domingo, 20 de agosto de 2023

Soldados russos: “para os chefes não somos humanos”

Corpos de soldados russos abandonados em Makarivka que os ucranianos recolhem para enviar aos familiares
Corpos de soldados russos abandonados em Makarivka
que os ucranianos recolhem para enviar aos familiares
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Alexander, ex-presidiário, acreditou nas promessas do exército russo e se alistou para a guerra na Ucrânia.

Ele nunca viu um soldado ucraniano e mal disparou um tiro, mas viu-se rodeado de ameaças de morte feitas pelos seus oficiais.

Ele viu cães selvagens roerem as carcaças não recolhidas de seus companheiros mortos, bebeu água da chuva e procurou comida em latas de lixo, enquanto dos 120 homens de sua unidade, apenas cerca de 40 estão vivos.

Os sobreviventes como ele são pressionados para ficar no campo de batalha violando o contrato assinado.

“Eles estão nos enviando para uma matança”, comunicou Alexander desde Kherson. Seus comandantes dizem que “não somos humanos, porque somos criminosos”, e três colegas confirmam.

Os relatos foram feitos em entrevistas pessoais ou por mensagens de familiares e amigos recolhidos em impressionante reportagem do “The New York Times”.

Relatos de soldados ucranianos e prisioneiros de guerra russos denunciam que Moscou usa os ex-pressos como bucha de canhão.

As unidades de presidiários são um dos pilares da estratégia militar da Rússia, porque as forças regulares foram dizimadas.

O testemunho de Alexander descreve a brutalidade aplicada pelos chefes russos e o custo inumano que Moscou quer pagar para ficar com um território que não é seu.

Russos preferem cair nas maos dos ucranianos porque sao bem tratados. Nas fotos russos recebem comida, chá, telefone para falar com a mãe
Russos preferem cair nas mãos dos ucranianos porque são bem tratados.
Nas fotos russos recebem comida, chá, telefone para falar com a mãe
O Ministério da Defesa da Rússia formou as unidades chamadas “tempestade Z” com milhares de presos dos cárceres do país, imitando o recrutamento da milícia Grupo Wagner.

Alexander vinha de cumprir uma longa sentença e deixou sua esposa, uma filha e um filho recém-nascido em casa porque lhe foi prometido um ordenado mensal de R$ 2.000 no final de seu contrato de seis meses.

O Grupo Wagner recrutou 49.000 encarcerados e diz que 20% deles morreram tendo sofrido medidas disciplinares brutais de seus comandantes. Tal vez o número seja bem maior, nunca se saberá.

Wagner apresentou o recrutamento como uma redenção patriótica, mas perdeu o acesso às prisões para o alto comando militar, que o suplantou nessa forma de mandar soldados para a “máquina de moer carne”.

A contagem das mortes pela BBC e pela Mediazona, uma agência de notícias independente, mostra que as baixas russas mais frequentes são dos presidiários.

O testemunho de Alexander e de três outros encarcerados mostra como evoluíram as unidades de presidiários sob o controle direto do exército russo.

“The New York Times” confirmou as informações de Alexander com uma ativista de direitos humanos, e verificou sua identidade e das outras testemunhas com registros públicos do tribunal e entrevistas com famílias e amigos. 

 Os pagamentos ficaram muito abaixo do prometido e não puderam cobrar indenizações por ferimentos.

Alexander viu que seus oficiais impediam resgatar camaradas mortos no campo de batalha.

Não queriam que suas famílias soubessem da morte e não reclamassem alguma pensão legal pelos mortos em combate. Tendo “desaparecido” não se saberia se morreram e não haveria pensão.

“Havia cadáveres por toda parte” nas margens do rio Dnieper, disse Alexander, mas no exército russo “ninguém estava interessado em pegá-los".

Ex presos recrutados dizem nao ser tidos em conta de humanos
Ex presos recrutados dizem nao ser tidos em conta de humanos
Todos os prisioneiros falaram de baixas colossais em suas unidades e do desprezo de seus comandantes por suas vidas. “Eles nos dizem: 'Você não é ninguém e seu nome não é nada’”, contou Alexander

Depois de um mês de treinamento, ele e sua unidade foram destinados a manter uma linha de antigas casas perto da Ponte Antonovskiy.

Mas passaram as três semanas e meia sob incessante bombardeio, atiradores, emboscadas noturnas, drones pairando sempre no ar, sem armas pesadas ou meios de se defender.

As ordens não eram claras. “Eu andava como um idiota. Não disparei um único tiro, não vi um único inimigo. Somos apenas uma isca para revelar as posições de artilharia inimiga”, narrou Dmitri, já falecido.

A mensagem foi compartilhada com o “The New York Times” pela esposa de Dmitri.

“Por que diabos eu preciso estar aqui? Sentar e tremer como um coelho, porque os projéteis continuam explodindo ao meu redor?” Dmitri desabafou em uma mensagem a sua mulher.

A unidade estava sem comida nem água dias depois de pedir ajuda aos comandantes, até um projétil ucraniano matar todos os outros homens de seu destacamento e Alexander ser evacuado para um hospital da Criméia.

