A Cidade Luz na escuridão. E é só um aviso, o pior está para vir |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Putin chantageia Europa lhe cortando o fornecimento de gás e petróleo. As perspectivas são sombrias para o inverno que começa no Hemisfério Norte.
As contas já subiram muito, haverá racionamento de energia – leia-se passar frio e desemprego – diminuição da produção e protestos públicos atiçados até por agentes putinistas “conservadores” cotovelo a cotovelo com os da extrema esquerda, também paga pelo putinismo.
O magazine especializado em economia “The Economist” chega a falar do temor de uma possível recessão econômica europeia para o fim do ano.
Os estrategistas militares temem que Putin, cada vez mais derrotado nos campos ucranianos, apele a essa guerra híbrida contra os países de Europa que fornecem armas à até pouco mal armada Ucrânia.
Estas perspectivas vinham sendo denunciadas aliás há muitos anos nos nossos blogs. Mas tal vez soavam mefistofélicas demais. Agora constituem o novo desenvolvimento da guerra europeia.
Para elas, trabalhavam ativamente os militantes ecologistas que nós e certos entendidos sempre denunciávamos como ex-comunistas sem emprego após a queda da URSS e agora reciclados no movimento ambientalista com os mesmos objetivos de outrora.
A provável crise que está no horizonte é provocada em boa parte pelo ativismo ecologista contra as centrais nucleares e contra o fracking.
Do fracking basta dizer que a França possui jazidas de gás que fariam dela o Qatar da Europa. Mas, para atender a sensibilidade da Mãe Terra, ou Gaia, sucessivos governos de signos diversos interditaram o aproveitamento.
Suprema estupidez? Suprema traição dos políticos? Seja o que for a carência já bate os bolsos dos cidadãos.
Desmantelamento de uma central nuclear na França |
Em entrevista filmada pelo site Le Média pour tous e que viralizou nas redes sociais, Maxime Amblard, engenheiro da fabricante de reatores Framatome, afirma que os reatores de quarta geração permitiriam satisfazer todo o consumo de energia da França “durante 2000 anos”, reutilizando o urânio armazenado.
O país seria completamente independente de energia, totalmente livre de carbono, substituindo até “o que consumimos em carvão, gás, petróleo, hidráulica e em renováveis”.
O grande jornal de Paris “Le Figaro” explica que o combustível dos reatores franceses é o urânio 235. Durante quarenta anos foram acumuladas várias dezenas de milhares de toneladas de urânio empobrecido, armazenadas principalmente no Vale do Ródano.
Essa quantidade colossal, é combustível para os reatores de quarta geração com um rendimento 60 vezes maior que os reatores tradicionais.
A CEA (Commissariat à l'Énergie Atomique et aux Énergies Alternatives) diz que essas reservas acumuladas de urânio empobrecido e plutônio representam cerca de 5 mil anos de abastecimento de uma frota de reatores produzindo energia elétrica!
E a Academia de Ciências em um relatório de junho de 2021 reforça esse dado escrevendo que: “a França tem hoje um estoque de urânio empobrecido de cerca de 350.000 toneladas” o que garantiria “centenas de anos de produção de energia elétrica [...] mesmo em caso de paralisação da mineração de urânio”.
Ambientalistas e putinistas visam o mesmo objetivo apagar a civilização não-comunista |
A tecnologia também foi amplamente testada e a França é pioneira no campo. O que danificou o país foi a propaganda ecologista e os políticos inescrupulosos ou ignorantes submissos às ordens ditatoriais da União Europeia.
A França, que estava anos à frente neste setor, agora está atrasada, enquanto a Rússia e a China estão sobrecarregadas com reatores experimentais em operação e outros em fase de projeto.
A Índia e os EUA também investiram para recuperar seu atraso.
A total independência energética francesa pelos estoques de combustíveis acumulados, é conhecida há muito tempo. Não se recuperará o atraso de um momento a outro, mas as condições para fazê-lo estão postas. É só ecologistas e políticos não trair a nação.
Se amanhã a França gemer pela chantagem russa não será por falta de recursos, mas pela sabotagem histórica do ecologismo de fundo comuno-socialista que olha com simpatia para a Rússia de Putin.
A grande sabotagem ecologista que pôs a França de joelhos