domingo, 18 de dezembro de 2022

Putin em crise planeja fugir para América do Sul?

Fantasmas de desgraças angustiam Putin até no 'Dia Vitoria'
Fantasmas de desgraças angustiam Putin até no 'Dia Vitoria'
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Segundo diversos órgãos de imprensa Putin e seus mais próximos teriam cogitado um plano para fugir da Rússia, resumiu o jornal francês “L’Indépendant”

O plano denominado “Arca de Noé” está sendo pensado para o caso de o pior cenário se tornar realidade em decorrência dos fracassos na invasão da Ucrânia e os protestos e dissidências que crescem no interior de seu país e até entre seus mais categorizados apoiadores “oligarcas” e generais.

Entre os órgãos de imprensa que divulgaram inicialmente a informação figuram a revista americana “Newsweek”, e a MSN

A fonte é o testemunho do ex-escritor dos discursos de Putin, Abbas Gallyamov, também analista político, quem diz que os russos adaptam esse plano em caso de derrota na Ucrânia.

O “Arca de Noé” envolve a fuga dos principais líderes russos, incluindo Putin.

Para Abbas Gallyamov o próprio Putin está confundido con suas mentiras
Para Abbas Gallyamov o próprio Putin está confundido com suas mentiras
O destino da fuga seria em primeiro lugar a Venezuela, mas também poderia ser a Argentina, e após a vitória de Lula, o Brasil. A China é outra hipótese, porém mais remota.

“Como o nome sugere, trata-se de encontrar novas terras onde você pode ir caso fique completamente desconfortável em sua terra natal”, escreveu Gallyamov na rede social Telegram, um texto recolhido pela “Newsweek”.

“A comitiva do líder não descarta que ele perca a guerra, perca o poder e tenha que evacuar com urgência para algum lugar”.

Gallyamov vive em Israel, onde está exilado desde 2018.

O projeto fez lembrar a nunca demonstrada fuga de Adolf Hitler pela Argentina enquanto seu III Reich caia em pedaços.


domingo, 11 de dezembro de 2022

A graça de Fátima agindo na Ucrânia (2)

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: A graça de Fátima agindo na Ucrânia


Quando caiu a União Soviética, cerca de 300 mil católicos emergiram das catacumbas, mas, segundo estimativas atuais, na Ucrânia eles são cinco ou seis milhões.

Pois tendo os católicos resistido ao comunismo — ao contrário dos “popes” cismáticos, que lhe foram submissos —, muitos ex-cismáticos passaram para a Igreja Católica, como outrora os “uniatas”.

Plinio Corrêa de Oliveira observou que “avalanches de pessoas da Igrejas Ortodoxas desejam entrar para a Igreja Católica. Isto é uma conversão.

Mas a Ostpolitik da Santa Sé não simpatiza com elas porque abalam as relações entre o Kremlin e o Vaticano
. A Ucrânia junto com a Polônia e os países bálticos podem formar uma faixa católica em extremo perigosa para o comunismo”. (Anotações, 25-9-90)


As sucessivas intervenções da Ostpolitik vaticana para frear essa tendência não tiveram êxito.

Indagado sobre a ação da graça de Nossa Senhora de Fátima na ex-URSS, o Prof. Plinio afirmou:

“Onde vejo uma possibilidade mais saliente de conversão é na Ucrânia pisoteada, onde os católicos resistem com heroicidade, e cismáticos começam a se converter.

“Os torcionários do clero cismático produziram o sofrimento do povo e se degradaram muito ante a opinião pública.”

Ele via que essa tendência para a conversão acarretaria uma possibilidade de apostolado católico em toda a Ásia, “pois não há região da Índia, da China, da Pérsia, em que a Sibéria ao longo dos tempos não pudesse funcionar como um chuveiro gotejando Fé”(Conferência em 11-7-92).

