No mesmo dia, o jornalista Igor Lutsenko e o alpinista Youri Verbinski foram sequestrados pela polícia, levados para fora da cidade e surrados com extrema violência.
Igor acordou no meio da neve e conseguiu chegar até uma aldeia. Youri foi encontrado morto numa floresta.
Na Praça da Independência, um manifestante foi desnudado e seviciado pela polícia, que fez questão de fotografá-lo num estado humilhante. Um jornalista filmou a cena, que percorreu o mundo pela Internet.
Estas e muitas outras violências, que fogem de qualquer critério de lei ou de moral, despertaram o velho espectro da repressão da KGB que martirizou a Ucrânia.
O escritor Andrei Kourkov se perguntou nas páginas do jornal pro-socialista “Le Monde” se à luz dos procedimentos do governo de Viktor Yanukovych a Ucrânia não estava caminhando para se tornar novamente um protetorado russo.
O dinheiro e as promessas do senhor todo-poderoso do Kremlin, Vladimir Putin, entraram decisivamente nesta virada que nos faria retroceder décadas na História, rumo aos piores momentos da falida URSS.
Para Andrei Kourkov, o “navio Ucrânia” está sendo levado para a Rússia. É isso o que os manifestantes da Praça Maidan de Kiev não querem.
Enquanto as Berkout – tropas especiais da polícia – batiam nos estudantes, Yanukovich premiava seus amigos, viajava a Moscou e até a China.
O governo da pequenina Malta teve a coragem de se recusar a acolhê-lo como presidente de um país que o repudia.
A coragem dos manifestantes da Praça Maidan acabou obrigando Yanukovich, amigo de Putin, a dar alguns passos aparentemente para trás. Mas os ucranianos que amam seu país não acham confiáveis as propostas de quem usa os métodos da KGB.
Não conseguindo convencer, o Parlamento tentou manietar os manifestantes e amordaçá-los: proibiu as reuniões públicas.
200.000 ucranianos responderam aglomerando-se patrioticamente na Praça da Independência.
Na revista “Forbes” (24.01.2014), o colunista Melik Kaylan bradou alto e bom som: “Por que ninguém está dizendo o óbvio: ‘Putin desestabilizou Ucrânia’”.
Kaylan relembrou a longa ficha dos ardis e montagens armados pelo ex-colonel da KGB Vladimir Putin contra os EUA.
E após apontá-lo como o verdadeiro instigador da deriva da Ucrânia rumo à “nova-URSS”, concedeu a Putin o título de o “Maior Senhor da Desordem” da nossa época.
Há 15 anos, o presidente russo que sonha restaurar a grandeza sinistra da URSS vem aprontando contra os EUA e o Ocidente.
Um colega de Kaylan na revista “Forbes” escreveu em seu blog uma matéria intitulada: “Putin está puxando todas as cordas e Obama está deixando”.
O resultado – acrescenta Kaylan – é que a Ucrânia estava sendo levada por Yanukovich para voltar a ser um outro satélite de Moscou, com um homem com punho de ferro e língua de serpente instalado no Kremlin.
Nada disso deveria espantar. O que espanta é o manto de silêncio com que a mídia ocidental encobre a manobra do xará de Lenine.
Mas a Ucrânia não está se deixando engolir. E a coragem do povo ucraniano proporciona os meios para o mundo livre derrotar Putin em Kiev e nas cidades que estão se insurgindo contra um crime de lesa-pátria.
Assim o dá a entender editorial do influente grupo Bloomberg de Nova Iorque.
Na França, o jornal “Le Monde” e a revista “Le Nouvel Observateur”; que alimentavam cálidas simpatias por Putin, parecem ter-se rendido às evidências.
“Le Monde” publicou um longo relato das brutalidades da repressão policial, que podem ser lidas e visualizadas no link deste parágrafo.
“Le Monde” publicou um longo relato das brutalidades da repressão policial que podem ser lidas e visualizadas no link deste parágrafo.
“Le Monde” cita matérias publicadas sobre a mesma criminosa repressão por grandes órgãos do Ocidente, como o Wall Street Journal, a BBC, Francetvinfo ou ainda fontes ucranianas como o KyivPost ou o Ukraïnska Pravda, além de vídeos difundidos pelas redes sociais e médicos que praticaram a autópsia no corpo das vítimas.
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A simpatia da mídia ocidental, cujo controle reside nas mãos da Fundação Rockefeller, denota que esta revolta na Ucrânia está sendo fomentada e orquestrada de fora do país. Não são os interesses genuinamente nacionais que estão em jogo, mas os interesses da UE. Contudo, isso não exime os mafiocratas de Moscou da culpa por tentar novamente transformar a Ucrânia em seu protetorado. Eu não vou mais me iludir: uma vez que a esquerda possui o monopólio das manifestações populares, o que estamos vendo é um embate entre as forças globalistas ocidentais e os eurasianos. Ambos projetos são anticristãos; ambos projetos são antropocêntricos. Sejamos claros: os ucranianos não sabem realmente porque estão resistindo ao governo pró-Kremlin. Eles lutam por um modo de vida decadente e não tomaram consciência disso. Lembro as palavras de
ResponderExcluirSoljenitsin:
" Se me perguntasse se eu quero propôr ao meu país como modelo o Ocidente, tal como hoje se apresenta, devo responder com franqueza: não, não posso recomendar a vossa sociedade como ideal para a transformação da nossa (...) Uma sociedade não pode permanecer no fundo do abismo sem leis, como é o nosso caso, mas será irrisório manter-se à superfície lise de um juridismo sem alma, como sucede convosco. Uma alma humana acabrunhada por muitas dezenas e anos de violência aspira a algo de mais elevado, mais quente e mais puro do que o que pode propôr-lhe a existência de massa no Ocidente, anunciada, como se fosse um cartão de visita, por uma pressão enjoativa de publicidade, pelo embrutecimento da televisão e por uma música insuportável.(...) O modo de vida ocidental tem cada vez menos probabilidades de vir a ser o modo de vida dominante".
Alexander Soljenitsin, em "O Declínio da Coragem", discursos de Harvard, junho de 1978, Lisboa, Ed. Rolim.