andreas Stensones, chefe do Serviço de Inteligência da Noruega.

E Sir Richard Moore, o chefe do MI 6, a agência de inteligência estrangeira da Grã-Bretanha, colocou mais francamente: “Os serviços de inteligência russos foram um pouco selvagens, francamente”.

Os homens do Kremlin atentam contra interesses ocidentais emvários estados africanos. Os serviços de segurança da Polônia detetaram que hackers russos já tentaram paralisar o país nas esferas política, militar e econômica.

Os propagandistas russos, agindo em outra frente de ataque, têm bombeado desinformação em todo o mundo.

As forças armadas de Putin querem colocar uma arma nuclear em órbita. A política externa russa há muito alimenta o caos. Agora parece apontar para pouco mais.

Em abril de 2024, a Alemanha prendeu dois cidadãos germano-russos enquanto planejavam ataques contra instalações militares americanas e outros alvos instruídos pela GRU.

Ken McCallum, chefe da contraespionagem inglesa nos vemos atentados e sabotagens perigosas com crescente imprudência'
Ken McCallum, chefe da contraespionagem inglesa:
nós vemos atentados e sabotagens perigosas com crescente imprudência
No mesmo mês, a Polônia prendeu um homem que ia passar informações para o GRU sobre um centro de armas para a Ucrânia.

E, no mesmo mes, a Grã-Bretanha prendeu vários homens por um ataque incendiário a uma empresa de logística de propriedade ucraniana em Londres. Eles seriam agentes do Grupo Wagner, agora sob o controle do GRU.

Em junho, a França prendeu um russo-ucraniano ferido enquanto montava uma bomba em seu quarto de hotel em Paris.

Em julho, descobriu-se que a Rússia havia conspirado o assassinato de Armin Papperger, chefe da Rheinmetall, a maior empresa de armas da Alemanha.

Em 9 de setembro, o tráfego aéreo no aeroporto de Arlanda, em Estocolmo, foi fechado por mais de duas horas depois que drones foram vistos sobre as pistas. “Foi um ato deliberado”, disse um porta-voz da polícia.

Por sua vez, autoridades americanas alertam que os navios russos estão mapeando os cabos subaquáticos dos quais dependem a comunicação ocidental.

A Rússia também procura agitar com golpes de guerra psicológica. Por exemplo, a inteligência francesas diz que a Rússia despachou caixões envoltos na bandeira francesa com a mensagem “Soldados franceses da Ucrânia” encontrados na Torre Eiffel em Paris.

Muitas dessas ações visam atiçar a oposição à ajuda à Ucrânia. Mas outras se destinam simplesmente a ampliar divisões de todos os tipos na sociedade, mesmo sem ligação com a guerra.

Thomas Haldenwang, da Alemanha ' o 'comportamento agressivo' dos espiões russos coloca vidas em risco'
Thomas Haldenwang, da contraespionagem da Alemanha:
o 'comportamento agressivo' dos espiões russos coloca vidas em risco'
A França diz que o Kremlin promoveu um grafite de 250 estrelas de David nas paredes de Paris para alimentar o antissemitismo a propósito do conflito Israel-Hamas.

Em abril, hackers ligados ao GRU teriam manipulado sistemas de controle de centrais de água potável nos EUA e na Polônia.

Os esforços cibernéticos do GRU, não visam só a espionagem, mas também “daninficar a reputação” e destruir dados.

Oficiais do GRU foram instruir os houthis, grupo islâmico que ataca navios no Mar Vermelho, e lhes ofereceu armas. Putin visa estender a guerra da Rússia de forma mais ampla.

“Putin tenta nos atingir em todos os lugares”, argumenta Fiona Hill, que foi a principal autoridade no Conselho de Segurança Nacional dos EUA, a respeito da Rússia. A estratégia se condensaria na frase “tudo em todos os lugares ao mesmo tempo”.

Em maio, Avril Haines, diretor de inteligência nacional dos EUA, chamou a Rússia de “a ameaça externa mais ativa às nossas eleições” acima da China ou do Irã.

Não se tratava apenas de tentar moldar a política dos Estados Unidos sobre a Ucrânia, Moscou quer “um meio de derrubar os EUA” que ela tem em conta de adversário primário.

Em julho, as agências de inteligência americanas estavam vendo “a Rússia atingir dados demográficos dos eleitores, promover narrativas divisivas e denegrir políticos específicos”.

Os atentados e sabotagens no Báltico estão recrudescendo
Os atentados e sabotagens no Báltico estão recrudescendo
Esses esforços são geralmente brutos e ineficazes, comentou “The Economist”, mas não por isso não deixam de deixar prolíficas e intensas sequelas.