Isso acontecendo, realizar-se-ia a previsão do Papa Urbano VIII: “Por meio de vós, meus ucranianos, eu espero converter o Oriente”.(Cfr. Miroslav Zabunka e Leonid Rudnytzky, The Ukrainian Catholic Church, 1945-1975, St Sophia Association, Philadelphia, 1976, p.9)

Tal perspectiva encoleriza a Rússia de Putin e o “Patriarcado de Moscou”, o qual explora a simpatia do Papa Francisco pelo presidente russo para bloquear esse movimento.

Em fevereiro de 2016, o Pontífice desceu na capital da Cuba castrista para assinar uma Declaração Comum com o Patriarca Kyrill, vetando o “uniatismo” e a conversão de grandes grupos de cismáticos ao rito greco-católico.(Cfr. Flagelo russo)

O vaticanista Sandro Magister escreveu, em 8 de junho de 2018 (data corrigida), que uma comitiva desse Patriarcado em Roma ficou eufórica pelo “modo com que Francisco abraçou as teses do patriarcado de Moscou e, pelo contrário, condenou com palavras muito ásperas as posições da Igreja greco-católica ucraniana”.(Sandro Magister)

Não espanta que nesse mesmo ano o chefe do “Patriarcado de Moscou” tenha ameaçado o “cisma ucraniano” com um “derramamento de sangue”, segundo noticiou o site Unisinos

Ele se referia aos cismáticos que trocavam o “Patriarcado de Moscou” por outra igreja cismática, mas se aproximavam do catolicismo.

Pseudo “Patriarca de Moscou” Kyrill justifica os piores crimes
Pseudo “Patriarca de Moscou” Kyrill justifica os piores crimes
Agora, Kyrill fez a apologia da guerra de Putin contra a Ucrânia como uma “guerra moralmente justa e útil” contra um “Anticristo”, aduzindo pretextos “conservadores”.

Nos antros de Moscou reina o pavor diante da expansão da graça de Fátima no mundo eslavo. Os fatos atuais fornecem uma clave de interpretação religiosa com um fundo de esperança, apesar dos sofrimentos causados na martirizada Ucrânia.

A mão da Providencia conduz o mundo russo à conversão na atual guerra


Bem antes de invadir a Ucrânia, Putin e seus oligarcas trombeteavam que em 48 horas o exército russo tomaria Kiev, a capital ucraniana, e apagaria do mapa um país que para eles não deveria existir.

Quando, porém, após a fracassada tentativa, as colunas russas se retiraram vergonhosamente, entre os incontáveis restos de veículos havia um caminhão com fardas de gala com a medalha da “Vitória de Kiev”, para os soldados ostentarem na almejada passeata da vitória...

A diferença numérica de ambos os exércitos levou o oligarca Konstantin Malofeev, que se diz cristão, a exaltar o esmagamento da Ucrânia.

Mas no momento em que escrevemos esta matéria a situação se inverteu e os ucranianos estão conseguindo por em fuga os exércitos de Putin. — O que aconteceu?

Nuves com forma de anjos sobre Kiev quando os russos pareciam vence
Nuvens com forma de anjos sobre Kiev
quando os russos pareciam vence
Seria simplificação falar em milagre. O noticiário aponta para uma convergência de fatores naturais contra o Moloch assassino, mas é impossível não se perguntar sobre a ação da Providência. Vejamos esquematicamente.

1. Quando Kiev estava quase cercada, apareceram no céu nuvens formando uma figura parecida com São Miguel Arcanjo, padroeiro da cidade.

Os fiéis telefonaram para o arcebispo-mor greco-católico Dom Sviatoslav Schevchuk.

Ele esclareceu em vídeo que se tratava de nuvens, mas que Deus pode se manifestar por meio de elementos naturais. E concluiu:

“Hoje percebemos que o comandante-em-chefe da hoste celestial está lutando pela Ucrânia. Hoje rezamos: ‘Ó São Miguel Arcanjo e toda a milícia celestial, derrubai o demônio que deseja nos derrubar!’”.

