segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Com combustível nuclear para 2.000 anos, a França se apaga ante Putin

A Cidade Luz na escuridão. E é só um aviso, o pior está para vir
A Cidade Luz na escuridão. E é só um aviso, o pior está para vir
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Putin chantageia Europa lhe cortando o fornecimento de gás e petróleo. As perspectivas são sombrias para o inverno que começa no Hemisfério Norte.

As contas já subiram muito, haverá racionamento de energia – leia-se passar frio e desemprego – diminuição da produção e protestos públicos atiçados até por agentes putinistas “conservadores” cotovelo a cotovelo com os da extrema esquerda, também paga pelo putinismo.

O magazine especializado em economia “The Economist” chega a falar do temor de uma possível recessão econômica europeia para o fim do ano.

Os estrategistas militares temem que Putin, cada vez mais derrotado nos campos ucranianos, apele a essa guerra híbrida contra os países de Europa que fornecem armas à até pouco mal armada Ucrânia.

Estas perspectivas vinham sendo denunciadas aliás há muitos anos nos nossos blogs. Mas tal vez soavam mefistofélicas demais. Agora constituem o novo desenvolvimento da guerra europeia.

Para elas, trabalhavam ativamente os militantes ecologistas que nós e certos entendidos sempre denunciávamos como ex-comunistas sem emprego após a queda da URSS e agora reciclados no movimento ambientalista com os mesmos objetivos de outrora.

A provável crise que está no horizonte é provocada em boa parte pelo ativismo ecologista contra as centrais nucleares e contra o fracking.

Do fracking basta dizer que a França possui jazidas de gás que fariam dela o Qatar da Europa. Mas, para atender a sensibilidade da Mãe Terra, ou Gaia, sucessivos governos de signos diversos interditaram o aproveitamento.

Suprema estupidez? Suprema traição dos políticos? Seja o que for a carência já bate os bolsos dos cidadãos.

Desmantelamento de uma central nuclear na França
Desmantelamento de uma central nuclear na França
Quanto às usinas nucleares, elas vinham sendo desativadas com os mesmos argumentos ambientalistas estapafúrdios.

Em entrevista filmada pelo site Le Média pour tous e que viralizou nas redes sociais, Maxime Amblard, engenheiro da fabricante de reatores Framatome, afirma que os reatores de quarta geração permitiriam satisfazer todo o consumo de energia da França “durante 2000 anos”, reutilizando o urânio armazenado.

O país seria completamente independente de energia, totalmente livre de carbono, substituindo até “o que consumimos em carvão, gás, petróleo, hidráulica e em renováveis”.

O grande jornal de Paris “Le Figaro” explica que o combustível dos reatores franceses é o urânio 235. Durante quarenta anos foram acumuladas várias dezenas de milhares de toneladas de urânio empobrecido, armazenadas principalmente no Vale do Ródano.

Essa quantidade colossal, é combustível para os reatores de quarta geração com um rendimento 60 vezes maior que os reatores tradicionais.

A CEA (Commissariat à l'Énergie Atomique et aux Énergies Alternatives) diz que essas reservas acumuladas de urânio empobrecido e plutônio representam cerca de 5 mil anos de abastecimento de uma frota de reatores produzindo energia elétrica!

E a Academia de Ciências em um relatório de junho de 2021 reforça esse dado escrevendo que: “a França tem hoje um estoque de urânio empobrecido de cerca de 350.000 toneladas” o que garantiria “centenas de anos de produção de energia elétrica [...] mesmo em caso de paralisação da mineração de urânio”.

Ambientalistas e putinistas visam o mesmo objetivo apagar a civilização não-comunista
Ambientalistas e putinistas visam o mesmo objetivo apagar a civilização não-comunista
O engenheiro entrevistado Maxime Amblard explica que teve em conta no seu cálculo todas as energias consumidas na França, e não apenas a nuclear.

A tecnologia também foi amplamente testada e a França é pioneira no campo. O que danificou o país foi a propaganda ecologista e os políticos inescrupulosos ou ignorantes submissos às ordens ditatoriais da União Europeia.

A França, que estava anos à frente neste setor, agora está atrasada, enquanto a Rússia e a China estão sobrecarregadas com reatores experimentais em operação e outros em fase de projeto.

A Índia e os EUA também investiram para recuperar seu atraso.

A total independência energética francesa pelos estoques de combustíveis acumulados, é conhecida há muito tempo. Não se recuperará o atraso de um momento a outro, mas as condições para fazê-lo estão postas. É só ecologistas e políticos não trair a nação.

Se amanhã a França gemer pela chantagem russa não será por falta de recursos, mas pela sabotagem histórica do ecologismo de fundo comuno-socialista que olha com simpatia para a Rússia de Putin.


A grande sabotagem ecologista que pôs a França de joelhos




domingo, 2 de outubro de 2022

Mais mortes estranhas de descontentes com o putinismo

Stepnaz elimina quem pensa diferente do chefe
Stepnaz elimina quem pensa diferente do chefe
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A newsletter do “Corriere della Sera” America-Cina Il Punto voltou a um tema macabro que ainda assim mais é de amigo alertar.

Na Rússia e no Ocidente a dissidência de “antigos amigos” está sendo ceifada com requintes de maldade e falsidade tendo virado uma dialética diária nos últimos meses, diz a newsletter.