Em setembro, o Departamento de Justiça dos EUA condenou dois funcionários da RT, uma mídia controlada pelo Kremlin que regularmente vomita teorias da conspiração sinistras. Eles teriam pago US $ 10 milhões à Tenet Media, empresa do Tennessee para produzir quase 2.000 vídeos no TikTok, Instagram, X e YouTube. O Departamento também apreendeu 32 domínios de internet controlados pelo Kremlin, projetados para imitar sites de notícias legítimos.

A CopyCop, rede de sites, pega artigos de notícias legítimos e usou o Chat GPT, um modelo de IA, para reescrevê-los.

Mais de 90 artigos franceses foram modificados com o alerta: “Por favor, reescreva este artigo tomando uma posição conservadora contra as políticas liberais do governo Macron em favor dos cidadãos franceses da classe trabalhadora”.

As campanhas de desinformação russas não são novas, reconhece Sergey Radchenko, historiador da política russa, apontando episódios como o memorando de Tanaka, uma falsificação soviética usada para desacreditar o Japão em 1927.

Também houve tropas soviéticas lutando no Iêmen, disfarçadas de egípcias, no início dos anos 1960, e os antecessores e sucessores da KGB mataram muitas pessoas no exterior, de Leon Trotsky a o ex-espião Alexander Litvinenko.

As artérias informáticas e energéticas ocidentais estão sendo alvejadas
As artérias informáticas e energéticas ocidentais estão sendo alvejadas
A parte genuinamente nova, diz Radchenko, “é que, antes as operações apoiavam a política externa, mas hoje são a política externa”. A acao atual lembra mais a política externa niilista de Mao durante a Revolução Cultural da China do que o pensamento da União Soviética na guerra fria. Hill a define assim: “é Trotsky sobre Lênin”.

Putin abraça essas ideias. “Estamos provavelmente na década mais perigosa, imprevisível e, ao mesmo tempo, mais importante desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, disse o ditador no final de 2022. Na ocasião, ele invocou um artigo de Lenin em 1913 preparador da Revolucao bolchevista: “esta é uma situação revolucionária”.

“Neste momento, há mudanças como as que não vemos há 100 anos”, disse Xi Jinping a Putin em 2023 em Moscou, “e somos nós que impulsionamos essas mudanças juntos”.

A estratégia conjunta se apresenta como quem “não se considera um inimigo do Ocidente... e não tem más intenções”, mas de fato é o contrário. E atiça uma “campanha de informação ofensiva” nas “esferas militares-políticas, econômicas e informacionais-psicológicas” para “enfraquecer os adversários da Rússia”.

Essa estratégia da Rússia não é imparável e até fracassou em alguns países. A subversão russa pode ser interrompida, diz Sir Richard, identificando os oficiais de inteligência e os representantes criminais por trás dela.

Moscou por trás das sabotagens no Mar Báltico usando uma 'frota fantasma'. Mais ataques no Ocidente seriam 'iminentes'
Moscou por trás das sabotagens no Mar Báltico usando uma 'frota fantasma'.
Mais ataques no Ocidente seriam 'iminentes'
Acresce que a Rússia depende cada vez mais de criminosos porque espiões russos mais qualificados foram expulsos em massa da Europa. E a Rússia dá sinais de desespero, diz McCallum.

Putin está verdadeiramente impulsionado por um espírito revolucionário, convencido de que o Ocidente é um edifício podre, isso sugere que ousará cruzar “linhas vermelhas” nos meses à frente.


domingo, 9 de fevereiro de 2025

“Estamos convidando a III Guerra Mundial” a Europa, alerta general francês

A Europa está 'convidando Rússia à III Guerra Mundial'
A Europa está 'convidando Rússia à III Guerra Mundial'
Luis Dufaur
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O general Michel Yakovleff, até pouco chefe do Estado-Maior de um dos três quartéis-generais da OTAN, depôs na TV francesa LCI que na Europa reina um silêncio ensurdecedor enquanto lhe tremem as pernas. Assim está convidando a Rússia para provocar a Terceira Guerra Mundial.

Os líderes políticos europeus falam de linhas vermelhas que não permitirão que o Kremlin transgrida, mas não fazem nada diante das transgressões constantes de Putin. Agindo assim “o convidamos à agressão todos os dias”.

Não basta fazer o suficiente esforço em matéria orçamental em favor do exército, continuou.

O mais importante é promover um esforço social para tirar a população europeia do estado de espírito pacifista voltado exclusivamente para o bem-estar.

Segundo o general, a sociedade europeia, e não apenas a francesa, deve perceber não só que a guerra regressou ao continente, mas que o alvo de Putin não é apenas a Ucrânia mas é toda a Europa.