2. O “Patriarca de Moscou” Kyrill, vistoso agente de propaganda de Putin, qualificou a invasão de ‘justa’ e ‘santa’. Ele é o chefe da igreja russa, dita ortodoxa.

Diante dos crimes de guerra do exército russo, bispos, sacerdotes e muitos fiéis querem depô-lo, diretamente ou em assembleia, mas temem represálias de Putin.

Por isso pensam abandonar essa igreja cismática, aumentando assim as chances de conversões à Igreja Católica.

3. Aproximadamente seis mil cidadãos russos foram presos nas manifestações contra a guerra nas grandes cidades da Rússia.

Correm incessantes boatos em Moscou de que generais descontentes desejavam depor Putin, que sem dar explicação destituiu alguns deles.

4. A “guerra psicológica” de Putin durante três décadas foi de que ele era um novo “Carlos Magno” ou “Constantino”, líder mundial dos “conservadores”.

Soldado ucraniano põe terço no pescoço
Soldado ucraniano põe terço no pescoço
As atrocidades da guerra revelaram quem é ele... Putin mostrou ser o maior criminoso do século, continuador — como ele sempre disse — de Stalin, cuja URSS sonha restaurar.

5. Sete generais russos morreram na Ucrânia. Um deles — que havia prometido a vitória em 48 horas, mas que após 30 dias perdeu metade de seus homens e deixou o resto sem comida, água e diesel — foi intencionalmente esmagado por um tanque dirigido por um soldado russo enfurecido.

Quando escrevemos já são 15 os oficiais de alta patente mortos na Ucrânia. Os generais assumiram a liderança das unidades que se negavam a avançar, ficando mais expostos.

Inexplicável falha nas comunicações russas levou oficiais a usarem celulares que fornecem a geolocalização deles, facilitando assim a pontaria ucraniana.

6. O seminário católico de Vorzel, perto de Kiev, foi saqueado.

Imagem de Nossa Senhora de Fátima profanada por invasores russos no seminário de Vorzel, perto de Kiev
Imagem de Nossa Senhora de Fátima profanada por invasores russos
no seminário de Vorzel, perto de Kiev
Dom Vitaliy Kryvytskyi, Bispo de Kiev, contou que os russos quebraram uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e saquearam pilharam tudo o que puderam, mas não conseguiram matar ninguém.

7. Moscou comemorou a ocupação da área da antiga usina nuclear de Chernobyl, expulsou seus engenheiros e seguranças, e montou um grande acampamento militar sobre o interditado depósito de cinzas radioativas apelidado “Floresta vermelha”, pela estranha cor que adquiriram os pinheiros.

Foram além. Cavaram trincheiras, abriram estradas e usaram da água, absorvendo radioatividade.

Após um mês, os soldados sofriam estranhas doenças, até se detectar a causa. A tropa se revoltou e o acampamento foi abandonado.

O último comboio de doentes partiu com 300 soldados cujo prognóstico de vida é de apenas um ano.

8. A força aérea russa deveria ter ficado com a supremacia nos primeiros dias por sua imensa superioridade, mas até hoje não ousa entrar no espaço aéreo ucraniano.

Nossa Senhora atingida por bombardeio russo em Kherson
Nossa Senhora atingida por bombardeio russo em Kherson
Os pilotos alegam a eficácia da pequena aviação da Ucrânia, voam até a fronteira, disparam seus mísseis e voltam para as suas bases.

9. O número de tanques ucranianos aumenta constantemente, apesar das perdas na guerra. Muitos russos desmoralizados fogem de seus tanques e abandonam o combate.

Outros sabotam seus veículos e voltam a pé, alegando avarias. Camponeses ucranianos transformavam esses veículos em caminhões para a lavoura.

Um militar russo entregou sua unidade intacta em troca de dez mil dólares e um RG ucraniano, enquanto seus colegas voltavam a pé para suas casas. Foi feita uma tabela com o preço de cada arma útil mais o RG.

