domingo, 23 de julho de 2023

Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (2)

Avião russo no aeroporto do El Calafate
Avião russo no aeroporto do El Calafate
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






continuação do post anterior: Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (1)


Intrigantes viagens russas


Enquanto Lavrov girava pelo Brasil e pela Venezuela, causou estranheza a aterrissagem em El Calafate, Santa Cruz (Argentina), procedente de Moscou com escala em São Paulo, de um avião russo que conseguiu driblar controles internacionais.

El Calafate é a localidade patagônica preferida pela vice-presidente Cristina Kirchner para seus negócios ilegais.

Foi apresentado um pedido de investigação sobre esse avião na Câmara de Deputados argentina, obviamente desatendido pelo governo (cfr. Clarín).

Só se soube que nele chegou o magnata Andrey Kostin, conhecido como “o banqueiro de Putin”, financista da invasão à Ucrânia, acompanhado por Alexander Katunin, outro longa manus de Putin, noticiou o Clarín.

Os três envolvidos — Kostin, Katunin e Kirchner — foram apelidados de “tríplice K”.

Nesses mesmos dias a Justiça americana ordenou o confisco de um Jumbo 747 retido há um ano no aeroporto Internacional de Buenos Aires.

Ele chegou pilotado por um ex-chefe do terrorismo iraniano com cumplicidades nacionalistas-chavistas, suspeito de participar de atentados contra alvos judeus na capital argentina que fizeram mais de uma centena de mortos (Cfr. Clarín).

Papa Francisco tenta envolver o Brasil


Putin e Papa Francisco gostariam envolver Lula de seu lado no conflito bélico da Ucrânia
Putin e Papa Francisco gostariam envolver Lula de seu lado no conflito bélico da Ucrânia
Desde o início da guerra, apesar da divulgação das crueldades inenarráveis perpetradas pelas tropas russas contra idosos, mulheres e crianças ucranianos, o Papa Francisco vinha manifestando sorrateira simpatia pelo déspota do Kremlin, mas nos últimos meses moderou essa sua simpatia pelo putinismo.

Tudo passou a correr como se o Pontífice depositasse em Lula a esperança de uma mediação favorável ao ditador russo que ele próprio não conseguiu.

A tentativa chegou a parecer iminente no anúncio da visita de Lula ao Papa, mas ficou frustrada.

Por iniciativa do governo brasileiro Putin conversou com Lula, e disse não compartilhar os termos do diálogo proposto. Ele o teria convidado para participar do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, mas Lula disse ter recusado, reafirmando seu posicionamento ao lado da China, Índia e Indonésia “pela paz”, informou O Tempo de Brasília.

Nesses mesmos dias, agentes russos ocuparam a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, violando compromissos e despertando o temor de uma sabotagem que provocaria uma nuvem radioativa maior do que a gerada pela explosão da usina de Chernobyl em 1996.

A Rússia acabava de dinamitar em Kakhovka a maior barragem da Ucrânia, causando dezenas de mortes e alagando uma grande superfície.

O misterioso Boeing venezuelano-iraniano retido em Ezeiza há mais de um ano e que é fequerido pelos EUA
O misterioso Boeing venezuelano-iraniano retido em Ezeiza há mais de um ano
e que é requerido pelos EUA
O presidente ucraniano advertiu que a central nuclear corria o mesmo perigo, citando o Brasil e demais países que se envolveram em negociações com a Rússia.

Pouco depois estourou a rebelião armada das milícias Wagner, chefiadas pelo até então “favorito” de Putin, Yevgeny Prigozhin, o que fez o país beirar a guerra civil.

Conflitos análogos os governos próximos de Putin poderiam fazer alastrar em nossos países do modo mais indesejável possível.

Mantenhamo-nos distantes desse flagelo anunciado por Nossa Senhora de Fátima que é a Rússia, que se aproxima de nós de braços dados com a China, enquanto as esquerdas da América Latina lhe estendem as mãos.


domingo, 16 de julho de 2023

Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (1)

Lavrov procura envolver o Brasil
Lavrov procura envolver o Brasil, sem se fotografar com Lula
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A China vem entrando na América Latina através de colossais investimentos econômicos, sobretudo na América do Sul.

Eles encobrem uma estratégia de conquista político-militar visando a hegemonia universal, objetivo supremo de Mao Tsé Tung para o regime comunista chinês.

Mas não entra sozinha.

Ela o faz de mãos dadas com a Rússia de Putin, a qual está muito diminuída do ponto de vista econômico, militar e político com a cada vez mais catastrófica e criminosa invasão da Ucrânia.

A Rússia que está impossibilitada de reeditar as infiltrações ideológicas e subversivas do tempo da URSS, tenta entrar em nossos países pendurada no dragão vermelho de Pequim.

Em abril, o chanceler russo Serguei Lavrov veio ao Brasil para levar Lula a reafirmar suas posições partilhadas com o autocrata da China, Xi Jinping.

Lula se alineia com Pequim
Lula se alineia com Pequim
No final do encontro, voltaram a jogar a culpa pela guerra da Ucrânia nos EUA, na União Europeia e no presidente ucraniano Volodimir Zelenski com as palavras do presidente russo Vladimir Putin, o que gerou mal-estar no País, registrou o Correio Braziliense.

