domingo, 1 de outubro de 2017

Máquina repressiva de Putin
supera esquemas soviéticos

A FSB (Serviço Federal de Segurança da Federação Russa) é a polícia de Putin, sucessora reforçada da KGB soviética
A FSB (Serviço Federal de Segurança da Federação Russa)
é a polícia de Putin, sucessora reforçada da KGB soviética
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Em reportagem, o “The Guardian” descreve a polícia de Vladimir Putin – a FSB – como sendo muito mais do que um simples órgão de segurança.

Porque combina funções de polícia e de rede de espionagem, com um poder talvez superior ao das antigas Checa de Lenine, NKVD de Stalin e KGB da URSS.

Putin é o verdadeiro restaurador do poder das antigas polícias secretas, agora sob a sigla FSB. Muitos de seus colegas na ex-KGB estão hoje no coração da Nomenklatura de oligarcas que governam as imensas empresas do Estado.

Os espiões que agem no exterior prestam conta a uma agência especial: a SVR, na qual a FSB tem um poder extraordinário, segundo confessaram agentes pegos pela contraespionagem americana.

As fronteiras estão desde 2003 sob o controle da FSB, com poderes arbitrários. A FSB também está encarregada de combater os “crimes econômicos”, assediando os suspeitos de contatos com o exterior.



A máquina repressiva tem o encargo primário de reprimir os dissidentes
A máquina repressiva tem o encargo primário de sufocar os dissidentes
A agência ainda tem seu quartel-general na Lubianka, o prédio central de Moscou sinistramente notório por conta da repressão e dos assassinatos praticados pela KGB na era soviética.

O número de agentes é um segredo de Estado, mas o especialista Andrei Soldatov estima que sejam pelo menos 200 mil.

Para “The Guardian”, as histórias da NKVD, a polícia política de Stalin, ajudam a compreender o jeito de governar de Vladimir Putin, admirador de Stalin.

Hoje nenhum manual escolar russo fala dos “crimes” de Stalin, só se mencionam os “erros”.

O anúncio de construir um monumento a essas vítimas em Moscou desencadeou um terremoto nas esferas oficiais, pois é raro algum russo não ter um antepassado morto ou deportado.

“O problema é que Putin não pode admitir que o Estado russo é um Estado criminoso”, disse Yan Rachinsky, copresidente de Memorial a maior organização independente que estuda os crimes do socialismo soviético.

Há alguma chance de que poucos nomeados na lista de Andrei Zhukov ainda estejam em vida. Cfr.: Nomes dos carrascos da polícia secreta estalinista saem a público

Centro Histórico da Repressão Política Perm-36 lembra as vítimas da repressão socialista soviética no ex-campo para prisioneiros em Perm, oeste da Sibéria, Rússia
Centro Histórico da Repressão Política Perm-36 lembra
as vítimas da repressão socialista soviética
no ex-campo para prisioneiros em Perm, oeste da Sibéria, Rússia
“Nós não vamos chamar a todos de criminosos, mas precisamos reconhecer a natureza criminosa da organização e a natureza criminosa do Estado naquela época”, disse Nikita Petrov, outro historiador de Memorial, sobre a NKVD e a URSS.

Um deputado nacionalista ligado a Putin tenta levar a Memorial ante os tribunais sob a alegação de que promove a inimizade social.

A descoberta em um porão de Moscou de 34 esqueletos mortos com um tiro na nuca durante o Grande Terror produziu o primeiro choque em 2007, escreveu “The Guardian”.

A descoberta foi feita durante a reforma de uma mansão aristocrática na Rua Nikolskaya 8/1, entre a Praça Vermelha e Lubianka, o ex-quartel geral da KGB.

Em 1937 a NKVD mandava matar uma média de 1.000 pessoas por dia, incluindo antigos bolchevistas, chefes de partidos, oficiais do exército, “elementos etnicamente perigosos” e proprietários.

Putin não quer que isso seja bem conhecido. A incógnita é: o que ele, admirador dos métodos pragmáticos de Stalin, fará se sentir que o povo russo não o acompanha em suas aventuras?

Como pensar usar a fabulosa máquina repressiva da FSB em caso de necessidade para se manter no poder que hoje periclita?



2 comentários: