domingo, 27 de novembro de 2022

'Afilhada' de Putin foge a pé da Rússia

Ksenia tinha entrada nas altas esferas do Kremlin. Criticou a guerra na Ucrânia e teve que fugir
Ksenia tinha entrada nas altas esferas do Kremlin.
Criticou a guerra na Ucrânia e teve que fugir para não ser presa
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Ksenia Sobchak, 40, que seria afilhada de Putin, fugiu da Rússia a pé atravessando a Bielorrússia e ingressando na Lituânia com passaporte israelense.

A filha do ex-mentor político de Vladimir Putin, ex-prefeito de São Petersburgo, figura do “jet-set” russo teve seu escritório devassado pela polícia política FSB.

Ela sabia que esse procedimento precede a prisão, informou o jornal suíço “Le Matin”.

Ela se opunha à guerra na Ucrânia. E disse nas redes sociais antes de desaparecer logo depois do arrombamento policial: “é óbvio que a batida foi contra a última redação livre na Rússia, que teve que ser reprimida”.

Só a pequena Georgia acolheu mais de 100.000 jovens russos que não querem ser convocados como “bucha de canhão”

Imagens de câmeras de segurança a mostraram cruzando a fronteira a pé, usando um boné na cabeça para passar mais desapercebida, informou o “Daily Mail”.

A agência Tass e a TV RT governamentais, a ex-candidata presidencial russa de 2018 e procurada por extorsão, uma acusação frequente para prender os opositores.

O ex-diretor comercial e ex-editor-chefe de sua revista de moda “Tatler”, Armian Kuzmin, e o atual diretor Kirill Sukhanov, foram presos até dezembro, segundo a agência Ria-Novosti.

Na Lituânia, Ksenia avisou à AFP de sua fuga. Ela faz oposição política a Putin há vários anos,

Ksenia com gorro escuro e roupas para dissimular foi flagrada indo à alfandega lituana
Ksenia com gorro escuro e roupas para dissimular foi flagrada indo à alfandega lituana
Posta sua proximidade com o ditador russo, ela forjou uma fortuna como outros oligarcas comprando empresas estatais privatizadas a preços baixos.

“Sim, participei do saque da Rússia. Como eu poderia resistir?”, confessou.

Nos últimos meses, ela criticou várias vezes a intervenção militar russa na Ucrânia em seu canal do YouTube.

A maioria dos membros da oposição russa agora está no exílio ou na prisão.

Em 2018, Ksenia concorreu às eleições presidenciais russas, enfrentando Vladimir Putin em nome dos descontentes com a anexação da Crimeia pelo Kremlin, e obteve 1,68% dos votos.

Ela também deu seu apoio no Telegram a Vladimir Osechkin, fundador do site gulagu.net, que combate a corrupção e a tortura na Rússia, completou a revista socialista francesa “Le Nouvel Observateur”.

Putin, como ditador que sente que seus dias estão contados, reprime até com a morte os seus mais próximos que discordam dele.


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