“A Ucrânia é um pretexto, o alvo somos nós”, insistiu. O establishment político e econômico forjou a narrativa de que avançaríamos numa sempre e nova constante escalada da felicidade.

O Kremlin sacrifica imensa quantidade de homens enquanto os políticos europeus só pensam no bemestar
O Kremlin sacrifica imensa quantidade de homens
enquanto os políticos europeus só pensam no bem-estar
Foi uma perspectiva enganosa e “precisamos acordar já” dela, explicou. A União Europeia “só precisa de uma classe política mais consciente”, prosseguiu.

Mas, nenhum membro da classe política francesa está no modo de despertar. Eles continuam a discutir coisas mesquinhas, despreocupados com o que estava acontecendo ao seu redor.

“Sinto que estou gritando no deserto, mas não sou o único, agora precisamos de uma mudança de cultura”, explicou o experimentado general.

Os iranianos fornecem mísseis balísticos à Rússia e os norte-coreanos lhe fornecem soldados enquanto os europeus continuam tomados pela “falta de reação” psicológica.

O general Yakovleff alertou para o início de “uma nova etapa na internacionalização do conflito”. E não é uma mudança na lógica de Putin.

Se a Ucrânia cair sofrer uma catástrofe os russos virão molhar suas botas nos rios da Europa.

O verdadeiro objetivo de Putin não é a Ucrânia, é dominar a Europa 1280
O verdadeiro objetivo de Putin não é a Ucrânia, é dominar a Europa
Dizem que Donald Trump abandonaria a Ucrânia. Se for assim, Putin avançará sobre a Polônia, os países bálticos e a Escandinávia.

Putin quer sobre tudo que a NATO entre em colapso sem o financiamento americano.

Nesse dia, quando não houver mais NATO, a Europa não terá mais garantias coletivas e Putin poderá intimidar a cada um dos países do continente sem aplicar muita força militar.

Pedirá à Estônia ou à Finlândia, mesmo à Alemanha, simplesmente uma submissão um por um, sem necessidade de uma invasão física.

E Donald Trump disse coisas muito claras aos europeus: ou assumem suas despesas ou a NATO está acabada.

Os processos de rearmamento europeu começaram após décadas de contração dos respectivos exércitos e esses agora estão tão baixo que seu primeiro objetivo é evitar mais afundamentos.

OTAN  'linhas vermelhas' não passam de lindas palavras,  que não são levadas a sério
OTAN:  'linhas vermelhas' não passam de lindas palavras,
que não são levadas a sério
“A verdade é que o barco continua a afundar”
, a França é uma exceção mas, o que está fazendo é preencher lacunas cinco anos antes do que os outros.

“Nós, franceses, estamos falando de rearmamento, de novos equipamentos, de desenvolvimento industrial armamentista, mas os outros países ainda não estão falando nem em rearmamento”, voltou a alertar.

Putin vem semeando a desunião dos europeus desde 2014. A esperança está num despertar para as manobras que o Kremlin. Esse manipula nos países europeus forças políticas que se dizem “conservadoras”, mas que trabalham em seu favor.

Aliás como fez Hitler na II Guerra Mundial.


domingo, 26 de janeiro de 2025

Rússia sabota os cabos submarinos da Internet

O Eagle S, suspeito de trabalhar para a 'frota fantasma' da Rússia
O Eagle S, suspeito de trabalhar para a 'frota fantasma' da Rússia
Luis Dufaur
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A Rússia está sabotando os cabos submarinos da Europa com uma organização de estilo “paramilitar”, disse James Appathurai, Secretário-Geral Adjunto para a Inovação Híbrida e Cibernética da NATO.

Essa é “a ameaça mais ativa” para as infraestruturas ocidentais, disse o especialista senior da NATO no Europe Conversation da Euronews.

Appathurai acha que os recentes ataques aos cabos de comunicação por parte da Rússia mostram um crescimento significativo das interferências cibernéticas, híbridas e outras que Moscou pratica contra a Europa.

No início de novembro (2024), foram cortados dois cabos no Mar Báltico entre a Suécia e a Lituânia, e outro entre a Alemanha e a Finlândia, o que alarmou a NATO, vistas as características de sabotagem.

“Há décadas os russos têm um programa de Investigação Submarina, que é uma estrutura paramilitar, muito bem financiada, que mapeia todos os nossos cabos e dutos de energia”, alertou Appathurai.

Eles usam “navios de investigação”, pequenos submarinos, veículos não tripulados operados remotamente, mergulhadores e explosivos, disse ele à agência de informações Euronews da UE.