Simultaneamente, o Ministério da Educação jogou-se na propaganda da guerra ensinando desde o início do ano letivo aos adolescentes os méritos da “operação especial” de invasão a Ucrânia, quando, até agora, os professores eram expressamente proibidos de falar dela. Ai do rapaz que, chegando à idade, não se oferecer para bucha de canhão.

A Rússia desinformada e “limpada” de dissidentes vivia no mundo mais azul conservador, evocador da paz soviética.

Mas, o regime de mentiras de Estado não deu mais.

O bilionário ucraniano Mikhail Tolstosheya também apareceu enforcado na garagem
O bilionário ucraniano Mikhail Tolstosheya
também apareceu enforcado na garagem
Para pior, nas províncias de São Petersburgo, Moscou e Kolpino, representantes de 18 administrações locais aderiram a um apelo de alguns vereadores do círculo eleitoral de Lomonosov, Moscou, pedindo em carta para Putin renunciar.

A linguagem dos funcionários é crua demais, mas habitual nos homens educados no regime soviético: “está provado, escrevem que os cidadãos de países onde há mudanças regulares de poder vivem melhor e mais tempo do que aqueles onde os líderes só saem quando estão mortos”.

Ainda viriam em São Petersburgo, sete vereadores pedindo à Duma de Moscou um “impeachment” do próprio presidente por alta traição. A guerra, escrevem eles, “prejudica a segurança da Rússia e de seus cidadãos”.

Na autoritária Rússia putinista esses gestos podem ter altíssimo custo: severas penas de prisão, como Alexei Navalny que enfrenta pelo menos nove anos numa colônia penal.

O mais informal e drástico dos destinos é conhecido por aqueles que se afastam do círculo mágico do presidente. Tendo sido velhos e serviçais “amigos” outrora impunes criticam, ainda que muito reservadamente, a liderança, após tê-la bajulado, e morrem assassinados.

Yegor Prosvirnin, fundador dos sites pró-governo, Sputnik e Pogrom também caiu da janela
Yegor Prosvirnin, fundador dos sites pró-governo,
Sputnik e Pogrom também caiu da janela
Yegor Prosvirnin
, fundador de dois sites de informação nacionalistas e pró-governo, Sputnik e Pogrom, caiu pela janela em dezembro; sem ficção de doença.

Ravil Maganov, 67, ex-presidente da petrolífera Lukoil, apontado como “gravemente doente” caiu em 1º de setembro da janela do quarto onde estava internado, no sexto andar de um hospital de Moscou.

A doença parece ter sido pedir a retirada da Ucrânia em março.

Kirill Zhalo, diplomata russo, agente do FSB, sumiu dos vivos em outubro.

Ivan Pechorin, homem-chave de Putin no estratégico Ártico, caiu no Mar do Japão e não foi mais visto. Ele era um executivo da Corporação de Desenvolvimento do Extremo Oriente e do Ártico, organização ministerial.

Seu último discurso no Fórum Econômico de Vladivostok contem palavras que podem tê-lo condenado.

Pechonin só atualizou a misteriosa lista de mortes de potentados desde o início da guerra.

Igor Nosov, ex-CEO da mesma corporação, foi acometido por um ataque cardíaco suspeito aos 43 anos em fevereiro.

Mikhail Tolstosheya, magnata ucraniano, apareceu em fevereiro, pendurado na garagem de sua vila em Surrey.

Vasily Melnikov, outro bilionário putinista, também foi encontrado enforcado em março num cenário semelhante. Sua esposa e dois filhos de 10 e 4 anos foram esfaqueados até a morte. Parentes e vizinhos não acreditaram na versão oficial.

Dan Rapoport, investidor achado morto em Washington
Dan Rapoport, investidor achado morto em Washington
Dan Rapoport
, banqueiro de investimentos, em abril foi morto em frente à sua casa em Washington em agosto.

Aleksander Subbotin, ex-líder da Lukoil, foi encontrado morto em maio, num porão onde praticava “rituais de purificação”.

Leonid Shulman, 60 anos, foi achado morto – e também sua família. O jovial executivo da Gazprom, estava na banheira com os pulsos cortados. Uma intrigante mensagem junto ao inexplicável suicida falava de uma dor numa perna que o obrigava a se afastar do trabalho.

Alexander Tyulyakov, mais um executivo da Gazprom, apareceu três meses depois enforcado na sua garagem.

Sergej Protosenya, ex-chefe da gigante do gás Novatek foi outro dos que apareceram enforcados na sua vila espanhola de Lloret de Mar. Uma macabra repetição ou repetitiva planificação do FSB.

Ivan Pechorin 'caiu de um barco no Ártico'
Ivan Pechorin 'caiu de um barco no Ártico'
Ao lado dele, foram achadas esfaqueadas sua esposa e filha, fato arquivado às presas sem esclarecer muitos lados inexplicáveis.

Vladislav Avayev, ex-vice-presidente do Gazprombank, é outra vítima de mais um assassinato-suicídio.

E a lista segue crescendo.

Ingênuos conservadores ocidentais amigos de generosos neo-amigos putinistas, no aperto do mal rumo da guerra na Ucrânia e da onda de agitações que o Kremlin prepara no coração da Europa ocidental pela falta de energia e pela carestia da vida poderão ser convidados a praticar atos que repugnam a suas consciências.

Acham que poderão recusar sem consequências habituados como estão a um ambiente de liberdades. Mas a KGB – hoje FSB – não entende nada disso e paga horrendamente.