Após a visita, o Kremlin comemorou a proposta do atual ocupante da Presidência brasileira de criar um clube de mediação neutro para a guerra da Ucrânia, que de fato favoreceria os interesses russos.

Lula também sugeriu que a Ucrânia entregasse a Criméia, anexada ilegalmente por Putin em 2014.

Logo depois, no retorno de sua viagem a Pequim, Lula se expandiu em ataques aos EUA, acusando-os pela continuidade da guerra e propondo abandonar o dólar como moeda de troca internacional, registrou o site de esquerda PolíticaLivre.

O chanceler moscovita prosseguiu sua viagem passando por Caracas, onde elogiou as ditaduras “mais fiéis” da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua, qualificando-as de “países que escolhem seu próprio caminho”.

Aos países latino-americanos, Moscou propõe ser “necessário unir forças para conter as tentativas de chantagem e pressão unilateral ilegal do Ocidente”, noticiou A Gazeta do Povo.

A proposta pode arrastar nossos países para uma espiral fatídica em cujo fim se vislumbra uma III Guerra Mundial.

Pois tendo a invasão da Ucrânia e as tendências para uma guerra civil na Rússia dividido o mapa geopolítico do mundo, o Kremlin quer o maior apoio possível para atrair a América Latina, observou a BBC de Londres.

Putin e Xi Jingping mantém estreita relação pela formação marxista, mas China se afasta dos fracassos russos
Putin e Xi Jinping mantém estreita relação pela formação marxista,
mas a China se afasta dos fracassos russos
Viajando a Moscou, o ditador chinês Xi Jinping, que finge ser um facilitador da paz, deu claro sinal de apoio a Putin, de quem é um forte aliado, mas fez prudentes silêncios considerando os fracassos bélicos russos na Ucrânia, e desmoronamento da imagem de Putin no Ocidente.

Por sua vez, o presidente da martirizada Ucrânia pediu à América Latina sanções e munição contra a Rússia, mas a maioria dos países não atendeu ao pedido.

A BBC destacou a inconsistência “dessa suposta neutralidade” de certos países latino-americanos quando se trata de apoiar a Rússia.

E a América Latina ficou posta diante da alternativa entre perder estreitas relações comerciais com os chineses ou aderir à diplomacia sino-russa de fundo comunista.

A guerra na Ucrânia coincidiu com uma onda de presidentes de esquerda na América Latina, apoiados por coalizões que historicamente têm afinidade com a ex-União Soviética.

Lula quase disputa a Madura a sujeição a Moscou e Pequim
Lula quase disputa a Madura a sujeição a Moscou e Pequim
É o caso do PT de Lula e de um grupo de ditaduras latino-americanas que simpatizam com a Rússia no conflito, em especial Venezuela, Cuba, Nicarágua e Bolívia.

Em recepção ao ditador venezuelano Nicolás Maduro em Brasília, o presidente petista adotou os slogans preferidos de Putin como “multipolaridade”, escreveu Metrópoles.

Maduro e companheiros de viagem usam o termo para deblaterar contra um pretenso “mundo unipolar” dominado pelos EUA.

Mas dão prioridade à China e à Rússia, que Maduro definiu como “irmãos maiores” dos países latino-americanos e destinados por isso a nos chefiar.

Putin ameaça que “quem não entender” essa nova ordem geopolítica “vai perder”, glosando as doutrinas ocultistas e apocalípticas de seu filósofo preferido Alexander Dugin.


continua no próximo post: Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (2)

domingo, 2 de julho de 2023

“Desintegração” da Rússia contagiaría o mundo

A população acompanhou a revolta e os sublevados tomaram o quartel geral do excército em Rostov sem esforço
A população acompanhou a revolta
e os sublevados tomaram o quartel geral do exército em Rostov sem esforço
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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Documento interno do governo britânico alertou para uma possível “desintegração e balcanização” da Rússia após o motim dos mercenários de Wagner.

“A Grã-Bretanha deve se preparar para o colapso repentino da Rússia”, em um processo que poderá ser tão rápido quanto o motim, acrescenta alarmantemente.

A ausência de resistência militar ao motim teria revelado que “algo novo está nascendo” entre o exército russo, provavelmente voltado contra seu alto comando.

Em Rostov, central militar para a invasão da Ucrânia, ninguém se opôs ao revoltoso que injuriava os chefes do exército e lhes atribuía o fracasso bélico. Em Voronezh o povo aplaudiu os amotinados passando.

John Foreman, ex-adido de defesa britânico em Moscou, disse que se Prigozhin tivesse derrubado a Vladimir Putin teria se configurado “o pior cenário possível”.

Lord Richards de Herstmonceux, ex-chefe britânico do Estado-maior de Defesa, especula que “temos um longo caminho a percorrer que é o pior dos mundos para o Ocidente”.

Sir Roderic Lyne, ex-embaixador britânico na Rússia, considera que “as chances de Putin ficar indefinidamente no poder ficaram reduzidas” contra sua vontade.