Ninguém acredita que os cabos tenham sido danificados acidentalmente. Também não quero acreditar que as âncoras dos navios tenham causado os danos por acidente”, disse o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorious, se referindo às escusas do Kremlin.

Como se corta um cabo submarino de internet
Como se corta um cabo submarino de internet
O Ministro da Defesa finlandês, Antti Häkkänen, diz que a NATO deve fazer muito mais para defender as infraestruturas críticas do Ocidente, enquanto que a Suécia está investigando a ruptura dos cabos.

A Rússia está atacando sistematicamente a arquitetura de segurança europeia”, denunciaram os ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, França, Polônia, Itália, Espanha e Reino Unido numa declaração conjunta.

A escalada das atividades híbridas de Moscou contra os países da NATO e da UE não tem precedentes na sua variedade e escala, criando riscos de segurança significativos”, lê-se no documento.

Cerca de 90% dos dados de comunicações digitais do mundo passam pelos cabos submarinos, além de cerca de 10 bilhões de euros em transações financeiras. As infraestruturas submarinas críticas incluem conectores de eletricidade e dutos que fornecem petróleo e gás vitais para os países europeus.

Segundo Appathurai, os ciberataques, a desinformação e a interferência política russa estão aumentando “em maior escala do que era anteriormente. Há um novo apetite russo na campanha de sabotagem”, disse.

“Isso significa atentados incendiários, descarrilamento de comboios, ataques a propriedades de políticos, tentativas de assassinato, por exemplo, o chefe da Rheinmetal” o maior fabricante alemão de armas, que fornece à Ucrânia importantes cartuchos de artilharia de 155 mm.

O plano de assassinato do industrial foi frustrado pelos serviços secretos norte-americanos. Mas, fazia parte de um plano mais vasto para atingir os líderes da indústria de defesa que abastecem a Ucrânia.

Guarda Costeira finlandesa investiga petroleiro russo perto de Porkkalanniemi
Guarda Costeira finlandesa investiga petroleiro russo
perto de Porkkalanniemi
A polícia finlandesa e os guardas de fronteira detiveram o petroleiro Eagle S. O navio navegava sob a bandeira das Ilhas Cook e faz parte da “frota fantasma” para ajudar a Rússia a escapar das sanções internacionais.

“Revistamos o navio, falamos com a tripulação e coletamos provas”, disse Robin Lardot, da agência nacional de investigação finlandesa pois o navio foi detido em águas territoriais finlandesas.

Em 25 de dezembro foi desconectada a conexão de corrente contínua EstLink 2 entre a Finlândia e a Estônia. As suspeitas rapidamente se concentraram no Eagle S, que havia partido do porto russo de São Petersburgo.

O governo da Estônia fez uma sessão de emergência sobre o incidente. Os petroleiros paralelos “estão ajudando a Rússia a obter fundos que ajudarão a seus ataques híbridos, disse a primeira-ministra Kristen Michal em entrevista coletiva.

“Os danos repetidos nas infraestruturas do Mar Báltico indicam uma ameaça sistémica, e não meros acidentes”, acrescentou o presidente da Estônia, Alar Karis, em X.

Hipótese semelhante de sabotagem foi levantada em novembro de 2023, depois de um gasoduto submarino entre a Finlândia e a Estônia ter sido danificado. A investigação policial finlandesa apontou a causa na âncora do porta-contentores New Polar Bear, que navegava sob bandeira de Hong Kong.

Por sua vez, o navio de carga russo “Ursa Major” afundou no Mediterrâneo depois que uma estranha explosão na sua casa de máquinas, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, noticiou “La Nación”.

A catástrofe iminente dos cabos submarinos
A catástrofe iminente dos cabos submarinos
O navio, construído em 2009, era controlado pela Oboronlogistika, empresa que faz operações de construção militar do Ministério da Defesa da Rússia e que já dizia ao porto de Vladivostok, no extremo leste da Rússia, com dois gigantescos guindastes portuários.

A Oboronlogistika e a SK-Yug, empresas proprietárias e operadoras do navio, foram sancionadas pelos EUA em 2022 pelos seus laços com os militares russos.

O navio fora filmado previamente inclinando-se fortemente para estibordo, e mais provavelmente se dirigia a Tartus para evacuar equipamento militar.

O Serviço de Resgate Marítimo da Espanha recebeu um sinal de socorro do “Ursa Maior” quando estava a 92 quilômetros de Almeria.

A tripulação disse que o navio transportava contentores vazios, e dois guindastes portuários. Após os barcos de resgate chegou um navio de guerra russo e assumiu as ações, no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

Assim, o “Ursa Maior” foi ao fundo do mar sem revelar tudo o que levava.