domingo, 25 de agosto de 2019

População russa encolhe
no império anti-Fátima

Aborto, divórcio, droga e álcool estão consumindo a população russa
Aborto, divórcio, droga e álcool estão consumindo a população russa
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A imoralidade anti-familiar ameaça as aspirações geopolíticas da Rússia. Em 2018 a população russa caiu em termos absolutos para 148,8 milhões de habitantes, segundo o Serviço de Estatística do Estado Russo (Rosstat).

E pelas estimativas da ONU, a Rússia perderá cerca de 8% da sua população até 2050. E não são as projeções mais alarmantes.

O Kremlin não considera essa crise demográfica do ponto de vista moral. Mas, pelo lado estritamente material: a economia e o poder militar. Pois, deles depende a ambição de projetar sua influência ideológica a todo o mundo.

O presidente Vladimir Putin quer atrair entre 5 e 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025, escreveu “La Nación”.

O declínio demográfico não é desta década. Está ligado a libertação sexual, notadamente em matéria de aborto e divórcio, instalada junto com a Revolução bolchevista de 1917.

Mas, na era putinista, essa mesma imoralidade oficial, agravada pelas devastações crônicas do álcool e da droga, podem fazer naufragar os planos de dono de Moscou.

A ponto de que segundo Gregory Feifer, analista do Davis Center for Russian and Eurasian Studies na Harvard University (EUA), “o presidente Putin e o primeiro-ministro Medvedev, falaram publicamente sobre isso”.

“Mas suas políticas têm sido inadequadas para lidar com o declínio da população. E, de fato, além de seus planos para promover o nascimento, tudo o que eles estão fazendo no país é desencorajar a imigração e incentivar a emigração”, diz Feifer.



A Rússia está se esvaziando de jovens, sobre tudo dos melhores formados
A Rússia está se esvaziando de jovens, sobre tudo dos melhores formados
A Rússia não oferece números claros sobre as partidas, mas a Rosstat estima que 377.000 russos deixaram o país em 2017, o último ano para o qual existem números disponíveis.

“Muitas pessoas estão deixando a Rússia, a maioria delas é constituída por jovens profissionais altamente qualificados”, diz Feifer. “É o tipo de pessoa que o país precisará para manter sua influência no mundo e na economia”.

A fuga de cérebros segundo a Rosstat é alarmante: em 2017 22% dos emigrantes tinham diploma de ensino superior, 5% a mais do que em 2012.

O declínio populacional por causa das baixas taxas de natalidade foi compensado durante anos pela imigração proveniente dos países do Cáucaso e da Ásia Central. Mas hoje isso não acontece mais.

Em 2018, os imigrantes não substituíram a perda de população, segundo a Academia Russa de Economia e Administração Pública.

Com um aborto generalizado e um teto de vida baixíssimo entre os homens por causa dos vícios, a Rússia precisa de por volta de 300.000 pessoas por ano para ao menos permanecer num crescimento zero.

Putin quer atrair nos próximos seis anos entre 5 a 10 milhões de migrantes, simplificando as permissões de trabalho e o acesso à cidadania russa.

O plano visa atrair candidatos de língua russa de países vizinhos, incluindo Ucrânia, Cazaquistão, Uzbequistão, Moldávia e outras ex-repúblicas soviéticas.

O plano foi possível pois Stalin transferiu de viva força muitos russos a esses países para garantir a ocupação militar soviética.

Mas essa mina de potenciais imigrantes está quase esgotada. Já muitos milhões voltaram quando a cotação do petróleo e do rublo andavam bem e Putin pagava bolsas atraentes.

Mas isso acabou. Em sinal de impotência, Putin ofereceu passaporte russo a todos os ucranianos, esquecendo que esses estão magoadíssimos com Moscou que invadiu seu país.

Outro problema importante está contido num documento do Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia: “há uma crise demográfica atual, especialmente nas regiões da Sibéria e do Extremo Oriente”.

As deportações em massa para locais inóspitos fracassaram
As deportações em massa para locais inóspitos fracassaram

Nos tempos soviéticos, o problema era resolvido criminosamente: minorias dissidentes políticas, étnicas, culturais ou religiosas eram enviadas a campos de concentração, o gulag, nessas regiões para trabalharem ou morrer.

Para “atrair estrangeiros e migrantes para repovoar essas áreas com baixa população” e condições climáticas severíssimas, seria preciso um grande estímulo à iniciativa privada.

Mas nos gabinetes de Putin isso soa a intolerável humilhação.

Numerosos programas para ter acesso à nacionalidade russa e repovoar áreas remotas com subsídios oficiais substanciosos em terra e dinheiro (aproximadamente US $ 6.500 por família) atraíram menos de 1.000 pessoas.

Na realidade, no essencial esses planos mantinham o velho esquema despótico.

“Você não podia escolher, eles atribuíam a você um lugar para ir e eram geralmente lugares remotos, sem serviços sociais, sem escolas”, disse Anastasia Uspenskaya, do Serviço Russo da BBC.

Segundo a Academia Russa de Economia e Administração Pública, entre janeiro e abril deste ano 2019, houve uma “imigração estranhamente alta na Rússia”: 98.000 pessoas.

Esse número não resolve e segundo o Serviço Russo da BBC é muito cedo para vincular esse aumento à nova política de imigração do governo e estabelecer uma tendência.

As novas armas aterradora russas estarão sendo cogitadas para destruir o que o comunismo não conseguiu conquistar?
As novas armas aterradora russas estarão sendo cogitadas
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Segundo a plataforma de inteligência geopolítica estadunidense Stratfor, ainda que a Rússia atraia migrantes “isso não fornecerá números suficientes para compensar o declínio de sua população”.

“As autoridades russas perceberam que seus métodos anteriores de aumentar as taxas de natalidade não funcionavam e agora estão falando em incentivar a imigração, mas estão apenas se manifestando. Não acho que isso resolva seus problemas”, completou Feifer.

A Rússia está cada vez mais longe de fornecer a gigantesca plataforma material para implantar as ferozes doutrinas igualitárias com que vinha flagelando o mundo.

O castelo de cartas de baralho está caindo. O que farão Putin e seus colegas da (ex-)KGB?

Ouve-se com crescente insistência do desenvolvimento de apavoradoras novas armas de destruição de massa, do cancelamento de tratados de desarmamento; de intervenções militares russas em quase todos os continentes.

Se achando perdidos, os verdadeiros chefes do neocomunismo não ficarão tentados de dar um pontapé na mesa e acabar com o mundo que não conseguiram conquistar ideologicamente?


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