O motim dos milicianos patenteou a explosividade da união russa
O motim dos milicianos patenteou a explosividade da união russa
A Rússia se livrou do motim, mas ficou à beira da desintegração
, acrescenta o informe, Putin não pode fugir de suas responsabilidades quando está perdendo a guerra. É por isso que esse motim é o começo de seu fim, diz o relatório.

Ainda não há definições claras dos chefes de defesa russos, e só o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, apareceu na TV pública.

Putin estaria executando um “expurgo” militar para evitar outra rebelião numa guerra que já custou mais de 200.000 mortos e desaparecidos.

O motim mostrou o que pode acontecer na Rússia nos próximos meses com os diferentes movimentos da Chechênia, Komi e Arcangel, que querem se separar de Moscou.

A Europa não entendeu até agora que a Rússia pode entrar rapidamente em uma guerra civil. Cada corporação, cada prefeito e cada oligarca poderoso está construindo sua própria milícia privada, em função do que pode vir, provocando guerras civis infindas dentro do imenso território russo.

Wagner domina minas de ouro no Sudão, depósitos de energia na Líbia, urânio no Congo, gás e petróleo em Moçambique e sua impressionante sede central em São Petersburgo opera “normalmente” e continua a “recrutar”.

Em 24 horas os mercenários tomaram duas cidades quando não conseguiram capturar Bakhmut em 6 meses. Será que alguém os ajudou? Quem?

Putin abalado pelo fracasso na Ucrania e o motim militar procura 'expurgar' os dissidentes entre seus mais próximos
Putin abalado pelo fracasso na Ucrania e o motim militar
procura 'expurgar' os dissidentes entre seus mais próximos
Putin sobreviveu à rebelião, mas a avaliação na Europa é que seus dias estão contados.

Sua aura de invencibilidade foi destruída pela invasão fracassada da Ucrânia e o motim lhe deu o golpe de misericórdia. O fim é apenas uma questão de tempo.

A Polônia teme vê na Rússia um “vizinho muito perigoso”, mais ainda quando o regime de Putin se rompe.

Gabrielius Landsbergis, ministro das Relações Exteriores da Lituânia, pediu fortalecer o flanco oriental da OTAN com a implantação acelerada de novas brigadas em função de uma possível guerra que pode vir rapidamente.

“A principal coisa que estamos vendo é a imprevisibilidade da Rússia. Agora estamos vendo a rapidez com que as coisas podem acontecer”, disse o ministro.

A Alemanha se dispõe a enviar uma brigada para reforçar a defesa da Lituânia, disse Boris Pistorius, o ministro da Defesa alemão, “A infraestrutura necessária está pronta: quartéis, campos de treinamento e depósitos”, explicou.

Se uma explosão desagregadora acontecer os destroços de facções, povos, regiões e largos setores geográficos sairiam disparados em todas as direções na Europa e na Ásia.

Então, sim estaríamos diante de um cenário de tipo apocalíptico, que não é o da science fiction, mas o dos repetidos anúncios da Providência Divina para um mundo que se afastou de Deus.

O professor Plinio Corrêa de Oliveira previu um desfecho de imensas dimensões trágicas há mais de 30 anos quando a Rússia beirou uma guerra civil na fase final do governo de Mikhail Gorbachev.

A descrição do que então previu esclarece sobre o que hoje poderia vir à luz do noticiário ocidental:

“A URSS [N.R.: predecessora da atual Federação Russa] cairá no caos e desfechará num neotribalismo.

“Esse neotribalismo será um sistema de governo e de vida adotado nas tribos, mas evidentemente adaptado às circunstâncias modernas.

“Teríamos a dispersão das populações das cidades grandes e médias russas, para pontos populacionais de poucos habitantes, proprietários comuns das terras e que partilham o lucro que é para todos porque não há lucro individual.

“Esses pequenos centros independentes devem governar-se a si próprios, aceitando uma certa direção geral do governo do país”.

Seria a autogestão proposta pelo então todo-poderoso Michail Gorbachev, que contava entre seus imediatos seguidores, um então desconhecido jovem: Vladimir Putin

Prosseguia o Dr. Plinio: “O fato é que nenhum dos altos personagens do Estado que aparecem na mídia está conseguindo formular um projeto coerente para a instauração de uma ordem democrática.

“Caso acontecer uma guerra civil violenta, muitos russos não quererão entrar nela e no desespero vão procurar forçar os limites da Polônia e da Alemanha e invadir a Europa.

“Nesta hipótese a Rússia viraria uma fornalha caótica que despeja fragmentos étnicos e populacionais que se espalhariam pela Europa adentro”.


Na época desta explicitação o prof. Plinio Corrêa de Oliveira temia muitos males da invasão maometana que já estava em curso havia décadas na Europa toda.

As desordens hoje desencadeadas na Franca são apenas um subproduto dessa imensa penetração islâmica.

E já em 1991, o Dr. Plinio acenava “que na Europa se encontrarão mais uma vez as forças bárbaras do Ocidente e forças bárbaras do Oriente, procurando comprimir o que resta de Civilização Ocidental”. (excertos de palestra de 7-7-1991, sem revisão do Autor)