domingo, 12 de outubro de 2014

Moscou reabilita o fundador da policia política KGB

Réplica da estátua de Felix Dzerjinski instalada em 11 setembro na praça Lubianka, símbolo do retorno da repressão.
Réplica da estátua de Felix Dzerjinski instalada em 11 setembro
na praça Lubianka: símbolo do retorno da repressão.

A Câmara de Vereadores de Moscou aprovou a restauração da estátua de Félix Dzerjinski, fundador da lugubremente célebre polícia política soviética Tcheka-NKVD-KGB, segundo denunciou em seu momento José Milhazes Pinto, correspondente da Agência LUSA, RDP e SIC em Moscou.

A estátua, símbolo das chacinas de massa e da repressão política soviética, fora retirada durante o movimento que provocou a queda da URSS.

Agora, com a restauração da “nova URSS” por Vladimir Putin, saiu a verba para reinstalar esse sinistro símbolo onde se encontrava.

Quer dizer, na Praça da Lubianka, onde funcionavam os edifícios centrais da polícia política soviética KGB e se praticaram abomináveis crimes.


Os prédios hoje são aproveitados pelo sucessor da KGB: o Serviço Federal de Segurança.

“Considero que ela deve voltar ao seu lugar. Não sei para que a tiraram de lá”, declarou Andrei Metelskii, presidente da Câmara dos Vereadores de Moscou, certo de estar agradando a Vladimir Putin, formado na escola do falecido monstro.

Houve outras tentativas de fazer voltar o “Félix de Ferro”, como era conhecido Dzerjinski pela sua “firmeza” no extermínio dos opositores, mas falharam devido aos protestos dos moscovitas.

Porém, a vontade do discípulo do chacal parece ter prevalecido.

Os defensores do regresso do pai do terror comunista alegaram razoes paisagísticas. Os opositores lembraram que no local se encontrava outrora uma bela fonte, bem mais interessante do ponto de vista paisagístico.

O correspondente da Agência LUSA lembra ter assistido, em agosto de 1991, à alegria de opositores do comunismo como Alexandre Soljenitzin e o músico Sviatoslav Rastropovitch discursando na Praça Lubianka.

A derrubada da estátua do monstro da KGB, Félix Dzerjinski, em agosto 1991.
A derrubada da estátua do monstro da KGB, Félix Dzerjinski, em agosto 1991.
“Via nos olhos incrédulos dos manifestantes que acreditavam com dificuldade no que estavam a ver: o fim de um dos regimes mais cruéis não só do século XX, mas também da história.

“Depois, aproximou-se um caminhão com uma enorme grua que arrancou com grande dificuldade Félix Dzerjinski do seu pedestal. Os presentes julgavam que a retirada era definitiva, mas enganaram-se.

“Depois de Vladimir Putin, antigo coronel do KGB soviético, (...) agora parece ter chegado a vez do regresso de outro carrasco, ainda mais cruel, pois é ele que dirige o ‘terror vermelho’, quando milhares de pessoas foram presas e assassinadas apenas porque não aceitaram a tomada do poder pelos bolcheviques através da força.

“A ele pertencem as seguintes palavras: ‘Um membro da Tcheka deve ter a cabeça fria, o coração quente e as mãos limpas’.

Félix Dzerjinski
Félix Dzerjinski
“O resultado foram milhões de mortos, a transformação da URSS num gigantesco gulag”, escreveu José Milhazes Pinto em seu blog “Da Rússia”.

No Brasil, o site “A Página vermelha” comemorou o revide patrocinado por Putin.

“Há 23 anos, escreveu “A página vermelha”, uma multidão enfurecida ia em direção à Lubianka, prédio que sediava o comando do KGB, o Comitê de Segurança do Estado.

“As tropas do KGB, com seus oficiais presos, fora ameaçada, dizia-se que ‘haveria um banho de sangue se saíssem às ruas’.

“Tal como na Maidan (Kiev, Ucrânia), na praça da Lubianka, a multidão enfurecida derrubava o monumento ao agente secreto bielorrusso Felix Dzerjinsky, que fundara a Tcheca (Sigla para Comissão Extraordinária), fundada logo após um atentado contra Lênin”.

A página marxista-leninista e putinista exulta, apresentando fotografias da instalação da nova estátua.

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Um comentário:

  1. Caso o senhor não conheça, entendo que seja interessante assistir ao filme "O Círculo do Poder", que versa sobre a era Stalin.
    Devo dizer que há uma ou duas cenas que exige o crivo da censura.
    Quanto ao mais, o filme me parece muito bom, sobretudo pelo diálogo, para ilustrar a argumentação sobre o tema Revolução Russa.

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