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Ex-soldados dos 'Storm Z' revelaram o trato criminoso de seus chefes. Na foto: prisioneiro russo fala
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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Centenas de presos militares e civis foram incorporados em unidades penais russas conhecidas como esquadrões “Storm Z” (Tempestade Z) enviados propositalmente para morrer nas frentes na Ucrânia.
Assim revelaram 13 pessoas familiarizadas com o assunto, incluindo cinco combatentes dessas unidades, narrou relatório publicado por
“La Nación”.
Os esquadrões “Storm Z” são empurrados para a primeira linha de fogo sem treinamento nem armamento adequado e poucos sobrevivem para contar o que lhes aconteceu.
Este método de punição foi instituído pelo cruel Stalin para suprimir dissidentes, soldados insubordinados e presos das cárceres.
“Os combatentes das tropas de assalto nada mais são do que carne”, declarou acabrunhado um soldado regular da unidade 40318 do Exército russo que é médico.
Ele foi destacado em maio e junho de 2023 perto da disputada cidade de Bakhmut, onde teriam morrido milhares de soldados russos em condições espantosas.
O militar disse ter prestado tratamentos médicos a um grupo de seis ou sete combatentes da “Storm Z” feridos no campo de batalha.
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'Sorm Z' são enviados ao 'moedor de carne' |
Por causa disso, desobedeceu ordem de um comandante – cujo nome não sabia – de os abandonar para morrerem desesperados.
Ele contou que a ordem do comandante mostrava que os oficiais consideravam os combatentes da unidade “Storm Z” como subhomens de menor valor do que as seres comuns.
O soldado, que pediu anonimato porque temia ser processado na Rússia por falar do caso, tinha pena dos feridos.
“Se os comandantes pegam alguém com cheiro de álcool no hálito, eles imediatamente o enviam para os esquadrões Storm”.
Mas o álcool é um vício generalizado na Rússia, e é reforçado pelas condições calamitosas em que vivem os soldados enviados a invadir um país que não conhecem e até simpatizam com ele.
A Reuters procurou um oficial da unidade 40318, mas esse se recusou a comentar as práticas da “Storm Z”. O Kremlin desviou as perguntas da Reuters para o Ministério da Defesa russo, que não respondeu.
A mídia russa controlada pelo Estado reconhece a existência de esquadrões “Storm Z”, mas oculta as baixas que sofrem, particularmente importantes pelo seu caráter de “unidades de extermínio” dos indesejados na Rússia.
A agência de notícias Reuters foi a primeira a compilar um relatório abrangente sobre como os esquadrões são formados e mobilizados.
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Soldados de 'Storm Z' não querem ir ao combate |
A Reuters coletou os dados depois de falar com muitas fontes com conhecimento direto do que está acontecendo nas fileiras russas.
Outras 13 pessoas entrevistadas – incluindo quatro familiares de integrantes das unidades e três militares regulares que interagiam com os esquadrões – solicitaram anonimato, por medo de represálias.
A Reuters verificou as identidades de todos os combatentes envolvidos usando antecedentes criminais, contas de redes sociais e conversou com seus colegas militares e suas famílias.
Putin continua com as práticas inumanas ditadas por Stalin, de quem é declarado admirador, ainda quando seus agentes de propaganda o apresentam no Ocidente como um líder mundial conservador, pela vida, pela família e pelo bem da humanidade.