segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Mercenários russos no Chile e na Bolívia até Síria e África Central

Evgeny Prigozhin, chefe da 'Wagner'. Objetivo é eliminar os opositores de Putin em qualquer lugar.
Evgeny Prigozhin, chefe da 'Wagner'.
Missão é eliminar os opositores de Putin em qualquer lugar.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Em setembro ficaram mais uma vez em evidência: 35 mercenários russos pereceram combatendo perto de Trípoli, capital da Líbia.

O site russófono Meduza, sedado na Letônia, divulgou que pertenciam à milícia privada “Wagner”.

Essa milícia conta com 5.000 mercenários e é criação de Evgeni Prigozhin,

58 anos, um “oligarca” a serviço de Vladimir Putin. Os mortos caíram guerreando contra o governo líbio.



O comandante Alexander Kuznetsov foi ferido e descoberto na Líbia.
O comandante Alexander Kuznetsov
foi ferido e descoberto na Líbia.
O fato teria ficado ignorado se o chefe da facção russa não tivesse sido ferido e levado de urgência a um hospital de São Petersburgo, segundo informou a revista francesa “Le Point”.

Tratou-se de Alexander Kuznetsov, alias “Ratibor”, que já passou pelos cárceres por assaltos e sequestros e já posou em 2016 no Kremlin à direita de Putin, no dia que recebeu dele pela quarta vez a Comenda da Coragem.

“Wagner” já enviou mercenários para 13 países africanos.

Na República Centro-Africana, fornece os guarda-costas dos chefes das minas de diamante e ouro e suas tropas custodiam os depósitos de materiais preciosos.

Kuznetsov já trabalhou para o falecido ditador terrorista Kadafi.

Ele é um assíduo de Moscou onde intercambia decisões com o chefe da “Wagner” Evgeni Prigozhin, apelidado de “cozinheiro chefe” de Putin.

Milicianos da 'Wagner' na Síria.
Milicianos da 'Wagner' na Síria.
No Sudão “Wagner” defendeu ao ditador Bashir. Em Moçambique 200 milicianos desembarcaram com 3 helicópteros de ataque para salvar o governo.

Ainda na África, o “comissário” Prigozhin tenta construir parcerias com a República Democrática do Congo, Moçambique, Zimbábue, Angola, Guiné-Bissau e Madagascar.

Ele confiou a direção operacional de “Wagner” a um agente do GRU, o serviço de inteligência militar russo, Dmitri Outkine, condecorado por Putin em 2016, e conhecido por carregar uma tatuagem de suástica no ombro e um capacete com chifres durante os combates.

Prigozhin mobiliza na Síria entre 2.000 e 4.000 homens, pagando US $ 2.700 por mês. Damasco lhe concedeu 25% da produção local de petróleo “liberado”.

“Wagner”  sofreu uma hecatombe na Síria, em 2018, na região de Deir ez-Zor, quando aviões americanos interromperam uma ofensiva em que participavam.

Em verdade, “Wagner” aparece como o instrumento destinado a restaurar a grandeza da Rússia que é prioridade aos olhos de Putin.

Moscou tira o corpo alegando que “pouco se pode fazer para impedir que um cidadão russo se torne guarda-costas no exterior”, como disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Mais recentemente, a milícia privada “Wagner” mostrou suas garras na América do Sul. Com maior destaque na Venezuela, no Equador, no Chile e na Bolívia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, expressou certa vergonha durante discurso televisionado na TV nacional Rossiya 1, para explicar o envio de 400 mercenários da “Wagner” à Venezuela.

Eles estão em Caracas para proteger o presidente Nicolás Maduro, disse a Reuters citada pela revista “Le Point”.

Os treinos na África Central são em russo
Os treinos na África Central são em russo
Mas também na Venezuela devem salvar os bilhões de dólares em contratos que Nicolás Maduro prometeu a Moscou em troca de armas, dólares e “serviços”.

Prigozhin administra também uma fábrica de trolls muito ativa para interferir na campanha presidencial dos EUA. Seu histórico é de um ex-gângster condenado em 1981 a 9 anos de prisão por roubo, fraude e participação em uma rede de prostituição de menores.

Na gíria da Internet, “troll” ou “trol” é um agente cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão e a provocar e enfurecer as pessoas.

O termo provém da expressão trolling for suckers (“lançando a isca aos trouxas”).

As “fábricas de trolls” visam desestabilizar um adversário, ou espalhar falsas notícias, com campanhas sistemáticas e massivas de “guerra da informação” pela Internet.

A organização mercenária de Prigozhin é financiada com um contrato de mão beijada de Putin pelo valor de US $ 1 bilhão para abastecer as cantinas escolares e militares do país.

Seu nome surge sempre quando se procura o cérebro das centrais de “trolls” destinadas a inundar as redes sociais com notícias falsas e prejudicar a reputação dos adversários.

Wagner na Venezuela.
Wagner na Venezuela.
Nas fábricas de “trolls” do "cozinheiro chefe" de Putin, trabalham quase 500 pessoas, diz "Le Point".

Seu auge foi a interferência na campanha presidencial do democrata americana. Agora estaria muito ativa visando incitar as revoltas no Chile, Equador, Colômbia, Bolívia, escreveu o ABC de Madri.

Teria enviado homens e armas em quantidade para desencadear um caos na Argentina caso o candidato peronista Alberto Fernández não tivesse sido eleito.

O chefe interino da diplomacia americana para a América Latina, Michael Kozak, garantiu que os EUA identificaram mensagens nas redes sociais para estimular as manifestações no Chile provenientes de “perfis falsos” gerados na Rússia, difundiu MSN Notícias.


Vitaly Bespalov ex-empregado da "fábrica de trolls" conta como funcionava antes de mudar de endereço





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