A cidade clave de Kherson foi abandonada pelos russos. 20.000 soldados ou mais de unidades de elite a deixaram sem combater, mas tendo sabotado toda a infraestrutura.

Abandonaram também aos reservistas russos e mercenários notadamente do grupo Wagner que recolhe criminosos dos cárceres russos e se entregaram à pilhagem.

10. Usando mísseis portáteis diversos, punhados de soldados ucranianos de infantaria arrastam-se pelas plantações, emboscam colunas de tanques pesados e as põe em fuga.

11. Em Lviv, segundo testemunha, as procissões católicas em torno das igrejas não cessam, e quando soam os alarmes de bombardeio, são transferidas para os porões ou criptas das igrejas.

A guerra não terminou e momentos ainda mais trágicos se anunciam.

Uma coisa, porém, é certa: a mão da Divina Providência está pesando a favor dos católicos ucranianos contra os inimigos da civilização cristã.

A hora da conversão da Rússia prometida por Nossa Senhora em Fátima parece se aproximar.




domingo, 4 de dezembro de 2022

A graça de Fátima agindo na Ucrânia


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Deus quer que sua glória tenha realizações históricas nos povos, razão pela qual os russos e os ucranianos, na presente guerra, atraem as atenções universais.

A Rússia foi a única nação apontada por Nossa Senhora em Fátima, em relação com o triunfo de seu Imaculado Coração.

Quando Ela apareceu, em 1917 a Ucrânia integrava a Rússia, da qual ela é o próprio berço.

Agora Deus permite essa guerra, não sendo difícil considerar sua relação com a Mensagem de Fátima e o Reino de Maria nela anunciado.

Talvez o leitor fique surpreso com o silêncio que se faz sobre os planos de Nossa Senhora. Para entender melhor essa situação, é preciso voltar no tempo.

Batismo da Rússia


Até o ano de 988 o mundo eslavo de origem étnica viking incluía, numa imensidade territorial sem muita organização, as futuras Ucrânia, Rússia, Bielorrússia e partes de outros países.

Caudilhos se impunham pela força das armas e usavam títulos de czares, césares, reis ou análogos.

O nome Rus ou Rutênia significaria “remadores”, pois os vikings dominavam os grandes rios das estepes remando em seus barcos.

Naquele ano a primazia era de Kiev, hoje capital da Ucrânia, onde com a morte do príncipe Igor assumiu a regência (945 a 969) a viúva Santa Olga.

Ela foi a primeira soberana eslava batizada (em 945 ou 957), recebendo o nome cristão de Yelena em memória da imperatriz de Constantinopla.

Santa Olga defendeu o trono de seu filho Sviatoslav I contra rebeliões ferozes.

Não conseguiu convertê-lo, mas seu neto, São Vladimir o Grande, reinou de 980 até 1015 com os títulos de Grão-Duque de Kiev e de todas as Rússias, ou ‘Tsar de todas as Rússias’.

São Vladimir o Grande, príncipe de Kiev e primeiro ‘Tsar de todas as Rússias
 São Vladimir o Grande, príncipe de Kiev e primeiro ‘Tsar de todas as Rússias
São Vladimir foi batizado perto de Sebastopol (Criméia), cidade que possui uma catedral com seu nome.

Depois voltou para Kiev, onde toda a sua família e o povo pediram o batismo.

Tudo isso na década do ano 990. O Batismo de Kiev levou o mundo eslavo a se tornar católico.

O príncipe abateu os monumentos pagãos, destruiu os ídolos, combateu a bebedeira, trabalhou pela conversão de seus súditos e edificou numerosas igrejas, entre as quais a da Dormição da Virgem, primeiro templo em pedra do país.

O Patriarca de Constantinopla doou à nova catedral um esplêndido mosaico de Nossa Senhora. De Moscou só se tem uma primeira notícia no ano 1147.

Cisma diabólico e santo “uniatismo”

O demônio, que já agia no seio da Igreja, assanhou-se contra o império eslavo e católico nascente.

