domingo, 18 de maio de 2014

Agressão russa à Ucrânia é também religiosa

Soldados ucranianos em operação anti-terrorista
Soldados ucranianos em operação anti-terrorista
Os temores de uma Terceira Guerra Mundial crescem em torno dos atritos no leste da Ucrânia.

O capitalismo publicitário fornece abundantes informações e comentários, meros ecos, por vezes, da contra-informação forjada nos gabinetes de guerra psicológica de Putin.

Porém, marginaliza a informação sobre outros aspectos, e dos mais importantes. Em Donetsk, por exemplo, segundo notícia da agência AFP, uma das poucas a furar a barreira da desinformação, a oposição entre pró-Rússia e pró-Ucrânia passa também pela religião.

Diversos templos que obedecem ao Patriarcado cismático de Moscou assumiram a causa dos “pró-russos”. Mas, o contrário se da entre os católicos.
“Temos que agradecer a Putin pelo fato de nos ter ajudado a entender que nós somos ucranianos. A agressão contra a Ucrânia nos ajudou a reforçar nossa identidade”, afirma o Pe. Tikhon, 43 anos, sacerdote do rito greco-católico.



Ao dizer “agressão contra a Ucrânia”, o Pe. Tikhon entende a tomada de prédios e instalações com métodos que lembram os “movimentos sociais” brasileiros; tomada teledirigida desde Moscou e efetivada em Donetsk e outras cidades do leste ucraniano.

Arcebispo mor greco-católico Sviatoslav Shevchuk
visita a comunidade católica de Donetsk
A capela do Pe. Tikhon é muito modesta: apenas duas salas no andar térreo de um prédio de Donetsk, onde os fiéis compartiram a “paska”, o tradicional bolo de Páscoa, após a Missa.

O Pe. Tikhon participou da manifestação pela unidade da Ucrânia, contra o separatismo.

Na passeata não havia nenhum representante do cisma capitaneado pelo Patriarca de Moscou.

Esse setor de “ortodoxos” acaba executando indiretamente as vontades de Putin e está em desacordo formal com os “ortodoxos” do Patriarcado de Kiev, criado em 1992 após a queda URSS e a independência da Ucrânia.

Religioso cismático com insurgentes pro-russos
Gueorgui Gouliaiev, religioso cismático encarregado de imprensa no bispado de Donetsk, fiel ao Patriarcado de Moscou, explica que os cismáticos que ele representa não querem saber de orações e de atos pela paz junto com outros.

“Muitos religiosos do Patriarcado de Moscou têm uma posição abertamente pró-russa”, aponta o Pe. Tikhon, do rito greco-católico, que tem por volta de 15 mil fiéis na região.

A maioria dos paroquianos do Pe. Tikhon são descendentes de ucranianos católicos deportados por Stalin nos anos 50. O ditador russo visou dissolver a Igreja Católica na Ucrânia.

Muitos foram mártires, mas o núcleo central ficou fiel à Igreja verdadeira, inclusive após a liquidação pela força bruta do rito greco-católico em 1946 e sua proibição até a queda da URSS no início dos anos 90.

Insurgente identificado: Evgeny 'Dingo' Ponomarev, russo de Belorechensk
Se Donetsk cair nas garras da Rússia, afirma o sacerdote católico, “nós defenderemos nosso país. Eu conheço numerosas pessoas que estão dispostas a defender sua pátria de armas na mão. Grande parte de meus paroquianos me diz que vai fazer uma guerra de guerrilhas”.

“Não podemos contar com os europeus e os EUA, diz o corajoso sacerdote. O porvir de nosso país depende de nós. É a nós que cabe defender nosso país”, acrescenta, lembrando a heroica resistência católica sob a cruel perseguição soviética.


Desejaria receber atualizações gratis e instantâneas do blog 'Flagelo russo' no meu E-mail

Nenhum comentário:

Postar um comentário