domingo, 2 de abril de 2023

Rússia vai a um colapso militar e político internacional

Mulheres russas protestam pelos desaparecidos em combate
Mulheres russas protestam pelos desaparecidos em combate
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Pierre Servent, coronel honorário da reserva e especialista francês em questões de defesa e estratégia apontou o “colapso da força expedicionária russa” nos próximos meses a entrevista pela France TV.

O especialista em questões de defesa apontou para as “disfunções” de Putin enviando recrutas e reservistas “inexperientes” e “mal treinados”, e mantendo um comando “nada adaptado à guerra moderna”.

Pierre Servent
Pierre Servent
Pelo contrário, a Ucrânia já possui “um modo de comando moderno” com destaque para a “digitalização do campo de batalha”. Kiev está obtendo uma “vitória defensiva”.

Os observadores temiam uma ofensiva em grande escala após um ano de guerra, mas os russos nem mesmo têm “os meios” para realizá-la, prosseguiu. E, de fato, não a realizaram, exceção feita da ofensiva desastrosa de Vulehdar.

Moscou tenta “há vários meses uma ofensiva de 700 quilômetros de frente” que “avançou com uma devassidão de artilharia”. Mas hoje dispara duas a três vezes menos projéteis por dia, devido a “dificuldades de estoque”.

1.200 tanques pesados também foram destruídos e Moscou não tem “as peças sobressalentes” para reconstruir sua frota. “Tudo isso dá 100 metros conquistados aqui ou ali para níveis terríveis de perda” sendo que a Rússia “não pode fazer melhor”.

Pierre Servent acha que não há ameaça nuclear.

Mães, viuvas, filhas sem pai protestam contra Putin pela Rússia toda
Mães, viúvas, filhas sem pai protestam contra Putin pela Rússia toda
Três argumentos afastam essa possibilidade,, segundo ele. Primeiro, o impasse político: Putin “perderia instantaneamente o apoio da China, Índia e da comunidade internacional”. Há também um bloqueio militar.

A arma nuclear também mataria soldados russos e afetaria até mesmo o campo de batalha. Porque a nuvem radioativa também “não para nas fronteiras” e penetraria a Rússia.

A última razão é psicológica: “Putin é um homem que não quer morrer” e a arma nuclear “levaria esta guerra a outra dimensão”. “Mais uma vez, não acredito que esse seja o objetivo de Putin e não acredito que seja ideia dos generais que estão ao redor de Putin”, conclui.

Prisioneiros russos, jovens despreparados, recebem comida de ucranianos e celular para falar com suas mães
Prisioneiros russos, jovens despreparados, recebem comida de ucranianos
e celular para falar com suas mães
A China gostaria de desempenhar o papel de mediadora nesta guerra, garante Pierre Servent, mas “está muito constrangida” com o comportamento da Rússia.

Primeiro, porque Moscou sofreu “inúmeros fracassos” e depois porque a China não pode “convencer Putin a se mexer”.

Pequim gostaria de passar para “uma fase de negociação”. “A China prefere estratégias de soft power, principalmente por meio da economia”, explica Pierre Servent.

Diante da “escalada do terror” da Rússia, segundo Servent, seria preciso “ir mais rápido” na entrega de tanques leves e pesados por parte dos ocidentais.

“Também devemos começar a treinar ucranianos para pilotar aviões já”, continuou o especialista, mas infelizmente os ocidentais até agora nunca responderam favoravelmente ao pedido de Kiev de aviões de combate.

Putin queria enfraquecer a Ucrânia, mas “uniu o povo ucraniano”. Queria desconjuntar Europa, mas “consolidou a UE” que pretendia enfraquecer.

Cemiterios de soldados russos ficam enormes
Cemitérios de soldados russos ficam enormes
Para pior para ele, deu margem para os EUA emergirem como os grandes vencedores com o “retorno a uma posição central” na Europa e “ressuscitou” a OTAN, que queria enterrar, porque foi muito abalada pela administração Trump.

Putin corre o risco de perder em todos os aspectos, concluiu Pierre Servent.


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