O Papa Pio XI explicou o fato na encíclica Ecclesiam Dei, de 11-11-1923.

No ano 1054, o patriarca de Constantinopla, Miguel I Cerulário (1000-1059), provocou o Grande Cisma do Oriente, infestado de heresias.

Ele era a cabeça do rito greco-católico estabelecido por São João Crisóstomo e, qual novo Lúcifer, arrastou legiões de bispos e fiéis à perdição.

Os Papas procuraram trazê-los de volta ao redil de Cristo. Pio XI destaca entre eles o papel de São Gregório VII, que invocou as bênçãos celestes sobre Demétrio, príncipe de Kiev e rei dos Russos, e sobre a rainha, a pedido do filho do casal que estava em Roma.

Os Papas Honório III, Gregório IX e Inocêncio IV enviaram legados aos príncipes, até que, em 1255, com a unidade refeita, o Núncio coroou Daniel, filho de Romano, como rei de todas as Rússias.

Esta união durou muitos anos, ensina a Ecclesiam Dei, malgrado os percalços. Notadamente a invasão mongol da Europa pela Horda Dourada de Batu Cã e Subedei, uma das guerras mais letais da História, entre 1236 e 1242.

Eles devastaram a Rússia e chegaram até a Polônia e a Romênia, derrotando os austríacos, os húngaros e os cavaleiros teutônicos. Na Hungria, mataram metade da população.

Finalmente retornaram à Ásia, mas conservaram Moscou, onde se fundiram com a população eslava local.

No Concílio de Florença (1431-1445), conhecido como de Basileia, Dom Isidoro, Metropolita de Kiev e de Moscou, cardeal da Santa Romana Igreja, em nome de todos os povos de sua língua, jurou conservar santa e inviolável a unidade na fé de Roma, ratificando a promessa de 1255.

Mas o inferno contra-atacou em 1453, quando o otomano Maomé II tomou Constantinopla, onde, segundo os erros cismáticos, residia o Espírito Santo após abandonar Roma.

Convencidos pela calamidade de que o Espírito Santo não poderia estar nessa cidade, os bispos do rito grego-católico reuniram-se com legados pontifícios no Concílio de Brest (1595-1596), na atual Bielorrússia, e juraram se submeter aos Papas de Roma.

Daí procede o nome “uniata”. O Papa Clemente VIII confirmou o referido Concílio na Constituição Apostólica Magnus Dominus e convocou a Igreja para agradecer a Deus pelo passo dado.

Mas o tsar de Moscou, Teodoro I — filho de Ivã IV, o Terrível — não aceitou tal decisão porque, como seus antecessores, utilizava-se dos bispos para consolidar suas conquistas.

Convocou então um Sínodo e, sob ameaça de morte, obrigou os bispos a se dobrarem ante um “Patriarcado de Moscou” de sua invenção, bem como a reconhecerem que o Espírito Santo estaria em Moscou — a dita Terceira Roma, após Roma e Constantinopla.

São Josafá Kuntsevytch (1580-1623), mártir. Túmulo em São Pedro, Vaticano
São Josafá Kuntsevytch (1580-1623), mártir. Túmulo em São Pedro, Vaticano

“Por meus ucranianos, espero converter o Oriente”


Contudo, o Arcebispo de Polotsk (Bielorrússia), São Josafá Kuntsevytch (1580-1623), resistiu e baniu os cismáticos, sendo por isso martirizado em Vitebsk, no ano 1623.

A brutalidade do crime estarreceu muitos cismáticos, que acabaram se reunindo na Igreja greco-católica ucraniana, fiel a Roma.

Por ocasião da beatificação desse mártir, em 1643, o Papa Urbano VIII defendeu a União de Brest com palavras que se revestem de importância em nossos dias:

“Por meio de vós, meus ucranianos, eu espero converter o Oriente”. (Cfr. Miroslav Zabunka e Leonid Rudnytzky, The Ukrainian Catholic Church, 1945-1975, St Sophia Association, Philadelphia, 1976, p.9.)