Embora ainda não conseguisse andar bem, ele foi reenviado para o frente, antes de ser alojado em um quartel de retaguarda com outros convalescentes.

“Esta não é a nossa guerra. Não há nada de humano aqui”.

Nós acrescentaríamos que há muito de satânico derivado de uma mentalidade e de uma ideologia igualitária que tomou conta de Rússia na Revolução Bolchevista de 1917.

Mas de onde proveio esse igualitarismo assassino tão inumano?

Com toda propriedade Papas e santos denunciaram a inspiração diabólica dos sucessivos regimes russos e que irradiada pelos fautores do cisma da Igreja dita “Ortodoxa” hoje liderada pelo Patriarcado de Moscou.


domingo, 13 de agosto de 2023

Putin cria ‘gulags’ para escravizar civis ucranianos

Putin restaura sistema soviético de Gulags para prender ucranianos secuestrados. Na foto, o campo de Perm
Putin restaura sistema soviético de Gulags para prender ucranianos sequestrados.
Na foto, o campo de Perm
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Milhares de civis ucranianos estão presos na Rússia e nos territórios ucranianos que Moscou invadiu, em novas alas de velhas prisões e até em porões úmidos. Moscou não lhes reconhece nenhum status sob sua lei como nos tempos soviéticos.

O infeliz destino desses civis é de acordar no frio intenso muito antes do amanhecer, fazer fila para o único banheiro sob a mira de uma arma e passar 12 horas ou mais cavando trincheiras para os soldados russos, segundo testemunhos recolhidos pela agência Associated Press e divulgadas pelo “O Estado de S.Paulo”.

Na invadida Zaporizhzhia, outros civis cavam valas comuns no solo congelado para os prisioneiros que não conseguem sobreviver. Um condenado sem processo que se recusou a cavar foi baleado no local.

A Rússia planeja escravizar mais muitos milhares de inocentes segundo documento obtido pela Associated Press datado em janeiro de 2023 com planos para criar 25 novas colônias prisionais e seis outros centros de detenção na Ucrânia ocupada.

O presidente russo Vladimir Putin mandou por decreto que os habitantes do território ucraniano ocupado sejam deportados por se resistirem à ocupação russa para recrutar uma massa de novos escravos.

Sala de torturas em Izium, Ucrânia
Sala de torturas em Izium, Ucrânia
Os civis são presos com pretextos até ridículos como falar ucraniano ou ser jovem.

Ou acusações infundadas de terrorismo ou de atividades contrárias a “operação militar especial”, sofisma russo para falar da guerra de invasão.

Centenas são usadas para trabalho escravo pelos militares da Rússia.

A tortura faz parte da rotina, incluindo choques elétricos repetidos, espancamentos e sufocamento simulado.

Muitos ex-prisioneiros disseram à AP que testemunharam assassinatos. A ONU documentou no final de junho 77 execuções sumárias de civis cativos e a morte de um homem devido à tortura.

A ONU disse também que há evidências de civis usados como escudos humanos perto das linhas de frente.

Prisões para civis ucranianos escravizados, em Izium
Prisões para civis ucranianos escravizados, em Izium
Relatos de 20 ex-detentos, ex-prisioneiros de guerra, imagens de satélite, mídias sociais, documentos do governo foram entregues pela Cruz Vermelha, confirmando o sistema russo de detenção e abuso de civis que reedita os piores tempos soviéticos.

O número dos escravizados ucranianos sem justiça seria de pelo menos 4.000 na Rússia e pelo menos o mesmo número nos territórios ocupados, disse Vladimir Osechkin, ativista de direitos humanos russo que está exilado.

Artem Baranov e Yevhen Pryshliak, que faziam caminhadas noturnas com seus cachorros tiveram a casa invadida por 15 soldados russos armados, saqueada e ficaram na prisão local, até serem transferidos para uma nova prisão em Sebastopol, na Crimeia. Baranov escreveu que foi acusado de espionagem.

Centenas de civis, como Olena Yahupova, uma administradora civil de 50 anos, acabam forçados a cavar trincheiras na Ucrânia ocupada.

As violações das mulheres são generalizadas e sistemáticas, e Olena foi torturada na casa e na cela e, por fim, levada a cavar trincheiras para o exército russo.

Civis que não resistiram foram enterrados em valass comuns em locais recónditos
Civis que não resistiram foram enterrados em valas comuns em locais recônditos
Quando Olena voltou para casa depois de mais de cinco meses, tudo havia sido roubado e seu cachorro havia sido baleado.

Ela viajou milhares de quilômetros pela Rússia para voltar a linha de frente na Ucrânia, onde se reuniu com seu marido servindo nas forças ucranianas. Os dois estavam casados no civil e tinham filhos, mas depois do sofrido se casaram na igreja.

O oceano de dor e injustiça que se abateu sobre a Ucrânia fez que muitos que antes não ligavam para a religião, se voltassem para Cristo e sua Igreja.

Fatos repetidos como este evocam o cumprimento futuro da conversão do mundo eslavo e russo que prometeu Nossa Senhora de Fátima.