segunda-feira, 6 de julho de 2020

Festa para o monarquia de Vladimir II

Putin deblaterava contra a gerontocracia soviética, mas agor é sua vez de durar ao máximo
Putin deblaterava contra a gerontocracia soviética,
mas agora é sua vez de durar ao máximo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Ao comandar o mais aparatoso desfile do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial em 20 anos de autocracia, o presidente russo, Vladimir Putin, consolidou a tentativa de reescrever a história para se promover no presente, noticiou GauchaZH, com matéria de Igor Gielow da Folhapress.

Há 75 anos, Stalin oprimia com dentes de ferro a União Soviética enviando à morte 27 milhões de homens para consolidar o domínio comunista acertado na conferência de Yalta.

E o fazia após provocar a II Guerra Mundial aliado a Hitler.

A máquina de propaganda tentou mobilizar todos os fãs de Putin. Mas os fatos confirmaram que são poucos
A máquina de propaganda tentou mobilizar todos os fãs de Putin.
Mas os fatos confirmaram que são poucos
Vladimir Putin considera Stalin como seu modelo de governante: frio e pragmático.

Ele põe de lado a Vladimir Lenine que considera muito intelectual, mas que na URSS 2.0 poderia ser tratado de Vladimir I enquanto fundador da opressão bolchevista.

O primeiro Vladimir encarnou a inteligência infernal que fez a Revolução Bolchevista de 1917 e fundou a URSS.

Foi ele quem formulou de um modo satanicamente eficaz as táticas da subversão comunista.

Por isso seu nome ficou colado com o de Karl Marx na fórmula marxismo-leninista.

Vladimir II escolheu a data de 22 de abril aniversário da fundação da URSS para o plebiscito “preparado” e que o elevaria à condição de um czar moderno, formado na KGB, praticamente até o fim da vida.

A explosão do Covid-19 o obrigou a mudar a data do referendo que passou o para o 1º de julho, festa soviética que atribuía a Stalin e a URSS a vitória na II Guerra Mundial.

A “parada militar do coronavírus”, como foi apelidada por críticos da oposição, transcorreu do modo mais espalhafatoso possível para glorificar aquele pelo qual se devia livremente votar: Vladimir II.

Soldados chineses desfilam para prestigiar o novo czar que iria ser eleito em poucos dias
Soldados chineses desfilam para prestigiar o novo czar
que iria ser eleito em poucos dias
A Rússia andava mal, e continua sendo o terceiro país mais atingido pela pandemia, atrás de EUA e Brasil, porém com um sistema de saúde que inspira pranto pelos coitados dos russos.

A propaganda comunista sempre negou tudo o que não lhe era útil e agigantou tudo o que lhe servia.

Hoje, os túmulos dos milhões de mortos dos campos de concentração nem podem ser procurados. E se morrem poucos ou muitos pelo Covid em virtude formidavelmente desastroso sistema de saúde o sistema de aferição dos corpos depende do que dispõe a propaganda do Kremlin.

O desfile ocorreu uma semana antes do referendo.

Ai de quem errasse. Mas muito erro não iria modificar o resultado prescrito: 76% aprovou a Constituição de Vladimir II.

O tratado de Yalta foi comemorado como triunfo soviético.
O tratado de Yalta foi comemorado como triunfo soviético.
Putin estava com a popularidade mais baixa de sua carreira, e precisava de um grande comparecimento que tornasse “evidente” sua grande vitória.

Ficará no poder até os 83 anos, em 2036. Ele sempre falou contra a gerontocracia soviética.

Hoje após ser eleito presidente quatro vezes desde 1999 não se incomoda com a contradição.

Pela nova Constituição quem difamar os feitos de seus heróis soviéticos, leia-se os crimes comunistas, será criminalizado.

O fervor patriótico e a exaltação de valores russos tradicionais é a amola da propaganda putinista.

E se alimenta agredindo os vizinhos e mantendo o país em pé de guerra prestes a morrer num holocausto nuclear contra a Novo Ordem Mundial que os inimigos da Rússia quereriam impor ao país.

E a imposição da tirania – hoje ‘monarquia’ – putinista é uma libertação por um imperador de legenda!

Putin idealizo os erros de Stálin e suas atrocidades como o massacre da oficialidade polonesa em Katyn, para legitimar sua posição interna.

Música para festejar o pseudo-czarismo concebido segundo um capricho ditatorial
Música para festejar o pseudo-czarismo
concebido segundo um capricho ditatorial
O recado da passeata estava no exibicionismo de armas históricas da guerra mundial e novos modelos tipo MiG-31 com mísseis hipersônicos Kinjal no dorso, o caça avançado Su-57 e os bombardeiros estratégicos Tu-160 e Tu-95 habitualmente usados para provocar as defesas aéreas da NATO.

A festa eleitoral putinista devia contar com a presença de seu compadre Xi Jinping (China) e do ambíguo Emmanuel Macron (França).

Porém, os dois ficaram em casa cuidando do coronavírus, atividade mais razoável do que um gigantesco cancã militar para incensar um outro.

O presidente do Quirguistão foi embora antes da hora quando dois assessores foram confirmados com Covid-19 ao chegar a Moscou onde o Carlos Magno do Oriente está entrando em vitoriosa glória, vácua, mas ameaçadoramente perigosa.



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