São Josafá foi canonizado por Pio IX em 1867 e seus restos mortais são venerados numa urna de cristal na Basílica Vaticana.

Em sentido contrário, o Patriarcado de Moscou foi extinto pelo mesmo capricho dos tsares que o criaram.

Em 1721, Pedro o Grande, achando-o uma velharia incompatível com a modernização do império, acabou enterrando-o por quase dois séculos, até que, aproveitando-se da derrubada da monarquia pelo comunismo, alguns bispos cismáticos interesseiros o restauraram.

A Revolução bolchevista precisava daquele patriarcado para enganar mais facilmente o povo, e o recompôs com a condição de ele pregar o socialismo.

O Soviete dos Comissários do Povo, tribunal do terror marxista, concedeu-lhe cidadania em 5-2-1918.

Com as sucessivas chacinas comunistas, dos 50.960 clérigos cismáticos — os ditos “popes” — então existentes, só restaram 5.665.

Dos 90.000 monges sobraram algumas centenas; e das 40.500 igrejas e 25.000 capelas cismáticas restaram apenas 4.255, e mesmo assim em ruínas.

O ‘patriarca’ Tikhon protestou, tendo sido encarcerado e torturado. Saiu do cárcere prometendo que “a partir de agora não sou um inimigo do poder soviético”.

Tikhon morreu em 1925, quiçá envenenado, e o ‘Patriarcado’ continuou como agência do ditador de plantão, sendo seus membros escolhidos pela polícia política comunista.

Holodomor: genocídio soviético


Grande parte do povo ucraniano pertence à etnia cossaca (ou povo livre, indômito e guerreiro), também presente em países vizinhos.

Os cossacos permaneceram cismáticos e os tsares de Moscou lhes ofereceram muitas concessões em troca de servirem em unidades de cavalaria.

Para alguns, eles são a coluna vertebral da Ucrânia moderna, como diz o hino nacional: “Nós somos da linhagem cossaca”.

Quando o comunismo destronou os tsares, os cossacos lutaram pela monarquia.

Em vingança, o ditador Joseph Stalin, com a cumplicidade do “Patriarcado de Moscou”, exterminou pela fome entre 6 e 8 milhões deles.

Paradoxalmente, os únicos a denunciarem o crime ao mundo foram os bispos católicos, que escreveram:

As sequelas do regime comunista se tornam cada dia mais aterradoras. Seus crimes horrorizam a natureza humana e fazem gelar o sangue [..].

Protestamos diante do mundo inteiro contra a perseguição de crianças, pobres, doentes, inocentes, e citamos os algozes diante do Tribunal de Deus Todo-poderoso.

O sangue dos famintos e escravizados tinge a terra da Ucrânia e clama aos Céus pedindo vingança, o pranto das vítimas da fome chega até Deus no Céu”. (Mons. Ivan Buchko First Victims of Communism: White Book on the Religious Persecution in Ukraine, Roma, 1953)


Por sua vez, o comunismo obrigou os greco-católicos ucranianos a apostatar, ingressando no ‘Patriarcado de Moscou’, e lhes confiscou todos os bens.

Os católicos resistentes foram martirizados, enviados à Sibéria, ou se refugiaram na clandestinidade, sendo o único grupo religioso que resistiu ao comunismo.

O arcebispo-mor dos católicos greco-ucranianos, Dom André Sheptytskyi, Arcebispo de Lvov e Patriarca de Aliche, apelou ao Papa Pio XII:

“Este regime só pode se explicar como um caso de possessão diabólica coletiva”.

E pediu ao Pontífice que todos os sacerdotes do mundo “exorcizassem a Rússia soviética”. (Pe. Alfredo Sáenz S.J., De la Rusia de Vladimir al hombre nuevo soviético, Ediciones Gladius, Buenos Aires, 1989, pp. 438-439)


Infelizmente, nem os governos ocidentais nem a Santa Sé atenderam a esses lancinantes clamores.