Bandeira da UE em frangalhos, democracia também |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A tendência em aprofundar a União Europeia (UE), estendendo seus poderes com o pretexto de sair da crise em que ela se afunda, caracteriza a “fase final” da destruição da democracia e dos estados nacionais, alertou o presidente da República Checa, país membro da UE.
Numa entrevista concedida ao diário britânico “The Sunday Telegraph”, Václav Klaus alertou contra os políticos de “dupla face”, entre os quais apontou muitos “conservadores” que estão abrindo as portas para um super-Estado europeu.
Eles estão defraudando a confiança que os eleitores depositaram neles, sublinhou.
“Precisamos pensar como restaurar nossos estados e nossa soberania” – acrescentou. “E isso é impossível numa federação. A UE deveria se mover na direção oposta”, disse.
No sentido reprovado pelo presidente checo, manifestou-se o ministro de relações exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle. Ele propôs que a UE passe a ser dirigida por um presidente que “nomearia pessoalmente os membros de um governo europeu”.
Westerwelle também pediu a abolição do poder de veto ainda reconhecido aos países membros da União, a fim de “evitar que um simples membro seja capaz de obstruir qualquer iniciativa” do super- governo com o qual ele sonha.
Václav Klaus, presidente da República Checa: democracia está em “fase final” na Europa |
“Essa foi a primeira vez em que as verdadeiras ambições dos protagonistas do aprofundamento da integração europeia foram confessadas”, disse. “Até agora, pessoas como Barroso alimentavam essas ambições em segredo, longe da opinião pública europeia. Temo que Barroso pressente que chegou o momento de anunciar um objetivo absolutamente errado. Eles acham que promovem a ideia de Europa, mas na minha opinião eles a estão destruindo”.
Ontem a luta foi contra a ocupação soviética. Hoje é para se defender da absorção pela UE |
Ele reconhece encontrar-se isolado em nível de políticos e chefes de Estado.
Entretanto, destaca que sua experiência contra o comunismo lhe ensinou que os políticos não são o mais importante, mas sim os movimentos profundos que se desenvolvem no seio do povo.
“É uma ironia da História. Nunca teria imaginado em 1989, que hoje estaria fazendo isto: pregar os valores da democracia”.
Compreende-se por que muitos cidadãos europeus estejam fazendo deles o slogan “União Europeia = União Soviética”.